Alta Política
Decepcionante. O debate promovido pelo JM entre Calado e Gouveia não podia ter corrido pior a dois políticos de quem fundamentadamente os eleitores aguardam um safanão político-partidário, não apenas no Funchal mas ao nível regional.
Que diabo reteve o pobre do ouvinte daquilo que disseram o presidente actual e o seu challenger? Por mais que os condutores do recontro tentassem carrilar pelo caminho da novidade, a diatribe arrastou-se pegajosamente num estilo retórico mais do que gasto nestas décadas de política regional.
Como os seus camaradas de coligação, Miguel Gouveia costuma acusar o poder laranja de justificar as suas insuficiências com ataques ao governo socialista de Lisboa. Quando atacado ele por um social-democrata, como aconteceu do princípio ao fim do pastoso tempo de debate, eis o prometedor edil a sacudir a água do capote para culpar o PSD de tudo o que mexe.
E Pedro Calado a reagir como um perfeito espelho: o tempo de Cafofo (e Miguel, e Miguel) é que estragou o estupendo trabalho feito pelos anteriores autarcas da laranja funchalense.
É inevitável que Miguel Gouveia claudique assim que lhe atiram com as borradas do seu antecessor. Ele não pode defender o indefensável. Por exemplo, do triste episódio da reabertura do Lido, mais erro menos erro nas datas e na paternidade do início das obras, o que ficou foi aquele maluco lettering a dizer que foi Cafofo a criar uma praia nascida nos anos 30.
E como explicar, em directo, a pouca-vergonha do que se fez até há bem pouco tempo com a Frente-Mar?! Como explicar o albergue espanhol para tachistas que aguardavam há muitos anos a sua vez de chupar orçamento? Uma vergonha ética para lá das ilegalidades subjacentes, com acusações da criação de cargos pagos a quem não trabalha na dita-cuja frente.
Miguel Gouveia lá vai repetindo que quem primeiro transgrediu foi um quadro laranja condenado pela forma como geriu a Frente-Mar. Isso é verdade, mas as pessoas vêem que uma coisa é o comportamento de uma câmara e outra o de um elemento a funcionar individualmente. O eleitorado português não deixou de levar o PS para o poder não obstante o espaventoso caso Sócrates.
Assim como Pedro Calado sairia mais simpático da refrega se não utilizasse sistematicamente a expressão Cafofo-Gouveia nas suas apreciações críticas ao município do Funchal desde 2013. O candidato da Rua dos Netos explora o ensejo de poder bater atribuindo ao rival culpas que sabe não lhe caber, abusando da circunstância de eticamente o candidato Gouveia não poder descartar culpas que pertencem ao chefe de um partido que o apoia eleitoralmente.
Não é bonito.
Bolas, o edil actual mexeu na Frente-Mar e na SocioHabitaFunchal, não?
Miguel Gouveia até poderia pagar na mesma moeda, rebuscando protagonismos de Miguel Albuquerque, antigo mayor, que seriam embaraçosos para Calado. E não utilizou esse recurso, praticamente.
O mais preocupante do debate que decorreu nas instalações da RJM foi a ausência de ideias que julgávamos na posse de um e de outro. As qualidades e a experiência de ambos prometiam mais, muito mais. Só que eles não conseguiram sair da mediocridade geral. O que se ouve por estes dias não é diferente da política em tempo normal. Troca de acusações de manhã à noite. Projectos, nada.
A gente continua, pois, a pensar que Miguel Gouveia e Pedro Calado são capazes de melhor. É impossível não aparecerem daqui até ao dia 26 com um discurso virado para o futuro, mais ou menos rico em propostas inovadoras, que nos arranquem deste RAM-RAM crónico cercado de mar por todos os lados e mais um.
Afinal, que mais disseram os concorrentes?
Poupem-me.
Digamos que o debate foi conclusivo. Concluiu-se que os dois principais candidatos estão condicionados aos maus hábitos do passado. E concluiu-se também que ambos continuam incapazes de descolar no arejamento das políticas autárquicas, o que os conserva colados no empate que, em média, as sondagens têm mostrado.
Fica no ar a hipótese, ganhe quem ganhar, de reencontrarmos estes candidatos a disputar eleições num plano superior.
É uma esperança.
Mas, pelas amostras, já não sabemos se isso seria bom sinal.
PS - O mais dramático é que cada vez estamos mais condicionados pelo vampirismo das duas correntes nucleares. As tradicionais minorias partidárias foram engolidas nos jogos leoninos que fazem as delícias da populaça tabanqueira. Bom proveito.
Cada qual, caso ganhe as eleições, comerá no seu gamelão.
ResponderEliminarNunca vi tanta promessa
Afinal ainda há reserva de ouro nas ilhotas Portuguesas
O que faz AJJ atrás do calado e daquela corte de CDS?
ResponderEliminarFizeram-lhe o catatau...
Agora em vez de chamarem por Santa Bárbara lembraram-se do AJJ.
Deixe-os andar no terreno sem a sua moleta, é uma forma de mostrarem o seu valor
Se caírem, paciência
Há muito inhame para plantar em Santana, o barrete já tem a sua vidinha feita
O pimentinha que volte a Sr, Pastilha
Maldita classe política que quando acabam um mandado jamais voltam à sua profissão. Há sempre um cargo para um graxoso, nem que seja guardiã da sanita presidencial