DEPOIS DE MIM, O DILÚVIO
Gaudêncio Figueira
Esta é uma frase atribuída a Luís XV, o Bem Amado, Rei de França. Sua Alteza sucedeu a Luís XIV, o Rei Sol, seu bisavô. Com a vetusta idade de 12 anos foi coroado em Reims.
Adolescente a governar não dá bom resultado. Uma de duas pode acontecer. São irresponsáveis, não assumem os seus actos; os adultos manipulam-nos. Na menoridade, Sua Alteza contou com a dedicação de várias pessoas. Durante oito anos o Duque de Orleães assumiu a condução dos negócios do Estado, e ao atear fogo nas relações com o Parlamento, pré-anunciava a Revolução.
Acrescia a isto a adopção de leis inspiradas no pensamento do Escocês John Law, que levariam ao colapso económico da França. Esta bomba, igual a muitas outras que a História, mais tarde, registaria, tinha dispositivo retardador. Explodiu já com Sua Alteza no exercício pleno dos seus poderes, tendo levado à demissão do Duque de Bourbon.
Entre 1726 e 1743, os negócios de Estado estiveram entregues ao Cardeal Fleury. Foi o período de ouro do reinado de Luís XV, mas as guerras prosseguiam entre as famílias aristocráticas Europeias, a que se juntavam as divisões Religiosas. O reinado de Luís XV não pode ser separado da figura de Madame Pompadour. A pujança da Cultura Francesa daquela época ficou a dever-lhe muito. Amiga e confidente do Rei, nascida na burguesia endinheirada, conquistou inimizades na aristocracia. Durante o reinado de Luís XV as fronteiras Francesas nunca foram violadas, mas o monarca coleccionou várias derrotas externas que endividaram a França. Entristecido pelas derrotas, a que se juntavam as dificuldades internas nas disputas com o Parlamento, el-Rei, ou a sua amiga Madame Pompadour, terá proferido a célebre frase: “Depois de mim, o dilúvio”. À época associou-se-lhe a lenda dos quatro gatos. Um deles, magro e faminto, representava o povo – hoje, quando os Súbditos de outrora já são Cidadãos, um candidato a rei absolutista, chamaria de “patas rapadas” – vítima de todas as arbitrariedades. Um gato gordo, gerado no descalabro das leis inspiradas em John Law, simbolizava os financistas, onde se encontrava a família da Madame Pompadour que, algumas vezes, ocorreu às aflições das finanças públicas francesas. Um outro gato, possuindo apenas um olho, era o Governo. No topo tínhamos um gato cego que era el-Rei. Engalfinharam-se os quatros gatos, e o dilúvio aconteceu mesmo. Uma valente vassourada na aristocracia Europeia, protagonizada pela Rev. Francesa, mudou o Mundo.
Luís XV acreditava no poder de matriz aristocrática. Nunca lhe passaria pela cabeça, apesar das intrigas da corte, ainda por cima potenciadas pelas relações entre “primos” e “primas” por essa Europa fora, desacreditar publicamente os seus. Manter-se-ia fiel à imagem emanada da estátua equestre, comemorativa da vitória na Guerra da Sucessão Austríaca, mantendo os interesses de grupo. As disputas com o Parlamento eram as dores de parto daquilo que aí vinha, e que determinaria a mudança dos Súbditos em Cidadãos.
Duzentos e poucos anos, muitos milhões de mortos depois, estamos novamente numa encruzilhada. Pairam, sobre todos nós, umas criaturas com tanto de estranho como de sinistro, umas, dando a cara, outras, escondidas, mas todas elas procurando perverter os ganhos que a Humanidade conquistou neste dois sécs.
Os actuais candidatos a reis absolutistas, com as suas palavrinhas mansas de assassinos da voz meiga, em livros, TV, Jornais e redes sociais, procuram branquear a imagem de imbecilidade que carregam. O exercício do poder durante decénios acabou em fome e desemprego? Tudo isso, julgam os candidatos a reis absolutos, se ultrapassa com doses maciças de propaganda. Tem a palavra o Povo, lá irá escolher entre ser Cidadão ou Súbdito.
Se o ilustre articulista pretendia como e seu timbre habitual dar uma ferroada no Alberto João falhou o tiro porquanto se constata que a renovação que se lhe seguiu é de facto um dilúvio um dilúvio que rebentou um partido coeso um dilúvio que rebentou um governo funcionante e um dilúvio de frustração das expectativas de quem nela acreditou. As vezes e melhor estar calado e contar histórias da história para boi adormecer só
ResponderEliminarEste senhor vive das acima ditas ferroadas ao Dr AJJ. Este texto só me mais impulso ainda, para comprar o livro.
ResponderEliminarVictor Garces
Acabei de comprar o livro também.
ResponderEliminarEspinha difícil de digerir, pois foi um incompetente que o AJJ despachou...logo....
ResponderEliminarA estratégia montada pelo Passos Coelho para derrubar o Alberto joão foi chão que deu uvas já não pega nao só porque esse palhaço a nível nacional agora está a falar sozinho depois do fiasco que foi a sua governação como os seus discípulos na Madeira são um fiasco ainda pior de modo que sr articulista desista porque o congresso de dezembro depois do funeral da Mata Hari vai por esta Malta no olho da rua a bem da região
ResponderEliminarCaro Dr. Gaudêncio,
ResponderEliminarOs comentários acima, confirmam aquilo que há muito me ensinaram: a ignorância é impertinente.
Essa é uma verdade insofismável. Mas também com o ensino que hoje existe, não admira muito.
Comprem o livro depressa, mas não se esqueçam de ver e ouvir a história de vida do Sr. Cónego Damasceno.
ResponderEliminarNão sei como a censura deixou passar aquilo na RTP-Bananeira. Vão lá depressa ver a gravação pois já passaram uns dias. Depois é só compararem com o livro e elegerem o rei das mentiras que também já foi do insulto.
Anónimo das 08:43
ResponderEliminarDe acordo. As verdades por vezes magoam. Mas também revelam quem enfiou o barrete...
Ao anónimo das 08:43 eu diria que não é ignorância.
ResponderEliminarÉ, pelo contrário, saber muito. Ele(s) anónimo(s) fazem parte das "milícias do teclado" - versão pacífica das milícias do Maduro e do "mijinhas" de má memória - que se degeneram, teremos tiros, teremos.
É uma pena estes iluminados, nunca terem governado a região. Fazem lembrar ( transportando para o futebol), aqueles comentadores, que tudo sabem da modalidade, mas nunca chegam a treinadores.
ResponderEliminarVictor Garces
Anónimo das 13:08
ResponderEliminar"terem governado a região"?
Mas alguém a governou? Quando muito, desgovernou.
Julgo que o cavalheiro devia dedicar se a outra actividade que está já não pega reflicta sobre o poder actual deixe lá as espinhas na garganta do passado ou não lhe convém? E seguramente mais importante analisar o presente que o passado e depois deixe se de subtilezas históricas completamente anacrônicas e destituídas de sentido vai comparar o AJ ao rei sol? Tenha juízo ou n percebe pevas de história. Deixo lhe um bom exercício intelectual compare AJJ ao passos coelho vai dar um artigo interessante
ResponderEliminarEste artigo lido de uma forma que o autor não quer encaixa que nem uma luva no sucessor de AJJ
ResponderEliminarFalou o grande executivo Victor Garces, experiente na governação, com intervenção nas mais complexas negociações internacionais.
ResponderEliminarÉ isso ficamos a saber quem são os cobardes que enfiam o barrete. É desta farinha que Maduro faz milícias aramadas e o Hitler SS.
ResponderEliminarNão se acautelem, não!
Eu cá não compro o livro, vou esperar pela versão cinematográfica.
ResponderEliminarTem potencial para ser uma obra prima trágico-comédia.
A versão cinematográfica com aquela pronúncia forçada de vilão, deve ser um mimo.
ResponderEliminarO anónimo das 14:13 tem alguma razão. O autor do texto poderia dedicar-se à análise do poder actual, mas isso não valeria a pena.
ResponderEliminarMiguel Albuquerque é o Marcelo Caetano de Alberto João falar de um ou de outro é a mesma coisa.
Talvez a diferença esteja na inauguração do acesso ao Estreito de Câmara de Lobos que o Alberto faria a 26 pela fobia que tinha ao 25 de Abril.
Vc esta a ofender o Marcelo Caetano e o AJJ já viu alguma decisão do cavalheiro em questão? Uma?
EliminarAgora se disser que ele é um sósia versão tosca do passos coelho ai já estamos mais de acordo tal como o outro não vale nada como político nem como governante as pessoas votaram numa imagem sem conteúdo
EliminarÉ uma manobra de diversão já gasta em vez de falar do presente fala se do passado tb estudou acção psicológica na tropa? Lol
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