Discurso de Gil Canha na Sessão Comemorativa
do 25 de Abril, na Assembleia Legislativa da Madeira: “A
serpente mudou de pele mas continua a ser a mesma serpente”
Hoje estamos nesta casa a comemorar o 25 de Abril, infelizmente, como já
referi o ano passado, os ideais do 25 de Abril teimam em não chegar à região.
Neste momento, e como tenho defendido, vivemos numa situação muito semelhante
ao final do Marcelismo, em que o regime salazarista e a oligarquia dominante
faziam todos os possíveis para se manter no poder com a preciosa ajuda da
célebre Brigada do Reumático.
No nosso caso, a oligarquia jardinista apercebeu-se que o seu líder estava
cansado e desacreditado e, rapidamente, promoveram um golpe interno para
substituir a velha liderança, por outra mais nova e folgada.
Deste modo, os madeirenses que acreditaram numa verdadeira mudança, numa
renovação e na reforma do velho regime, descobriram rapidamente que foi tudo um
logro, que Miguel Albuquerque não quer mudar nada nem alterar nada, porque ele
próprio está seriamente comprometido com os grandes grupos económicos que
mandam e desmandam na nossa terra.
Reconhecemos que o actual regime laranja está mais macio, mais polido, mais
aveludado, mas os velhos hábitos e vícios continuam de pedra e cal. Basta ver a
protecção que Miguel Albuquerque dá ao Grupo Sousa na questão portuária, cuja
solução foi estranhamente adiada para o fim da legislatura, enquanto os
madeirenses continuam a pagar os transportes mais caros da Europa; vemos que o
Avião Cargueiro e o Ferry tardam em chegar para proteger esses mesmos
interesses; vemos que são sempre os mesmos a ficarem com as concessões
milionárias do regime, como é o caso do vergonhoso ajuste directo ao Grupo
Pestana, do nosso Centro Internacional do Negócios; vemos a continuidade das
mesmas negociatas em redor das parcerias público-privadas, com as empresas de
construção civil e obras públicas a encherem os bolsos à custa do suor e
lágrimas de todos os madeirenses; continuamos a ver o Lobby do Betão a ser
escandalosamente engordado e apaparicado pelos nossos actuais governantes; CONCLUINDO,
a serpente mudou de pele mas continua a ser a mesma serpente, cuidando
zelosamente do seu ninho e dos seus ovos.
Manter toda esta podridão custa muitos milhões aos cofres da região, é por
isso que a economia continua num marasmo com as famílias e as empresas a serem
continuamente esmagadas por impostos e outras alcavalas.
Deste modo, esta própria assembleia tem de dar o exemplo de boa gestão dos
dinheiros públicos, é por isso que defendemos o fim do vergonhoso Jackpot que
este parlamento concede aos partidos. Temos que copiar o exemplo dos Açores,
onde por cada deputado eleito, o partido recebe uma subvenção mensal que
representa 2,5 ordenados mínimos, enquanto aqui na Madeira, esse
valor dispara para valores verdadeiramente obscenos. Basta dizer que só em
2016, esta casa gastou com subvenções a partidos, um valor que quase chegou aos
3,5 milhões de euros. - É muita massa para uma região em que faltam
medicamentos nos hospitais e onde existem muitas famílias a sobreviverem a
macarrão e a chouriço.
Se nos Açores, onde existem várias ilhas dispersas, os partidos conseguem
sobreviver e cumprir a sua função democrática e representativa, porque cargas
de água aqui na Madeira, os partidos têm de ter sedes em todas as esquinas, a
gastarem rios de dinheiro em campanhas milionárias e festas partidárias,
enquanto a população é espremida até o tutano por uma máquina fiscal
implacável.
Temos de cumprir os ideais do 25 de Abril! Temos que voltar a servir o
povo! Que venha a revolução!
4 comentários:
A nova sérpente renovadinha e um embuste monumental
Mas deixa ficar que os cafofianos não ficam atrás!
Um grande discurso do dr. Gil Canha a desmontar a "máfia no bom sentido"! É pena que os "patas rapadas" não saibam interpretar este discurso! afinal a inteligência e a clarividência não está ao alcance de todos os mortais!
O roto a rir- se do esfarrapado...tb Gil Canha mudou de pele, afundou um partido, assim como o PSD com os renovados continua a afundar....
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