PERCEBER O IMBRÓGLIO DO MOMENTO
SÓ MESMO COM DOCUMENTOS
Turbulência com alguma partidarite pelo meio
Maria João Monte vivia outra tranquilidade nos seus tempos de parlamentar. |
Relatámos há dias os graves acontecimentos registados no Porto Santo durante a reunião pública de câmara da semana passada. Pormenorizámos a fita que está em cena por estes dias, com Filipe Menezes e Roberto Silva na cabeça de cartaz, no papel de contendores irredutíveis. Sem esquecer a Sociedade de Desenvolvimento, com importante protagonismo.
Reenquadrando o tema numa palavra: o presidente da câmara foi convocado para uma assembleia geral (AG) para 9 de Janeiro; sem perda de tempo, exigiu acrescentar vários pontos à ordem do dia, que a SDPS terá aceite; depois, porém, o autarca não compareceu; e agora requer a nulidade das deliberações dessa AG, que considera ilegal em face da sua ausência. No último episódio, Filipe Menezes recusa-se a aceitar medidas de fundo tomadas nas costas da accionista Câmara do Porto Santo.
O caso já meteu alegadas ameaças e polícia. Pode até rumar ao tribunal. O problema é que, nos entretantos, perde o Porto Santo, e muito.
Dada a delicadeza de mais este pé-de-vento, com muito de partidário, e porque julgamos estarem os contendores todos interessados no progresso da sua ilha, publicamos a troca de correspondência entre as partes, para que o Leitor retire as suas ilações a partir de elementos concretos, e se ajude a ultrapassar o berbicacho.
Se acaso as nossas fontes ou os adversários no litígio entenderem que há outros documentos relevantes para se perceber toda a história, é só enviarem o material para cá.
E vamos aos documentos a que tivemos acesso.
Nota enviada pela presidência da Câmara à presidente do CA da SDPS, com data de 8 de Janeiro de 2015 - na sequência da convocatória recebida por Filipe Menezes para a assembleia geral da Sociedade de Desenvolvimento do dia 9
Assunto: Resposta ao V. ofício de convocatória de Assembleia Geral da S.D.P.S.
À: Exma. Senhora Presidente do Conselho de Administração da
Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo, SA,
Dr.ª Maria João Monte,
C/C: Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Geral da S.D.P.S.,
Na sequência da convocatória para a realização de uma assembleia geral da S.D.P.S., que deu entrada nos serviços camarários no passado dia 7 de Janeiro do corrente ano, incumbe-me o Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto Santo, de remeter a V. Exas., ao abrigo do disposto no art. 54º do Código das Sociedade Comerciais, os assuntos a incluir na ordem de trabalhos da Assembleia, atendendo a urgência que os mesmos reclamam, não descurando que são de relevante interesse municipal e societário.
Mais informa V. Exa., que o Presidente não comparecerá na referida Assembleia, caso V. Exas., decidam não incluir e não aprovar favoravelmente todos os pontos, melhor identificados no documento em anexo, uma vez que já decorreu muito tempo, sem que, todavia, se tenha encontrado uma resposta célere, adequada, proporcional e ajustada aos interesses públicos, aos interesses legalmente protegidos, e aos direitos do município.
Pelo que, terão de informar previa e oportunamente, por escrito, o executivo camarário de que estão asseguradas as condições ora expostas, para os legais efeitos tidos por convenientes.
Ainda em 8 de Janeiro, a presidente da SDPS, Maria João Monte, respondeu ao autarca nos seguintes termos:
Conforme anunciámos em peças anteriores, o presidente da Câmara não compareceu à reunião. Ausência que, a seu ver, e com argumentação também já exposta, invalidava todas as decisões tomadas em assembleia geral. Seguiu-se o envio de novo ofício, agora dirigido ao presidente da assembleia geral, Roberto Silva.
Ofício do presidente da assembleia geral da SDPS, Roberto Silva, enviado a 23 de Janeiro, em resposta ao presidente da Câmara
Assunto: Informações relativas à Assembleia Geral
da SDPS
Exmo. Senhor Presidente
Câmara Municipal do Porto Santo
Dr. Filipe Menezes de Oliveira
Encarrega-me o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Sociedade de
Desenvolvimento do Porto Santo, S.A. de enviar a V. Exa. uma cópia da Ata de
Reunião da AG, realizada no passado dia 9 de janeiro, conforme V. solicitação
efetuada através do ofício n.º 93, de 12.01.2015, rececionado nos serviços da
SDPS a 15.01.2015 , respondendo assim aos pontos 1.) e 2.) do mesmo.
Já relativamente ao ponto 3.) do referido ofício, é reiterado o já exposto
na comunicação efetuada pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral a
08.01.2015 de que se junta cópia.
Mais se acrescenta que igual posição foi assumida pelo Conselho de
Administração a coberto do ofício n.º CA-SAI/006/2015, de 08.01.2015, pelo que
os assuntos considerados pendentes por parte de V. Exa. só não foram discutidos
dada a não comparência de V. Exa. na referida reunião para a qual havia
sido solicitada a inclusão dos pontos na ordem do dia. Mantém-se assim a disponibilidade da Assembleia Geral para a discussão dos mesmos, em reunião de AG a agendar.
Teor da acta da famigerada assembleia geral:
Novo ofício em que o Dr. Filipe Menezes avisa estar indisponível para aceitar as
deliberações da AG, por padecerem de vício de nulidade. Mas admitindo procurar
em conjunto uma saída sem recurso a métodos drásticos.
Que saibamos, as coisas estão neste pé. Resta saber se a disposição manifestada pelas partes para encontrar uma solução conjunta é sincera e dirigida aos interesses de uma ilha já de si mergulhada numa tripla crise: a nacional, a madeirense e a que foi criada dentro da ilha, por tabela.
Estamos abertos a qualquer rectificação do que mostramos acima e à divulgação de novos elementos.
4 comentários:
Galos tontos acometidos de partidarite aguda em terras de saloia insularidade.
Tanta lealdade e boa fé que aproveitou-se da assembleia ser dia 9 para no dia 8 impor pretensões como condição para comparecer.
"que o Presidente não comparecerá na referida Assembleia, caso V. Exas., decidam não incluir e não aprovar favoravelmente todos os pontos", COMO? se a aprovação é feita na assembleia geral como é que ele diz não vai aparecer? ó Calisto, esse olho de jornalista está com cataratas, ou não interessa...
Porque, sr. Patarata, perdão, Catarata, foi pedido pelo presidente da CM um documento prévio, assinado, com o compromisso de que as propostas seriam assinadas na AG.
Chega lá?
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