sábado, 14 de janeiro de 2017

A propósito do 4.º Congresso dos Jornalistas



'O eterno Retorno do Fascismo'


"Nos Países Baixos, Geert Wilders e o seu Partido da Liberdade são os protótipos do fascismo contemporâneo e, enquanto tal, não são senão as consequências políticas lógicas de uma sociedade pela qual todos somos responsáveis. O fascismo contemporâneo resulta, mais uma vez, de partidos políticos que renunciaram à sua tradição intelectual, de intelectuais que cultivaram um niilismo complacente, de universidades que já não são dignas desse nome, da ganância do mundo de negócios e de mass media que preferem ser ventríloquos do público em vez de seu espelho crítico. São estas as elites corrompidas que alimentam o vazio espiritual, contribuindo para uma nova expansão do fascismo."

Este texto foi escrito pelo filósofo holandês Rob Riemen. E eu peço vivamente aos Leitores do Fénix que leiam 'O Eterno Retorno do Fascismo' (Bizâncio), ensaio de Riemen de onde extraí o parágrafo acima.
Muita coisa mudou desde que no início dos anos 70 fugíamos pelas ruas de Lisboa e nos furtávamos sob as mesas da Faculdade às bastonadas dos gorilas de choque - muito mudou até ao pós-25 de Abril e até à sociedade niilista dos dias de hoje. As carreiras profissionais passaram a valer exclusivamente pelo seu rendimento depositado no banco, em detrimento dos valores culturais. Atalhando caminho, o tempo revela-se cada vez mais favorável aos populistas catapultados pelas massas manipuladas, e o jornalismo não escapa à onda materialista. Portugal viaja na descida vertiginosa para o colapso político e cultural - e no entanto já vamos no 4.º Congresso de Jornalistas. Então, congressos para quê? Para reflexão e auto-crítica, pelo menos. 
Entre os temas em debate no S. Jorge, que bom seria ver um que servisse de incentivo à luta para aniquilar o jornalismo kitsch que anestesia perigosamente os povos, que afaga e enche a barriga mas a troco do retorno de ismos indesejáveis. 
- Manter o mote do congresso 'Afirmar o Jornalismo', mas com ganas e sem perder de vista os valores culturais que nos podem salvar de ser números e eleitores descartáveis pelos populistas que espreitam o poder. Potenciais fascistas apregoando-se cinicamente democratas e lutadores pela liberdade. Hitler e Mussolini foram eleitos 'democraticamente' e mandaram em tudo o que havia para mandar. Com a imprensa e a rádio na mão.

PS - Um Leitor do Fénix informou que o livro citado está na net. Fomos em busca do link. Aí está. A não perder. 
http://www.atlasdasaude.pt/sites/default/files/ficheiros_anexos/fascismo.pdf

3 comentários:

  1. Um dos melhores livros que li até hoje. Eu comprei na Bertrand mas está disponível na Internet em formato PDF. Recomendo vivamente!

    ResponderEliminar
  2. Que lufada de ar fresco, muito obrigada pelo Link do PDF. É extremamente interessante.

    ResponderEliminar