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sexta-feira, 13 de março de 2015

Delírios do Funchal



ALGUÉM SABE O NOME DO INGLÊS 
QUE MOSTROU AOS FUNCHALENSES 
O PRIMEIRO CANDEEIRO A PETRÓLEO?

Anda por aí uma algazarra por terem dado à Rotunda da Pontinha o nome do mr. Foster - um senhor bem vestido, de chapéu e sapatos. Achamos o chinfrim com tanta razão de ser que também nos vamos meter ao barulho. 


Mr. Foster
H. P. Freitas
Mr. Foster cometeu a proeza de acelerar uma carripana pela primeira vez no Funchal. Haviam de ver o que H. P. Freitas fez com o seu carro debaixo de fogo alemão, ali onde homenagearam agora o 'acelera' inglês




Muitas desculpas pedimos aos netos de mr. Harvey Foster que vieram de propósito à Madeira, ao presidente da Câmara Paulo Cafôfo, a Eduardo Jesus, que escreveu um livro sobre o tema, e a quem mais estiver envolvido na empreitada que dedicou a rotunda da Pontinha, com direito a pequeno monumento, à passagem do primeiro automóvel pela Madeira, em 1904. Ou melhor, ao dono e chaufer desse calhambeque.
O assunto é interessante, por evocar aqueles dias em que alguns funchalenses viram pela primeira vez uma unidade de viação acelerada evoluir pelas ensebedas (do sebo das corsas) e escabrosas ruas da cidade. E fica-se por aí. Dizer, como disse Cafôfo, que a passagem do veículo por cá foi um primeiro passo para romper o isolamento da Madeira não parece fazer sentido nenhum. Tão estranho como afirmar que as passeatas do sr. Harvey e digníssima esposa entre os carros-de-bois representam o dealbar do desenvolvimento da Madeira.
Sejamos contidos, senhores! Se não desembarcassem aqui esse 'bólide', em poucas semanas ou meses outros estariam cá. Quem andar a leste do assunto julgará que o tal sujeito mr. Harvey chegou à ilhota e montou uma fábrica de automóveis em linha.
Já não chegava ouvirmos martelar que a 'Madeira Nova' foi a razão do desenvolvimento da Região. Querem insinuar que, não fora o esquema laranja dominante em 40 anos, ainda viajaríamos de rede ou nalguma réplica mal-amanhada do carro que passou por cá em 1904.
Lemos que, por aqueles dias, a mesma carripana viajou pelas estradas da Madeira. Quais estradas? Nessa altura, um caminho de cabras onde coubesse um pequeno carro de pau para levar comida às vacas constituiria progresso assinalável para os camponeses da zona. Andámos 100 anos para fazer chegar a porcaria da marginal até Câmara de Lobos, porque Lisboa nos levava as receitas todas para o erário deles e nos negava imperialmente a mais ínfima reivindicação de obra.
Longe de nós insinuarmos que a Câmara se abalançou a esta iniciativa de celebrar mr. Foster pelo prazer de aborrecer quem conhece um bocado de história da explorada Madeira. Tomamos o caso por uma espécie de 'ânimo leve'.
Mas... 'Praça mr. Harvey Foster'? Por quem sois!
Antes de homenagear o gentleman que passou aí com a sua carripana e pôs a misteriosa coisa a locomover-se sem ser puxada pelos bois, quantas homenagens não estarão por fazer, senhores?
Assim de repente, e se mandássemos, metíamos lá o nome de Humberto Passos Freitas. Com estátua, sim senhor. Esse madeirense rebelde foi uma das figuras mais carismáticas do mar madeirense. Naquelas águas mesmo à frente da nova 'Rotunda mr. Foster', andou ele a socorrer náufragos atingidos pelos submarinos alemães na I Guerra - bombardeamentos em 1916 e 1917. Cometeu actos heróicos indesmentíveis que a Cruz Vermelha tem devidamente anotados nos seus relatórios. Colocou o seu automóvel - esse sim, um carro com significação - ao serviço do transporte, sempre debaixo do fogo alemão, de munições do Forte de Santiago e do Ilhéu para o posto fortificado da Quinta Vigia (a cavaleiro da praça que agora tem nome de estrangeiro), onde se ensaiava tímida reacção ao ataque dos submarinos. 
Humberto Passos Freitas era um madeirense de mente aberta, mas fanaticamente defensor da sua terra. O seu herói era o Marquês do Funchal, personagem que não se encolheu perante o poderio militar estrangeiro durante a ocupação da Madeira pelos britânicos, nos 1800 e tantos, inclusivamente correndo-os daqui para fora... "a bem", como ironizava mais tarde, já no século XX, Humberto Passos Freitas.
Humberto, "genuíno português madeirense"; monárquico já em tempo de república, mas com a Madeira sempre acima de regimes e ideologias; lutador como seus coevos pela construção de um porto de abrigo na baía funchalense; figadal inimigo da colónia inglesa incrustada na Madeira; Humberto escreveu que não gostaria de morrer sem ver erguida uma estátua ao valente e descomplexado Domingos António de Sousa Coutinho, 1.º Marquês do Funchal, o anti-ocupação britânica. Mas Humberto morreu sem que tal homenagem acontecesse. Desapareceu muito cedo da vida, quando as vagas bravias de sudoeste espatifaram o seu Phyzalia contra o calhau entre o cais e São Lázaro, era 15 de Dezembro de 1926, dia de tremendo desastre marítimo. Morreram ele e a tripulação quase toda do iate, porque Lisboa continuava sem ceder parte do nosso próprio dinheiro para se fazer o raio de um porto de abrigo no Funchal. 
Se consultados antes da homenagem de ontem, os nossos historiadores poderiam lembrar-se do insubmisso Humberto dos Passos Freitas. Olhem, o comandante Passos Gouveia. Ou, quem sabe, o Coronel Ernesto Machado, um dos símbolos da defesa militar que manteve a frota fascista de Salazar a léguas da costa durante cerca de um mês, em 1931.
São nomes que nos ocorrem de repente, mas aí estão os entendidos na matéria para apresentarem tantos outros.
Quanto a mr. Foster, não acreditamos que tenha uma rotunda com o seu nome em todas as terras onde passou com a sua máquina na circumnavegação turística de 1904.
Esperemos que em próximas situações que proporcionem homenagens não vão ao ponto de escarafunchar para descobrir quem primeiro chegou com um rádio ou um telefone à Madeira. Ou com uma lambreta, sr. presidente.

18 comentários:

Miss Take disse...

Bem... que lição do história e sensatez, parabéns!

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Totalmente de acordo. Oportuno e contundente.
Os meus parabéns.

Anónimo disse...

Proponho que se homenageie o "arquitecto" da mudança, dando o nome dele à ETAR junto ao teleférico. Graças ao seu grandioso serviço, aquela ETAR tem "material" para laborar anos seguidos sem parar! Já agora podemos dar o nome do artista do PAN à estação elevatória da Praia Formosa, onde o homem fez uma das suas primeiras acções como deputado, antes de se eclipsar numa meditação de yoga...

Anónimo disse...

A culpa é do Calisto que fez campanha pelo Cafofo

Anónimo disse...

Mais uma pândega monumental com a chancela do Cafofo da Mudança.
Descobriu o Sr. Foster do primeiro calhambeque que aportou à ilha. E sem discutir com as demais forças municipais, toca a endereçar convites para a a ideia/acto consumado. Fica mais uma placa toponómica para perpetuar o triste legado do Cafofo da Mudança. O homem é bom a descerrar placas, em obra dos outros.
O cosmopolitismo naqueles horizontes largos do Sr. Cafofo, lembram o francesismo tacanho e saloio que tão bem retrata Eça de Queirós, no Portugal do século XIX.

Anónimo disse...

Cafofo no seu melhor.
Como não consegue fazer nada de positivo , vai de procurar armar-se em vitima e dá o nome ( discutível ) a um sitio que não lhe pertence.
aliás durante este mandato só fez duas coisas , reinaugurar a cota 40 e agora a rotunda do porto.
será que o Iglesias não consegue pensar mais nada .

Anónimo disse...

Parabéns você é Jornalista. Um abraço

Anónimo disse...

...Governo de AJJ avança com providência cautelar contra CMF de Cafofo por considerar que não tem jurisdição nesta rotunda ... Eduardo Jesus tido como futuro Secretário dum governo MFA "faz a festa" com o lançamento dum livro.
Antevê-se pela lógica a retirada desta providência cautelar!!!

Anónimo disse...

Caro Luís Calisto, cheguei a temer por uma demência colectiva; afinal não, você estava atento. Só posso classificar de ridicularia a atribuição de uma homenagem tão visível e em tão importante local - afinal trata-se da "porta da cidade" - a um forasteiro que se limitou, ainda que bem, a disfrutar da sua fortuna junto dos indígenas. Sinal dos tempos com certeza, agravado pela responsabilidade acrescida do Dr. Cafofo ser licenciado em história. Leviano será o mínimo adjetivo, para já não dizer provincianismo de "nouveles riches" sem noção da pequenez que nos persiste em assolar. Agora, além do chapéu na mão junto à porta da cozinha, vergam-se de "avental, martelo e compasso" para o que der e vier. Lamentável!

Anónimo disse...

Caro Calisto, apesar de ter alguma razão neste desabafo, quero-lhe recordar que muito deste ruído de fundo prende-se com a suposta "encomenda" da toponimia desta simpática rotunda a outro "arquitecto", o tal dos 30 e tal anos à frente do "Povo Superior".
E para completar o ramalhete, uma estátua, desde que o JM consiga o financiamento.

Anónimo disse...

Falta a grande inauguração do Cafofo , aquela mesmo ali em pátio da Assembleia Regional , Vamos lá fofo , vá lá faz asneirinha , faz. depois dizes que a culpa é dos outros que não te deixam trabalhar e mandar.
Irra correste a Filipa e o Gil e não consegues mandar?

Anónimo disse...

Só grandes egos: o Cafofo que pensa ser politico, o Jesus que pensa ser escritor/historiador!

Anónimo disse...

excelente artigo! quanto à homenagem do Mr. Foster: mais uma cafofada!

Anónimo disse...

será que no Documento Estratégico para o Turismo Regional encomendado pela ACIF à KMG e recentemente apresentado com pompa e circunstância é proposto o nome de Foster para esta rotunda? ...será que a partir de agora aterrarão milhares de "charter" com milhares de britânicos? ...pode ser ideia "copiada" de quem pensou contratar um jogador chinês para atrair milhares de chineses vindos em milhares de charter ...

Anónimo disse...





Excelente..O Cafofo tem sangue de escravo, é masoquista.só porque AJJ não gosta de britanicos ,toca a homenagear ingleses...Os maiores colonizadores da Madeira...Será que ele vai comprar a carripana para expor no museu...Tá na moda espatifar o nosso dinheiro em coisa de somenos importancia...Um é jantares o outro è cacos velhos...e quem fiscaliza é cego ou não quer ver: RB , é uma alegria em casa de tesos e falidos!!!!!!!

Anónimo disse...

Proxima medida da Cafofolândia: mudar o nome da Rotunda do Infante para o dono do primeiro micro-ondas da Madeira!!

Anónimo disse...

o anonimo diz para comprar a carripana do Foster , já não dá o Eduardo Jesus andou atras dela para comprar mais soube que tinha sido desmantelada

Eu não sou contra a escultura e a homenagem mais sou contra o dar o nome de uma das entradas da Madeira a ele

Anónimo disse...

Agora está IN dar-se nomes estrangeiros às ruas e rotundas na Madeira. Melhor seria que se lembrassem que alí junto ao Museu CR7 lhe dessem o nome dele pois, é esse precisamente que leva o nome da Madeira ao Mundo. Arranjam toponimia cujos nomes têm de entrar no vocabulário do Madeirense. Irra.