VOTO DE PESAR
Pelo falecimento do capitão Virgílio Luz Varela
Virgílio Canísio Vieira da Luz Varela mais conhecido pelo
capitão que liderou o falhado “Golpe das Caldas”, em 1974, faleceu aos 79 anos
no dia 04 de Abril de 2017.
Madeirense, nascido a
27-04-1938, filho de um jurista da Ponta do Sol e de uma professora de Letras,
Virgílio Luz Varela, ingressou na tropa e entrou no curso de oficiais
milicianos. Logo de seguida, nos anos 60, rebentou a guerra em Angola, e foi
mobilizado a cumprir missão. Tirou os cursos de Transmissões, de Criptólogos e
de Estado-Maior (Geral) e o Estágio de Segurança NATO.
Ficou conhecido, por ter encabeçado uma tentativa de golpe de
Estado frustrada, ocorrida em 16 de Março de 1974, em Portugal, intitulada como
o “Golpe das Caldas”.
O golpe foi anterior à Revolução dos Cravos que, a 25 de
Abril, derrubou o regime fascista do Estado Novo Português. É referenciado, por
vários autores, como impulsionador que juntou o oficialato em torno do
Movimento das Forças Armadas.
O Movimento das Forças Armadas (MFA), emanou sobretudo de luta
corporativa em que oficiais do quadro permanente (os chamados 'puros')
sentiam-se ultrapassados na categoria por milicianos que iam sendo promovidos à
medida que iam combater na Guerra Colonial. Luz Varela era um espúrio – fazia
parte dos milicianos que tinham ingressado na Academia Militar, mas no qual não
o tempo de Guerra não contava para a progressão da carreira. Os 70 oficiais de
Caldas eram metade puros, metade espúrios.
O “golpe das Caldas” surgiu face à contestação da política
ultramarina, um grupo de oficiais generais dos três ramos das Forças Armadas
participou, em São Bento, numa cerimónia de apoio a Marcelo Caetano. Estavam
ausentes o chefe e o vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas,
respetivamente os generais Costa Gomes e António de Spínola. Devido à sua
ausência, foram demitidos, nesse mesmo dia, dos seus cargos pelo chefe do
governo. A demissão de Spínola provocou revolta nalguns oficiais, que, em 16 de
Março de 1974, fizeram uma primeira tentativa de derrube do regime.
Virgílio Luz Varela por ter comandado a única força que marchou
sobre Lisboa, foi preso e estava na Casa de Reclusão da Trafaria quando o
Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubou o Governo de Marcello Caetano e o
Estado Novo, a 25 de abril de 1974. Libertado no próprio dia, comandou
operações militares nas ruas de Lisboa ainda durante o golpe de Estado que
levou à instauração da democracia.
Com esta homenagem queremos agradecer a sua coragem e contributo
à democracia, porque embora a sua revolta não tenha sido bem-sucedida, não deixou
de ser um ensaio para o golpe que se avizinhava e que se viria a concretizar a
25 de abril de 1974, no qual foi instaurado a democracia em Portugal.
Assim, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira,
expressa o seu Pesar pelo falecimento do ilustre capitão Virgílio Luz Varela, e
apresenta à sua família as mais sentidas condolências.
Funchal, 07 de Abril de 2017
A Representação Parlamentar do PTP na ALRAM
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