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domingo, 1 de dezembro de 2013

POLÍTICA DAS ANGÚSTIAS









HIPOCRISIA DE NATAL
JÁ NÃO É O QUE ERA




* Chefe e delfins comparecem à festa de Natal do partido, mas desta vez não haverá sequer a preocupação de disfarçar execrações


* Miguel Albuquerque insiste em desafiar o chefe e a solene ameaça de expulsão, continuando a recolher as 300 assinaturas para antecipar o congresso


 

*A Oposição passa o Natal a despedir-se do espírito de capelinha, porque o futuro colectivo exige pensamento elevado 



* Câmara de Cafôfo cercada por todos os lados menos por um








Os chamados delfins do Laranjal, alguns já em pista para correr à liderança, vão encontrar-se na festa de Natal do partido, dia 7 de Dezembro, no Centro de Congressos de Santa Quitéria. Mas o ambiente de pinheirinhos, presépios, balões e licor não abrandará em nada o clima de crispação interna.
Miguel Albuquerque até já tem o seu bilhete para o jantar e lá comparecerá nem que seja "para tomar um copo". 
Sérgio Marques também vai. Única e exclusivamente para participar no jantar nos moldes habituais, ou seja, deslocando-se num circuito usual pela sala, sem se barricar com o núcleo duro que o apoia na corrida à liderança, mas também sem segundas intenções quanto a campanha eleitoral partidária num ambiente que fatalmente será de festa ferida.
Os outros candidatos, seja o assumido Manuel António Correia, sejam os ainda potenciais Miguel de Sousa e João Cunha e Silva, provavelmente comparecerão no centro de congressos. E daí nada de novo sairá - nem o momento sensível desafia ao que quer que seja.
Entre alguns dos delfins não se criaram ainda clivagens ou atritos irremediáveis. Mas isso não elimina o desconforto de um encontro com aquelas características, de ódios e vapores, nesta fase complicadíssima da história do PSD-Madeira. Ninguém se preocupará em recorrer à hipocrisia, nem sequer a costumeira natalícia, para salvar as aparências. 
O líder, com a sua continuidade no subconsciente, já deixou perceber que está praticamente contra todos os delfins. Em todos eles vê razões de crítica. A Sérgio Marques, que queria reunir-se em "cenas" e "brincadeiras" com filiados nas sedes do partido, Jardim, em coro com Jaime Ramos, mandou para o "café da esquina". Manuel António Correia também provou azia do chefe na última comissão política. Miguel de Sousa tem o "senão" de se chamar... Sousa. De Miguel Albuquerque nem vale a pena falar. Quanto a João Cunha e Silva, é criticado pelas suas 'indecisões' e travado quando esboça 'decisões'. 
Por saber "o que a casa gasta", João deixa-se ficar para ali quieto, na Vice-Presidência, tentando que os encontros secretos dos seus apoiantes não cheguem aos ouvidos do chefe. A ver se, ao menos, sobra para ele a presidência da Assembleia Legislativa - para o que seria preciso o PSD ganhar em 2015, mas isso é outra história.
Zangados como andam todos, desta vez podemos adivinhar que poucos boas-festas se trocarão entre eles no jantar da Festa. 
Naquele endiabrado partido, nem a hipocrisia natalícia é o que era.

Já se vislumbram as labaredas do inferno laranja

Eis portanto o ambiente no Laranjal madeirense nesta quadra cheia de cores e luzes que abrirá portas ao ano decisivo de 2014. Já se vislumbram as labaredas expelidas pelas gretas das portas do inferno à espera de se abrir de par em par.
Prevê-se um agravamento dos conflitos internos para os primeiros meses do ano.
No pico da tensão lidará obviamente Miguel Albuquerque. O chefe do partido tem sido claro: quem teimar em insistir no pedido de antecipação do congresso apanhará um processo de expulsão, por desestabilização do partido.
E que fará o ex-presidente da Câmara do Funchal, perante as ameaças? Deixar correr a vontade teimosa do chefe e concorrer como os outros na data já marcada, aliás reforçada pelo conselho regional? Não. Mesmo depois de reiteradas as advertências, Miguel Albuquerque recusa deixar-se intimidar e continua na recolha de assinaturas necessárias para propor a mudança de data.
O candidato persiste na sua: o artigo 12.º dos Estatutos Regionais do PSD é claro quando diz que um congresso extraordinário se reúne "a pedido do conselho regional, da comissão política regional ou de 300 filiados regionais". Entende que, perante esta determinação estatutária, bem pode o conselho regional marcar datas as vezes que quiser, porque não conseguirá tornear um direito inalienável dos militantes.
O pretendente à liderança que acaba de completar 20 anos de municipalismo, à frente da Câmara do Funchal, faz questão de marcar já o andamento para o ano bélico à vista. É desafiador o seu artigo de opinião publicado no DN de hoje (30 Novembro). Um ataque dirigido ao chefe. Sem rodeios.
Ridicularizar as trapalhadas de Jardim nos últimos tempos, incluindo o abortado congresso do Desporto, as dívidas das câmaras à Electricidade, as manobras de desculpabilização e evasão - isso não é o pior que escreve Albuquerque. O antigo predilecto e actual inimigo do chefe acusa-o, a Jardim, de "sectarismo, intimidação e fanfarronice". E muito mais que a leitura do texto mostra.
Lembremos também que Albuquerque já ameaçou endurecer a luta, começando em Janeiro se preciso for, caso perceba que o processo interno decorre com trafulhice. Em último caso, abdica mesmo da corrida, o que, ao contrário do que Jardim possa pensar, seria muito pior para ele, Jardim. A desistência de Albuquerque provocaria um cataclismo no Laranjal de que o líder tombaria como a primeira vítima.

Euforia jardineirista: tempos que já lá vão


A propósito, o próximo ano será o pior de sempre para chefe Jardim. Em 2012, ele não foi além de um inconcebível empate técnico nas eleições internas, diante de Albuquerque. Em 2013, sofreu uma derrota nas autárquicas com a qual nunca sonhara. Em 2014, duas hipóteses em aberto, ambas humilhantes para quem já poderia estar livre disto: ou Jardim sai do palco para deixar brilhar os cavalheiros que se seguem ou insiste em continuar, convencendo alguns delfins a desistirem da corrida para que ele "una" o partido contra Miguel Albuquerque - sujeitando-se então à madrasta de todas as derrotas.

Mas o inferno de 2014, além de um dia-a-dia que se imagina penoso para o chefe, porque perdeu mão nos delfins, encontrará pelo caminho um acidente relevante: as eleições europeias. 
Primeiro, veremos se Jardim ainda 'risca' em Lisboa, metendo numa lista nacional de coligação PSD-PP um candidato do PSD-M, presumivelmente Nuno Teixeira. 
Depois, será interessante ver o modelo de uma campanha lado a lado com os populares da Mouraria - "fascistas" e "saudosistas da Madeira velha", como Jardim sempre diz. Finalmente, os resultados que reflectirão a queda do governo nacional e a correspondente ascensão do PS. Reflectirão, ainda mais, a saturação do eleitorado madeirense face ao caduco regime regional. 
Provação dolorosa. 
Por mais que o homem responsabilize Lisboa, sairá vergado sob o peso da derrota. Mais um 'contra' na sua obsessão para determinar o futuro do seu partido. 
Um ano de despedida (forçada, forçada) com sabor a fel.

Cerco à 'Mudança' por todos os lados... 

Para tornar a situação ainda mais ingrata, o PSD e Jardim apanharão com uma oposição ainda galvanizada pelo sucesso das autárquicas/2013 - se não houver acidentes de percurso. É que pode haver. Acidentes complicados. Por culpa própria, da Oposição. Ou pelo engenho das ratoeiras desenhadas por Jardim. 

Mais problemas para o chefe. E para os seus opositores.
Chefe Jardim, como é seu timbre, já está a ver o filme. Faz cálculos para tentar adivinhar o que pode suceder. O cerco à nova Câmara do Funchal é resultado dessas congeminações.
Hoje aqui, amanhã acoli, depois mais além, as tropas que continuam a soldo do jardinismo, ainda muito perigosas, atenção, vão instalando canhões e aríetes apontados a Paulo Cafôfo e mais membros da coligação eleita 'Mudança'.
As primeiras brechas na nova política municipal foram abertas internamente, nos Paços do Concelho, por via de uma oposição municipal indisponível para trabalhar pela cidade, ao contrário do prometido, e de uma maioria na assembleia municipal que já mostrou para que está ali. E não apenas o PSD. Também PP e CDU.
É recordar os quase "estampanços" da coligação nos casos IRS e derrama. Ainda quentes, aliás. Jardim é o general estratego do cerco. Começou cedo a provocar, tanto a Câmara do Funchal como outras que lhe fugiram, sobretudo a de Santa Cruz. Em menos de 2 meses, há que reconhecer algum sucesso nessa táctica de desgaste. Em alguns momentos, grande chefe conseguiu fazer baixar ao seu terreno de guerra o nível de Cafôfo e sua vereação. Atraiu a onda 'Mudança' para lutas que nada têm a ver com a governação municipal. E a 'Mudança' chegou a denotar, em tão poucas semanas, alguma desorientação. 
A tarefa dos novos autarcas não é só aranjar meios para satisfazer os legítimos interesses da população eleitora. É preciso manter a prudente distância um inimigo astuto e ainda com poderes como é Jardim. 
Não sabemos se a nova vereação funchalense perceberá tão cedo que as suas preocupações e o seu trabalho devem centrar-se na cidade e nos cidadãos, não nas páginas do Jornal da Madeira. 
No combate para travar a onda 'Mudança' e evitar o fim do regime, empresários situacionistas não se abstêm de dar a cara. Luís Miguel de Sousa aproveitou o ilimitado espaço de que dispõe na RTP-M para causar mais uns rombos na vereação que governa a Câmara, utilizando o espantalho da derrama. Ainda por cima, contando com um reforço inesperado: David Caldeira, da área socialista, que no mesmo programa televisivo não fez o menor esforço esforço para desdramatizar e reduzir o problema àquilo que ele é, isto é, que a derrama se aplica somente às empresas de mais substanciais volumes de negócios, não às pequenas. Mas não. O Eng.º David Caldeira participou no linchamento público, responsabilizando a nova Câmara pelos enterros que, na sua antevisão sensacionalista, a derrama provocará, com graves consequências no desemprego.
Insistimos: os grandes do regime jardineirista não estão de braços cruzados. Nem Luís Miguel de Sousa se contenta em lançar avisos alarmistas na TV, para meter medo ao povo ignorante. Causando nomeio alguma surpresa, saltou a terreiro a ACIF, controlada pelo 'empresário dos portos e mares', a clamar contra os horrores da derrama croados pela Câmara de Cafôfo. Cristina Pedra, admitimos, houve-se bem nesse papel, com um discurso bem estudado para o povo que está em casa a ver televisão.
E Jaime Ramos? Deixaria passar uma ocasião destas sem tentar levar a plebe ao arrependimento por ter votado 'Mudança'? Claro que não. E lá veio a ASSICOM também à rua "repudiar veementemente", em comunicado: com o novo imposto - a derrama - "o executivo camarário, escolhendo a via mais fácil de obtenção de receitas, lançou mão de uma medida penalizadora e cerceadora da actividade económica, agravando a situação já difícil das empresas com sede no concelho do Funchal".
Tal como David Caldeira e Luís Miguel de Sousa, a ASSICOM como que apela para um recuo da Câmara na decisão da famigerada derrama. 
Percebe-se: voltar atrás seria lançar mais confusão nos Paços do Concelho, já de si agitados nos últimos dias. Sobretudo porque faltou de dentro para fora uma voz esclarecedora que matasse à nascença os argumentos quase infantis de todas estas forças do regime, que actuam ao compasso do grande chefe.
É uma orquestração divulgada diária e exaustivamente nas páginas do Jornal da Madeira. Um massacre, é verdade. A que nem sequer falta o reforço de forças sindicais por causa dos horários de Natal para o comércio, pasme-se.
Repare-se também que o próprio Pedro Coelho deu conferência de imprensa para convidar os empresários "explorados" pela Câmara do Funchal a mudarem de sede para Câmara de Lobos! E ninguém tratou da defesa da imagem funchalense. Ninguém se lembrou de que às figuras de topo da Câmara não compete apenas assinar despachos, ordenar multas e impor disciplina ao povo, que farto de arrogância vive há 40 anos. A vertente política não pode ser descurada numa vereação. Leram o Professor André Escórcio há dias no DN? Falou a voz da experiência e da competência.

...Cerco por todos os lados menos por um

A vereação 'Mudança' só não está cercada por um lado. Aliás, o mais importante. O lado da população. Esperemos que assim continue. Nos primeiros dias depois do 29 de Setembro de boa memória, percebeu-se que, a repetir-se o acto eleitoral, Cafôfo e companhia ganhariam facilmente a maioria absoluta. Pois o povo continua com eles. Mas é importante que os intérpretes da nova política autárquica funchalense - tal como os que venceram o PSD noutras câmaras - entendam quanto vale esse apoio popular. Enquanto os eleitores estiverem do seu lado, não haverá Jardim, ASSICOM, ACIF, JM, câmaras hostis, nada. 
Ninguém conseguirá bloquear a caminhada para uma mudança global na Região se o povo perceber que há 'Mudança'... para melhor. Caros senhores: bem f... já está o povo há mais de 30 anos. Se acenaram com 'Mudança' para imitar os arrogantes do Laranjal, só uma arrogância de sinal contrário, acreditem que têm o destino traçado. O povo procurará outros caminhos. Há sempre um caminho novo. 
O povo não pede facilitismos, favores, anarquia. Mas também não aceita fazer de bombo da festa para os novos senhores, sejam quem forem, exibirem músculo, disciplina cega e rigor anacrónico. O povo não exige mais do que justiça. Valentia com os mais fracos, não. Contra isso aprendeu a bater-se a populaça nos últimos tempos, à sua custa. Mostrem os dentes aos tubarões, que podem com o peso e têm muito que explicar.
Aos adeptos e activista da movimentação Mudança: não serão precisos 4 anos para uma avaliação. Em 2015 há eleições. Regionais. Essas, sim, decisivas. Que serão influenciadas pelo que a mudança em 7 concelhos então tiver provado. Dar o melhor pelas cidades, sim, mas não contra os cidadãos. 
A Oposição dispõe da melhor oportunidade da História recente para mudar radicalmente a Madeira. Há congressos partidários já em Dezembro. Outros se seguirão em 2014. Ocasiões soberanas para transmitir sinais de que as apostas serão na Madeira, não nos dinheiros do jackpot.
Todos, sobretudo o socialista Victor Freitas e o popular José Manuel Rodrigues, devem ter aprendido muito com os últimos desenvolvimentos da política regional. Já deram sinais disso. O que saudamos.

2 comentários:

Anónimo disse...

O UI vai ficar porque o partido está dividido e pensa que ganha o Vitor. Isto é um divertimento. Por seu lado Vitor vai carregar os descontentes e vence ....Espetáculo.

Anónimo disse...

Mas qual é o problema das empresas com grandes lucros pagarem Derrama. Não é política social democrata contribuir para uma sociedade mais equilibrada e social( não socialista)? A AcifSousa e a AssicomRamos assim afogam mais o PSD que é POVO e não é dono de empresas a ganhar balúrdios.