O FADO DO REJEITADO
Era um rapaz bem-parecido. Desenvolto, sorriso fácil,
bem-falante, dentadura brilhante, até a cabeça rapada para contrariar a
calvície precoce lhe ficava bem. À força de doces palavras e muita persistência,
lá conseguira que a moça, mais avançada nos anos mas ainda bastante vistosa,
lhe franqueasse as portas de casa. Prometera tudo mudar: os desgostos
anteriores, as dívidas com que estava crivada; que a levaria pelo braço a
conhecer o Mundo e frequentaria os salões do País e da Europa com destaque
entre as mais glamorosas; que contrataria os mais famosos cirurgiões plásticos
para apagar rugas e cicatrizes e devolver-lhe o viço dos verdes anos; que
cuidaria com desvelo da multidão dos seus dependentes e empregados a quem nada
faltaria.
Instalado de” casa e pucarinho”, logo tratou de tomar
as rédeas do governo dos cabedais e interesses. Começou por afastar os amigos
que o tinham ajudado na árdua conquista mas que se revelavam incómodos e
intrometidos nas exigências de cumprimento dos compromissos que assumira. Mudou
as intendências, montou o seu círculo de fiéis ajudantes e confidentes,
estabeleceu com vizinhos escolhidos a troca de favores necessária a fazer
passar as suas decisões.
Por outro lado, tratou desde o primeiro dia de nunca
ser esquecido. Omnipresente, visitou todos os recantos mais escondidos das
fazendas, compareceu a todas as festas e eventos, exibiu por todo o lado a
brilhante dentadura e a rebrilhante cabeça rapada, de modo a que ninguém
tivesse dúvidas sobre o novo senhor daqueles domínios. A todos os pedidos e
solicitações respondia com o invariável sorriso e a promessa de rápida
resolução. Inclusivamente para melhor receber clientes e fornecedores, mandou
repintar de clores claras e agradáveis os móveis antigos e adquiriu em loja
amiga uns computadores novos. As respostas eram poucas e morosas mas as pessoas
sempre aguentavam melhor a espera.
Porém, cedo se descobriu que o nosso rapaz tinha
outros anseios. Quem ele cobiçava verdadeiramente era a mana mais velha, mais
rica e prendada, mais capaz de conduzi-lo à alta-roda dos poderosos. Afinal,
todo o aparato era destinado a outros olhos. A seduzida era apenas uma forma de
se insinuar na família e atrair as atenções da verdadeira amada. As manobras
pouco subtis do círculo de indefetíveis camaradas na marcha rumo à “Quinta Mais
Acima” deram nas vistas. Inevitavelmente, a atraiçoada deu pelo engano e, os
olhos novamente abertos, começou a rever todas as promessas por concretizar.
Claro está que o rapaz jurou e trejurou eterna
fidelidade. Pediu, joelhos em terra e lágrimas na voz, confiança renovada. A
moça, ainda presa de passados enleios, ficou de pensar.
Descoberta a careca, o rapaz logo tratou de espalhar
aos quatros ventos todos os planos que, agora sim e sem falta (assim o
permitisse o malfadado tribunal que vigiava a sua administração), ia colocar em
prática. Sentado na esplanada em frente de casa declarava bem alto, sobretudo
para que o ouvissem alguns a quem pagava regiamente para dar públicas novas dos
seus feitos acontecidos e por acontecer: “ Vou reabilitar a fachada da casa!
Vou calcetar os caminhos dos jardins! Vou fazer casas novas para os inquilinos!
Vou arranjar as canalizações! Vou varrer a casa todos os dias!”
Bruscamente, um circunstante, antigo apoiante mas
sabedor do desgoverno dos últimos anos e dos murmúrios que davam conta que a
senhora já mandara começar a fazer as malas do rapaz para as colocar na
escadaria das traseiras, interrompeu-o: “Ora não me digas! Vais fazer isso
tudo? Será que vais mesmo? Olha, cá para mim, é como dizem os pequenos: Já
“Fostes”!”
Esta pequena história em tons de fado menor
ocorreu-me, não sei porque cargas de água, quando lia na imprensa o relato da
última reunião camarária nas instalações da JF do Imaculado Coração de Maria.
O Embuçado
14 comentários:
O nome do Professor Paulo Alexandre Nascimento Cafofo está garantido como proximo presidente do Governo. E até já posso adiantar a composicao governativa: Tiago Câmara (Vice-Presidencia), Paulino Ascensao (Financas), Vitorino Seixas (Economia), Dr. Sergio Abreu (Obras Publicas e Equipamento Social), Roberto Almada (Saude) e Célia Pessegueiro (Cultura). Presidente da Assembleia: Jose Miguel Mafra Iglesias.
Ahahahahahahahahahaha !!!!
Gostei sobretudo do Vitorino Seixas para a Econnomia e do Iglésias para Presidente da Assembleia.
Começar a semana com bom humor ... não há nada melhor
Olha,
Afinal o único datoure do governo ilusório cafofiano é o Sérgio da Frente Mar. Comprou título como o Sócrates eo Relvas ?
E o Bruno, não tem uma secretaria regional ? Ingrato, o Cafofo.
Mais uma crónica de Enxovalho e ataque vergonhoso para iniciar a Semana.
Enxovalho, ataque vergonhoso e pessoal a quem trabalha e serve todo o seu Municipio ao contrário de outros que só se querem servir.
Este cronista deve ter problemas e não só na sua própria casa, convinha curar-se da língua o mais rápido possível.
Que dizer dos tais 252.000 euros para os Barquinhos Voadores?
Realmente a honestidade de um Professor incomoda muito os corruptos e aldabrões desta terra.
Nossa, será que se a PSP fizesse logo pela manha uma operação STOP, o grau de alcooelmia seria zero? Responda Sr Gil Canha!
O comentário anónimo das 9:16 não é fado. É música pimba do tipo Zé Cabra.
Faltou mencionar o forte investimento no champanhe do Seixal.
Isto é Música da melhor espécie da maria/LEAL/RUBINA.
Vê lá se fazem uma historieta igual para os renovadinhos e o seu líder alucinado vai ser lindo aliás a história era mais trágica
O doutor Sérgio deve ter tirado o curso no mesmo instituto que o Macaco dos super dragões. O homem até tem mestrado, mesmo sem saber escrever português.
A Miss Campanário só leva porrada e ela é tão linda. Já não temos o Telejardim, mas sim o Telefofa.
Honestidade?! Bananice e incompetência quer você dizer...
Talvez façam melhor que os que aqui andam, uns flops renovadinhos, que continuam a ocultar falcatruas dos antigos e actuais dirigentes da ALM!!
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