Depois de, salvo raras excepções, meio século a dar barraca na Eurovisão, com fragmentos de nacional-cançonetismo para agradar a júris que também ouvem música com os pés, apareceu alguém em Portugal a pôr as coisas em pratos limpos. O júri não teve remédio senão respeitar a qualidade, porque de contrário seria desmentido por milhões de europeus que, afinal, sabem o que é música de bom gosto. Com a devida vénia ao 'El Español', reproduzimos este texto ironicamente incisivo e verdadeiro.
Eurovisão? "Desde o início que o plano de Portugal era jogar sujo"
Jornal El Español recorreu à ironia para
engrandecer a participação de Portugal na Eurovisão. E para fazer uma
auto-crítica.
“Desde o início que o plano de Portugal
era jogar sujo. Quebrar as regras. Ao contrário do resto dos países
participantes como a Croácia, Noruega, Azerbaijão, Israel ou Austrália, os
lusos não se apresentaram este ano no Festival Eurovisão com uma versão reles e
ultrapassada de karaoke, como manda a tradição, mas sim com uma canção a sério”.
É desta forma – irónica - que Manuel de
Lorenzo, cronista do 'El Español' descreve a vitória de Salvador Sobral no Festival Eurovisão
da Canção, este sábado.
O jornal espanhol escreve que ‘Amar pelos
Dois’ era “uma canção bem escrita, de harmonias sedosas, melodia delicada e
versos inspirados”.
“E isso não vale”, continuou. Porque se é
para participar, há que assumir “as consequências”. “Levar a coisa a
sério e ganhar é uma sacanice”, escreve.
O diário lamenta que o que restou ao resto
dos países foi a derrota. “Tínhamos agendado uma noite de sábado para passar um
bom bocado e tinha que aparecer o vizinho sensato”, brincou.
Por outro lado, continua a crónica, no
mesmo tom, “acabar em último”, como foi o caso de Espanha, “significa entrar na
história”. “E fazê-lo com zero ponto é alcançar a glória”.
1 comentário:
Muito bem.
E muitos parabéns para o Salvador e para Portugal.
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