O MINISTRO RELVAS, O DEPUTADO SERRÃO E A RTP-MADEIRA

No fundo, estava ali um aparelhista, Miguel Relvas, a tentar borrifar de jactância 'broquilha', como se diz no Porto da Cruz, um político actualmente deputado no parlamento português depois de eleito pela Madeira, como referiu o próprio Serrão. A que, sempre altaneiro, insolente e com discurso de varina da Ribeira, Relvas respondeu não querer subestemimar Serrão, mas "injectá-lo de esperança".
O tema versava TDT e televisão. E o ministro, no meio da boçalidade que se lhe conhece, concluiu que a RTP está nos píncaros da qualidade e que, como ministro dos Assuntos Parlamentares, está em completa sintonia com a administração da estação pública.
Nos píncaros... do abismo
Pois então se está, pouco percebe do tema. Porque por exemplo a RTP-Madeira pode estar nos píncaros, mas nos píncaros do abismo, prestes a desabar com estrondo pela perdição abaixo.
Basta lembrar o sistema totalmente politizado e partidarizado, com jogos de famílias pelo meio, que os administradores de Lisboa, por via do célebre Marquitos, atrelaram ao Centro Regional da Levada do Cavalo. Aquela comissão de acompanhamento ou como raio se chama, da presidência de Luís Miguel de Sousa, constitui uma preciosidade a figurar na história da televisão na Madeira - e não apenas.
E que a RTP se recomenda, diz o tal ministro... Basta dizer a televisão em 'part time' que se faz na Madeira. O aparelhismo em que vive sequestrada: os profissionais de qualidade escorraçados dos postos de chefia e do ecran, por necessidade de eliminar a concorrência para os cargos, macabro expediente em que se vislumbra já o esboçar de perseguições políticas a investigar rapidamente; quatro horas de emissão à base da 'Madeira sentada', a começar por um programa espojado, passando a um telejornal acocorado, depois um programa também sentado mas que, aí sim, aparecem temas que o povo devia ouvir, sejam os de índole parlamentar seja o 'Dossier de Imprensa' (que melhoraria ainda mais se os comentadores analisassem os temas em debate de um ponto de vista eminentemente jornalístico, para não confundir com o 'Parlamento') - e finalmente, uma hora depois do fim do telejornal, repetição do dito-cujo pela casa do telespectador pagante dentro!


Sei que há políticos que dizem chegar a casa mais tarde e que lhes dá jeito ver o telejornal a essa hora. Passei pela RTP-M e tentaram vender-me essa bojarda. Tentaram, mas debalde, como é óbvio. O Nélio Gouveia, o Luís Miguel França - chefes da movimentada Informação dessa época - e os jornalistas mais antigos recordar-se-ão da situação.
A resposta da RTP-M foi: oh amigos, com as modernas facilidades para gravar programas de televisão em casa, parece impossível virem com essa sugestão. Se não têm quem lhes grave o TJ, homens de Deus, peçam ao gato ou ao papagaio, que hoje andam mais evoluídos. E, de caminho, vão dar ordens para os vossos partidos, para o governo e para a assembleia. Porque estamos aqui a falar de televisão!
Mas não se trata só do TJ repetido uma hora depois de ter terminado (para quem não vive na Madeira, juro que não estamos a fazer humor, esta repetição existe e há muito tempo). Já ouvi peças pela RDP que foram feitas para a televisão. Refiro-me ao desporto. A voz a dizer pela rádio que a equipa tal atacou pela esquerda, como estamos a ver pela imagem... Sim, na rádio! Falta de gente? Que gargalhada! RTP e RDP têm na Madeira, em conjunto, uns 35 profissionais na Informação. Deixem-nos trabalhar, senhores que têm a batura da Levada do Cavaco.
E é com essa gente toda nas duas redacções que se televêem noticiários na estação de cá vivendo à custa de peças gravadas dos noticiários de Lisboa. Isto é: o telespectador assiste a serviços na TV de lá e depois quando espera ver um noticiário de cá leva com 7, 8 e mais peças que já viu lá.
Isto é a tal televisão que se recomenda, sr. Relvas?
Alguns burocratas da televisão regional, depois de aceitarem calados que nem ratinhos, num assomo de traição ao jornalismo e à Madeira, esvaziar o Centro Regional para 4 horas diárias, estão a tentar assumir-se como coveiros da estação. Ficam bem vistos perante os patrões tratadores de números. Fazem-no sem um rebate de consciência. Com uma frieza de arrepiar. Por alguma razão os directores foram chamados incompetentes pela comissão de trabalhadores, que reunira com os colegas, e continuaram a vegetar pelos gabinetes e corredores da Levada do Cavalo (espero que a estação volte às Madalenas) como se nada tivessem ouvido. Quando ou se demitiam na manhã seguinte ou exigiam um esclarecimento integral da situação, diante dos trabalhadores. Por forma que a opinião pública ficasse consciente do que se passa.
Mas é a televisão que não temos.
Acção, trabalhadores da RTP-M!
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