VENEZUELA DO NOSSO DESCONTENTAMENTO
GAUDÊNCIO
FIGUEIRA
Andamos todos
indignados com aquilo que lemos, vemos e ouvimos sobre a Venezuela. A
indignação de que falo – ao contrário daquilo que pensarão – não abrange apenas
os Madeirenses, nem sequer o grupo mais vasto dos Portugueses. Todos os Homens
de bem têm o dever de solidarizar-se com quem sofre, às mãos de tiranos para
quem o sofrimento humano não conta, desde que eles detenham o Poder.
Enriquecendo, como contrapartida ao empobrecimento da maioria, aqueles que
mandam distribuem generosas mordomias aos seus apoiantes que, em situações
extremas, degeneram em milícias. É assim com Maduro, e com Eduardo Santos. Eles
em nada diferem de Fidel, Trujillo ou Papa Doc, o criador dos tonton macoute.
Os “titios do saco” fizeram altas e poderosas, no Haiti, ao serviço de François
Duvalier, desde 1957. Tendo ficado sob o comando do filho – Jean Claude -
de 1971 até 1986, os haitianos sentiram, durante quase 30 anos, a
blandícia das criaturas. Falo de “rapazes” que estiveram na moda há 50/60 anos,
mas que convém recordar. Coevos de Fidel Castro não lograram a sua notoriedade.
Ele é, de longe, na opinião pública, o mais referido como o “assassino
exterminador” de adversários políticos. Escusam recordar-me, pois conheço
alguma coisa das suas tropelias. Não conhecerei tudo, mas conheço o suficiente
para dizer: por aqui não, obrigado. Também não esqueço o suficiente de Trujillo
ou Papa Doc, para em relação a eles dizer o mesmo, não os branqueando em
circunstância alguma.
Em 1946,
destruído o totalitarismo nazi, restou o “Mundo Livre” e o Comunismo. Trujillo, Papa Doc e mais alguns – por
exemplo Fulgêncio Baptista, Somoza e Ströessner – na América Central e do Sul,
para a propaganda Ocidental, apesar de ditadores, eram os “ditadores bons”, em
contraponto a Fidel, o ditador “mau”. Não sendo um “menino do coro”, também não
era pior que os outros, mas as centrais de propaganda ocidentais não pouparam
esforços na diabolização de Fidel, referindo os outros apenas em notícias
esconsas para garantia da “liberdade de expressão”.
Hoje tudo
mudou. Ditador, definido como aquele que não respeita leis e manipula a vontade
dos cidadãos para lhes roubar o voto, é sempre mau. Na Venezuela, Chávez, tal
qual Hitler na Alemanha dos anos 30, foi legitimado pelo voto. O seu “herdeiro”
Maduro também já ganhou eleições. Logo, formalmente, temos uma democracia em
Venezuela. Porém, conquistado o poder, Maduro não hesitou em lançar o poder
coercivo do Estado – Polícias, FA’s a que juntou milícias tipo Tonton Macoute –
para impor aos cidadãos o total desrespeito pela Pessoa Humana. Nesta situação,
há 50 anos, sendo Maduro de esquerda e amigo de Fidel, os EUA para “libertarem
as pessoas das garras do déspota comunista” – ditador “mau” – já teriam agido.
No séc. XXI todos os tiranos são maus. Maduro está prestes a lançar o País numa
guerra civil, mas a intervenção armada Americana, inevitável em 1950, hoje não
ocorre. O perigo é outro.
A Goldman
Sachs comprou dívida pública venezuelana, garantindo novo fôlego a Maduro.
Aquele dinheiro fresco manterá os fiéis de Maduro bem pagos e, assim pouco
propensos à dissidência para assumirem a defesa dos interesses colectivos. A
desculpa esfarrapada do banco aos manifestantes venezuelanos que, em território
dos EUA, se insurgiram contra aquele negócio, fala por si.
Está em
gestação a pior das tiranias, para a qual urge alertar as pessoas. Apoiemos,
sacrificando-nos, pois, vai ser necessário, – sem invectivarmos quem é vítima
dos poderosos e não contribuiu em nada para a aflição em que está – mas, não
dando ouvidos a certa comunicação social que aborda a situação em Venezuela,
apenas acirrando contra Maduro que, não sendo flor que cheire, não é o único
neste Mundo atribulado a “alimentar-se” do sofrimento Humano.
Esforcemo-nos
por abortar a pior das tiranias, que é imporem-nos a “religião dos
mercados”. Este exemplo da Goldman Sachs a fazer negócio com a desgraça da
população Venezuelana é igual ao Mr. Trump a vender armas a uma das facções
religiosas – sunitas – islâmicas em disputa com os xiitas. A cegueira moral
está transformada em pandemia nas elites mundiais.
14 comentários:
Mais uma indirecta a AJJ e Albuqueque
És vesgo?
Mesmo assim volta a ler tendo na cabeça que o Mundo não começa nem acaba na Madeira e na manutenção dos tachos distribuídos pelos partidos nas eleições.
A história revela tiranos que usurparam o poder e tiranos que foram eleitos.O Povo tem de estar sempre atento.
Hoje subscrevo na íntegra a opinião do Dr. Gaudêncio. Quanto a mim, vejo o regresso dos lusodescendentes como muito mais racional que o acolhimento massivo de gente cuja matriz cultural está nos antípodas da nossa.
Já a Goldman Sachs financiou a corrida ao armamento e o esforço de guerra nazi, até muito perto do seu colapso, as evidências estão aí. Seria um serviço à Humanidade a investigação criteriosa do financiamento destes regimes totalitários, sejam de extrema-direita ou esquerda e julgo que sacaríamos conclusões interessantes. Não é à toa que ninguém parece muito interessado em impor sanções duras aqueles países que funcionam como "paraísos fiscais"...
Comentar um texto destes tem uma responsabilidade acrescida, dada a sua qualidade e conteúdo. Mas, como nada tenho a acrescentar ou discordar, resta-me dar-lhe os parabéns por este seu excelente trabalho.
Eu como Comunista amo o regime de Maduro
Ao comunista das 11:35 digo-lhe que gostos não se discutem.
Mas aceite que não o queiramos imposto pelas armas! Seja o comunismo do Estaline do George Marchais ou do Fidel.
Nao sei se é mais racional até porque estes luso descendentes já não se regem pelos mesmos padrões morais e éticos dos seus ascendentes quanto muito terão em comum a língua o Português de Mira temo que a instabilidade social seja maior vamos ver e muitos até terão contas na suíça e virão como pobres indigentes p nos sustentarmos
Resta-me agradecer o elogio aqui deixado pelo Fernando Vouga.
Sentir-me-ei reconfortado se este texto, bem como outros que desde 1996 escrevo, servir para os cidadãos mais desprotegidos - eles são sempre as vítimas dos usurpadores de votos - acordarem para realidade.
Será que esse conceito vale p a seita dos renovadinhos ressabiados que quer tomar a viva força a câmara ao cafofo que até está a fazer um bom trabalho??? Ou só vale p o maduro e o AJJ??
O anónimo das 15:29 deve ponderar a melhor a sua opinião.
Aqueles que voltam não são os ricos que desde há muito se puseram a milhas para Miami e outros pontos da América. A Madeira e Portugal são pequenos para eles.
Quem volta são pobres coitados que se calhar viram o BANIF levar-lhes as poucas economias que haviam conseguido.
Em resumo: são gente pobre que, tal qual os pobres residentes na Ilha, acreditaram em quem não deviam. Foram atrás de dirigentes que os enganaram.
Sim como aqueles que prometeram avião cargueiro mobilidade armas novo hospital fim das listas de espera que já vão em 18 mil etc etc povo enganado. AJJ não prometia fazia acontecer estes agora prometem prometem e resultado zero
As cabecinhas pensadoras não dão para a caixa. Elas só funcionam a eleições.
Usem as cabeças para pensar e não apenas para berrar as mensagens das facções partidárias.
Mas antes de 1996, serviu o Jardinismo à Grande.
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