Ao Candidato do PS de Lisboa: 

Hipótese A, B ou C?

Ricardo Vares

É raro, mas acontece concordar em absoluto com o candidato de Lisboa às eleições legislativas regionais de setembro de 2019. E é o caso destas duas frases retiradas do artigo de opinião do candidato publicado sexta-feira no JM Madeira:

- A Autonomia tem de ser usada com firmeza na defesa intransigente dos madeirenses;

- Os partidos não servem para se servirem dos governos.

Mas, ainda que concordando em absoluto, não posso deixar colocar um conjunto de questões ao candidato do PS de Lisboa.

Se a Autonomia é instrumento de defesa intransigente dos madeirenses porque razão, do candidato do PS, não se lê ou se escuta uma única palavra acerca das decisões do Governo Socialista da República completamente opostas aos interesses dos madeirenses e porto-santenses. É que, caro professor Paulo Cafôfo, não faltam oportunidades para você demonstrar essa defesa intransigente dos interesses da Região e do seu povo. Vejamos:

- pugnar pela comparticipação pelo Estado da operação ferry entre a Madeira e o Continente e do helicóptero de combate a incêndios florestais;

- exigir de António Costa o compromisso assumido publicamente de financiar em 50% a construção e aquisição de equipamentos do novo hospital;

- reivindicar o termo do comportamento agiota do Governo da República para com os contribuintes desta Região relativamente à taxa de juro associada ao empréstimo da dívida;

- condenar de forma veemente a indisponibilidade do Governo Socialista da República em rever o subsídio social de mobilidade entre a Madeira e o Continente.

Nestes e em outros temas do maior interesse para o povo da Madeira e Porto Santo, nem uma palavra de sua excelência!

Onde está a sua ação firme na defesa intransigente dos madeirenses?

Estou também inteiramente de acordo consigo no que toca aos partidos não se servirem dos governos e do poder do Estado.

E acrescento que qualquer cidadão com amor à sua terra se agita com tamanha sem vergonhice de um Governo Socialista da República, que utiliza o poder do Estado para agir contra os interesses de uma Região e de um povo com fins político-partidários.

Deixo-lhe uma última pergunta:

- Porque razão você não se agita ou se envergonha?

Hipótese A: Tal como Costa, há um imenso fosso entre o que você diz e faz.

Hipótese B: A agenda de Lisboa contra os interesses da Região está à medida da sua estratégia política.

Hipótese C: As duas anteriores.