HÁ PÚSTULAS NO PODER DO ESTADO
GAUDÊNCIO
FIGUEIRA
A Segurança
de Pessoas e Bens é um dos principais deveres do Estado. O cumprimento dessa
função implica por vezes o uso da Força. Nesse caso o Estado não pode vacilar.
Fazendo-o, descredibiliza-se. As Polícias e os Tribunais são as Instituições
com que o Estado Democrático conta para nos defender; cabendo às polícias a
actuação sobre os prevaricadores, e a punição aos Tribunais.
Ao Estado
Novo, respeitando a Revolução Francesa, a Igualdade causava-lhe mal-estar. Assumia-se,
por isso, como o defensor do Povo impedindo que fosse contaminado pelos ideais
igualitários do “comunismo”. O conceito de comunismo era amplo e lá cabia tudo
aquilo de que o regime não gostasse. Nesse tempo, tribunais e polícia, por
vezes, confundiam-se.
As dúvidas do
Estado Novo caíram com a aprovação da Constituição de 1976 e confirmaram-se nas
sete revisões que já leva. Hoje vivemos num País que aceita, na plenitude, os
três Poderes Independentes, herdados da Rev. Francesa, e assentes na Vontade Popular
expressa pelo Voto.
Em 1982,
coincidindo com o fim do nosso Conselho da Revolução, Helmut Koll chega à
liderança Alemã, mantendo-a até 1998. Apoiado pelos EUA, o homem meteu ombros à
reunificação do seu Pais. A ideia desagradava a Franceses e Ingleses, que
tinham razão. A prova de que estavam certos, tiveram nuns acertos de contas,
vindos da 2ª guerra, que anteciparam a Independência da Croácia seguindo-se-lhe
a guerra nos Balcãs. Koll, acompanhado pela “rapariga”, Frau Merkel, –
expressão dele – vinda da Alemanha de Leste, criava uma Europa Alemã, impondo o
euro. Helmut Koll foi um Chanceler notável para os Alemães, e deixou à
“rapariga” a possibilidade de emendar a mão construindo uma Alemanha Europeia.
Na Ocidental
Praia Lusitana, por esta altura, começava a acontecer o tenebroso divórcio
entre eleitores e eleitos que, quebrando a confiança entre eles, pode levar à
destruição do Estado Democrático.
Os
governantes eleitos nunca nos consultaram sobre as negociações que mantinham
para que Portugal aderisse à moeda única. Foi assim em muitos Países. Mas aos
neófitos Portugueses, Gregos e Espanhóis, saídos há pouco dos “ideológicos”
anos 30, as elites deveriam adoptar comportamentos que criassem nas populações
hábitos de respeito pelo direito/dever de votar, a essência da democracia. Não
foi isso que aconteceu. O dinheiro abundante criou um optimismo exagerado nos
eleitores e, os eleitos, incumbidos de defenderem o Bem Comum, rapidamente
apareceram ligados ao mundo dos negócios. Criava-se assim uma teia muito pouco
transparente que, a prazo, traria consequências funestas.
Seres amorfos
venderam-nos a retórica das poderosas máquinas de propaganda partidária.
Exploraram a emotividade para conseguirem os votos que lhes garantiam o Poder.
Os pusilânimes que elegemos abastardaram os Poderes do Estado! Polícia e
Tribunais, até 1974, garantiam-nos, com as limitações conhecidas, a segurança
de pessoas e bens. Hoje sentimo-nos inseguros. Por tudo isto, não admira que
muitos Portugueses suspirem por Salazar. Compreende-se quem assim pensa.
O sistema
financeiro foi abaladíssimo num processo estranho, em que ninguém acautelou os
nossos interesses. Alijando responsabilidade e acenando-nos com o Estado de
Direito, assente na Lei, tudo foi parar a Tribunal. Ao “incêndio” bancário, que
nos queimou a todos, junta-se toda uma série de falências estranhas. Os eleitos
criticam, mas não mexem uma palha! Os nossos eleitos são tão lerdos quanto os
partidos que os “empregam”!
As pústulas
começam a apresentar características preocupantes. Avessos à decisão, no âmbito
das suas competências, calam e consentem que as Instituições – GNR, PSP e PJ –
que defendem vidas e bens, sejam vilipendiadas bem como aos Tribunais que os
próprios criticam e acham que não funcionam. Habituados a mobilizar as emoções
do futebol, para as transformarem em votos, pactuam com todas as “máquinas de
propaganda” dos clubes, por medo de afrontarem quem tem de prestar contas aos
tribunais. Isto é: as claques. Ficam os eleitores entretidos a discutir os
efeitos, porque abordar as causas obrigá-los-ia a decidir poria em causa a
opacidade do negócio futebol, deixando a nu a promiscuidade com a política. A
inoperância dos eleitos gera falsa conflitualidade que entope os Tribunais.
O Poder
Judicial foi tomado de assalto. Resta-nos dizer aos eleitos que nos sentimos
profundamente inseguros, porque nos destruíram a confiança.
Sem comentários:
Enviar um comentário