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domingo, 8 de abril de 2012

Cultura, Culturas



TELEVISÃO DA MADEIRA: OS TRABALHADORES ABANDONADOS OU A SALVAM OU FAZEM CORO NA 'MORTE ASSISTIDA'





O tempo vai passando e o Centro Regional da Madeira da RTP a desaparecer devagar, de mansinho, sem ninguém dar por isso. Sim, porque, fora os dislates do 'rei das Angústias' a fazer recordar vagamente que existe uma televisão na Levada do Cavalo, poucas referências se ouvem sobre o que dali vai saindo como produto de televisão.
O chefe do desgoverno, também ele em vias de extinção, andou décadas a brigar com o 'Diário de Notícias', e ainda mantém a estratégia. Só que aí bateu num ferro de fundição difícil, pelo que, nos últimos tempos, apontou para um mais adequado bode expiatório que lhe permita fazer-se notado. O rei precisa de aparecer todos os dias à vista de todos. É um caso desesperado de vida ou de morte. Ora, ver-se de um momento a outro reduzido a inaugurador de 'recuperações de caminhos pedonais' deve ser bem ingrato para quem presidiu às megalómanas obras sócio-desenvolvimentistas da Madeira Nova. Que, por sinal, se encontram quase todas fechadas, hoje.
O 'quase ex-chefe de desgoverno', na precisão irresistível de dizer alguma coisa, transmite ao seu 'diário de bordo', o JM, para reprodução pública, que "a RTP é um acordo de regime entre os partidos da situação". Ou seja: a seu ver, a televisão só não resulta de cozinhados partidários quando, na hora de decidir, tudo é feito como ele entende. Ou seja: jornal a sério era o JM quando ele, 'rei das Angústias', era simultaneamente director do dito e líder do PPD-Madeira. Esse é que era um órgão a sério, isento, que não resultava cá de "acordos de regime entre os partidos da situação". Resultava de acordos era entre o partido da situação e o bispo da situação, que era D. Francisco, precursor de dignos sucessores como D. Teodoro e D. António. Cada um deles com posteriores acordos com o "partido do regime".


A decisão da 'janela' foi tomada cá!



Fora os ataques delirantes do 'quase ex-chefe do desgoverno' (ainda não engendrei outra maneira de me referir a esta complexa situação), a RTP-Madeira infelizmente quase não existe. Os restos desaparecem devagarinho. Uma morte assistida por Relvas, Guilherme Costa e mais crânios que lá no Continente protestam contra a existência de televisões públicas nas ilhas atlânticas quando elas não existem em Trás-os-Montes ou nos Algarves. Mas, pior, uma morte a pedido dos chefes locais da estação mal-amada. Ora essa!
De facto, vimos num comunicado da subcomissão de trabalhadores dos Açores uma informação do então director Pedro Bicudo - que não saiu há muito do cargo - segundo a qual informação a 'janela' aventada pelo ministro dos Assuntos Parlamentares Miguel Relvas foi aplicada no Funchal como "resultado de uma opção da própria RTP-Madeira". E esta versão a explicar o corte para 4 horas diárias da emissão madeirense não foi desmentida pela Direcção da RTP-M. Nem sequer perante a subcomissão de trabalhadores local, ao que sabemos.
Aliás, segundo corre nos bastidores da estação madeirense, a Direcção diz admitir propostas dos trabalhadores tendentes à retoma da emissão alargada. O que significa ser impróprio despachar para Lisboa todas as responsaboilidades pela redução de horário de emissão.
De facto, que interesse teria o CA da RTP quanto ao número de horas de emissão aqui ou ali? O que nas cúpulas querem é resultados - não editoriais, mas em números, à boa maneira do "merceeiro" Almerindo, como chamavam internamente ao antigo presidente da RTP, que só não vendeu mais património porque não havia.


Fora com os preconceitos


Com os directores - são dois, aí há farturinha - sem problemas de maior perante o esvaimento do centro, o futuro deste está nas mãos dos trabalhadores. Se esperam luzes de Lisboa, acabam encegueirados. Se recorrem às cúpulas locais, ouvem rezar o terço num velório anunciado. Resta-lhes mexer-se, unidos e deixando para trás divergências sem influência no diâmetro da Terra. É hora de exigirem a oportunidade para fazer uma televisão regional, e uma boa televisão regional, como a Madeira precisa. A Madeira precisa de uma boa televisão. E uma boa televisão não visa o lucro, em nenhuma parte do mundo. Chega de os trogloditas do costume argumentarem com números da despesa para prorrogarem este obscurantismo de 36 anos de Madeira Nova.
Contra o 'fade out' da nossa televisão, marchar! E o povo madeirense que, por uma vez na vida subserviente, deixe trabalhar a sua própria cabeça sem preconceitos nem tutelas do pensamento.


2 comentários:

Deep Throat disse...

Alinhamento do Telejornal da RTP-Madeira de hoje (08-04-2012):

- Cerimónia religiosa da Páscoa na Sé do Funchal.
- Cerimónia religiosa da Páscoa no Vaticano (peça da RTP de Lisboa).
- O comércio da cidade do Funchal fechado no Domingo de Páscoa.
- Jogos do pião nos Canhas e Ponta do Pargo (tradições pascais).
- Números da produção de amêndoas (tradições pascais).
- Nutricionistas alertam para consumo excessivo de chocolates e doces na Páscoa.
- LREC tem projecto para monitorizar deslizamentos de terra.
- Produção de banana está a aumentar.
- Associação de Deficientes juntou 11 toneladas de tampinhas.
- FunchalMusicFest vai ajudar Fundação do Gil.
- Governo prolonga período de caça ao coelho.
- Grupo Pestana tem 8 hotéis candidatos aos World Travel Awards
- Uma mulher numa barbearia em S. Martinho.
- Página desportiva (Marítimo-Nacional, entrevista a jogador do dérbi, 8.º torneio de golfe da Páscoa no Porto Santo)
- Associação Xarabanda comemora 30 anos.
- Previsão meteorológica.

Comentário: o bloco noticioso está assente em quatro pilares - Religião, Tradição, Agricultura e Desporto. Mutatis mutandis, é Fado, Futebol e Fátima, um alinhamento que certamente encheria de orgulho o senhor de Santa Comba Dão. Quem precisaria de comissão de exame prévio com jornalistas desta linhagem? Por isso, o senhor ministro Miguel Relvas tem razão. É fechar a RTP-Madeira e rapidinho que aquilo custa muito, a ver e a pagar!

Luís Calisto disse...

Realmente, nem Luís Miguel de Sousa precisa de perder tempo na tal 'comissão de acompanhamento', ou coisa parecida. O alinhamento em apreço é mais papismo do que o papado e dispensa policiamento. Rejubila freneticamente o das Botas no cemitério do Vimieiro, com efeito. Mas conheço os jornalistas da RTP-M e quero crer que as ordens dimanam de outro 'departamento' que não o da Informação.
O alinhamento reproduzido neste irrebatível comentário daria um excelente sketch para os Gato. E cada vez se torna mais difícil dizer que ministro Relvas não tem razões para fechar a nossa televisão.