CRÓNICA

GIL CANHA                                                                                              

Entregue ao cabredo

Sempre houve necessidade de alimentar o monstro do betão/alcatrão e encher o olho-do-povo com obras absurdas e inúteis. Na foz da Ribeira de São Jorge, e no tempo do Dr. Jardim e do seu famigerado ´ajudante de campo´ Cunha e Silva, foi contruído um colossal complexo balnear, completamente desenquadrado da paisagem envolvente, cheio de vidros e outras piroseiras pseudo-modernistas (terra de vilões atrevidos com manias das grandezas dá nisto) e está atualmente votado ao abandono, ou melhor, às cabras.

Antes do cabredo meter lá as patas, o local era selvagem, natural, pitoresco e bordejado pelo antigo caminho real, que é o tipo de paisagem que os turistas gostam de descobrir e apreciar. Mas para dar nas vistas e propagandear os grandes feitos da Madeira Nova dos nossos labregos, construíram essa caixotaria excessivamente volumosa e fora de escala quando poderiam ter intervindo no local com uma obra mais discreta e funcional. E claro, hoje em dia está semiabandonada (completamente abandonada não, porque lá estão as cabras) a lembrar as antigas infraestruturas da era Soviética ou dos célebres Bunkers, do Enver Hoxha, da Albânia.