O DIA DE CUNHA E SILVA
O actual vice-presidente do governo formaliza no final da tarde desta quinta-feira o velho sonho de se candidatar à liderança do seu partido de sempre.
Filho de um dos fundadores do PPD-Madeira, António Gil Silva, e funchalense de nascimento, João Cunha e Silva sempre evitou confessar clara e publicamente a ambição de dar este passo. O seu discurso oficial em 20 anos - e o de quase todos os outros delfins - era um estranho propósito de abandonar a política quando se consumasse a retirada do líder carismático, Jardim.
Evidentemente, não havia, nem poderia haver, sinceridade nessa posição dos Delfins. Todos eles sabiam que, de quando em vez, o chefe mandava perfilar os potenciais candidatos alegando que tencionava deixar a liderança mas, ao menor sinal de concorrência, denunciava os companheiros que se punham 'em bicos-de-pés'. E, para confundir mais a situação, neutralizar aspirações dos seguidores e demarcar-se por cima, Jardim inventava mais delfins.
Daí a contenção dos ímpetos no Laranjal madeirense.
A denunciar as naturalíssimas ambições no partido, porém, insinuavam-se rivalidades entre os potenciais pretendentes à chefia. E aqui, amortecido que fora, por reacção de Jaime Ramos, o lançamento do nome de Miguel de Sousa em 1989, pela boca de Jardim, desenhou-se em finais dos 90 uma corrida entre João Cunha e Silva e o emergente Miguel Albuquerque. Com um ponto de viragem no congresso e pós-congresso de 2000, no Tecnopólo, marcado por dois momentos: sondagens na imprensa favoráveis ao então presidente da Câmara; e entrega do solicitado 'Ferrari' a Cunha e Silva - nada menos do que a vice-presidência do governo regional.
Tal como Albuquerque, João Cunha e Silva fora presidente da JSD-M. Antes de Albuquerque, aliás, já que, ainda a caminho da licenciatura em Direito, Cunha e Silva protagonizou a fundação daquela organização de juventude.
Enquanto estudava no Continente, na segunda metade da década de 70, ascendeu à vice-presidência da Jota nacional. Habitou-se, depois, a integrar o número de conselheiros nacionais do PSD.
De regresso à Madeira, foi subindo na hierarquia do partido, chegando com toda a naturalidade à comissão política regional e a uma das 5 vice-presidências desse órgão - e ainda à comissão permanente.
No entanto, numa das diligências para travar a disputa da sucessão - porque tanto a encorajava como a fazia esmorecer -, chefe Jardim afastou Cunha e Silva e Albuquerque da política partidária executiva, colocando o primeiro na presidência do congresso/conselho e Albuquerque na presidência do conselho de jurisdição.
Em todo este caminho, João Cunha e Silva inscrevia no currículo a entrada como deputado em S. Bento e na Assembleia Regional, onde foi vice-líder do grupo parlamentar do PPD, tendo ganho experiência na presidência de várias comissões especializadas. Mais tarde, subiu a vice do próprio parlamento.
Participou numa revisão constitucional e assumiu-se como principal responsável pelo Estatuto Político-Administrativo da RAM, documento sufragado por unanimidade na ALM e por aclamação na Assembleia da República.
Em 2000, Jardim fez-lhe a vontade e trocou-lhe o 'Fiat' pelo tal 'Ferrari'. Assim, já poderia competir de igual para igual com Miguel Albuquerque, Delfim lançado mais à frente pela possibilidade de ir a votos em sucessivas autárquicas e alcançar vitórias para o PPD.
A vida como vice-presidente não correu a Cunha e Silva propriamente no 'mar da tranquilidade'. Questões profissionais do tempo de advocacia e o combate político quotidiano colocaram-no bem no centro do vulcão. A ponto de, a páginas tantas, Cunha e Silva declarar publicamente não estar na disputa da liderança do partido. O que lhe aliviou um pouco a pressão no ambiente de guerrilha que se vivia.
O pano de fundo na primeira década do século XXI, porém, não desprezava de modo nenhum a luta latente pela sucessão de Jardim, pelo contrário. Ponto alto dessa guerra foi a investigação determinada pela vice-presidência de Cunha e Silva às "negociatas" na Câmara Municipal do Funchal, presidida por Albuquerque.
Laranjas contra laranjas.
Entretanto, e se bem que tanto Sérgio Marques, primeiro, e Manuel António Correia, depois, tivessem entrado na dança dos nomes candidatáveis quando se falava na disputa de Delfins, Miguel de Sousa, o mais antigo de todos, era o mais saliente nas sondagens a esse propósito realizadas em várias fases.
João Cunha e Silva parte esta tarde rumo aos seus objectivos com uma imagem menos desgastada do que há um par de anos, apesar de há muito governar a Madeira no papel de número um - dadas as ausências prolongadas de Jardim. Menos desgastado, mas sem se poder dar ao luxo de pensar que está livre da flagelação à conta de sociedades de desenvolvimento, marina do Lugar de Baixo e outros insucessos que ele vê de forma diferente.
A candidatura arranca numa altura em que pontuam já em pista, para além do ainda favorito Miguel Albuquerque, adversários entretanto organizados para a luta.
Se Albuquerque se defronta com uma concorrência importante na sua zona de influência, a vaga moderna e popularmente abrangente, Cunha e Silva depara-se com Manuel António na disputa do PPD mais tradicional.
E todos eles estão proibidos de se esquecer de Miguel de Sousa, candidato assumido que já apresentou ideias práticas para fazer sair a Madeira da crise. Um programa que mereceu apoios e críticas contundentes, mas com um mérito indiscutível: não deixou o partido indiferente.
Para logo às 6 da tarde, prevê-se uma atmosfera laranja inspirada nas assembleias gerais do embrionário PPD-Madeira realizadas em 1974 naquele mesmo auditório da 'Caixa' onde Cunha e Silva lançara a sua candidatura. Na ocasião, que para ele ficará memorável, fará uma comunicação indicando projectos para o seu partido e pensamentos para o futuro da Madeira.
Para Cunha e Silva, este é um dia muito esperado. É o seu dia. Mas o diabrete do La Palice, como sempre infalível, diria que o difícil está para vir.
12 comentários:
Boa introdução mas, esquecendo que se bem que tutelou as Sociedades de Desenvolvimento, o verdadeiro pai destas filhas enjeitadas foi Pereira de Gouveia. Já Cunha e Silva acabou com algumas delas fundindo-as mas, é bem verdade que não se pode dissociar de ter sido tutela das mesmas. Acontece contudo que Ventura Garcês é o atual tutelar e ninguém lhe chama nomes.
Como é que um homem que parou a Madeira nestes últimos 15 anos quer fazer algo para melhorar a Madeira. Senhores e senhoras, as secretarias estão umas contra outras e não há entendimento possível. Este governo tem que acabar e dar lugar a outra pessoa competente que ponha a Madeira e porto Santo a mexer. Que esta gente nos livre deste Homem mal encarado.
Viva à MAMADEIRA!!!
o Cunha e Silva é que acabou com as sociedades de desnvolvimento????...isto é que é mudar a História!...anedótico!
Pronto sr. Calisto lá andam os criados do MA, do MS e do MAC e SM a atacar a concorrência. São pagos para fazerem isto, todos os dias, todo o dia. Sr. Calisto esclareça-me uma coisa já que o sr. é todo pró-Albuquerque apesar de ser uma pessoa de esquerda: acha que o ex-CMF colado como está ao Jaime Ramos pode representar e liderar qualquer mudança, o tal "novo ciclo"? Diga-me, esclareça as pessoas, deixe-se de andar no conforto das encolhas.
O “indeciso” João vai finalmente dar a cara e dizer que agora é que é capaz de melhorar a vida dos pobres habitantes do arquipélago. Vai dizer que estes 13 anos de governação deram-lhe muita experiência executiva, que está preparado e que tem uma visão de futuro, ou seja, vai continuar a mentir com quantos dentes tem na boca!
Mas será que vai desculpar-se por, por ter continuado, após 2000, na senda das obras quando as principais infra-estruturas estavam já concluídas – Portos, aeroporto, rede viária, escolas e centros de saúde em todas a região, etc.? Porque continuou a esbanjar dinheiro dos contribuintes em obras inúteis e que não acrescentam valor nem eram socialmente importantes (Marinas, Fóruns, parques temáticos, piscinas energicamente ineficientes, campos de golfe, quota 500, tuneis rodoviários sem sentido, etc. etc.). Foi um esbanjar de dinheiro sem critério e sem estratégia. Resultado, uma dívida gigantesca que é quase impossível pagar e colossos de betão a se degradarem por falta de utilização e de manutenção!
Será que vai desculpar-se por ter conduzido a economia para a actual situação? Para o maior e mais triste nível de desemprego do país? Por ter pensado que desenvolvimento económico era apenas sinónimo de construção civil?
Cunha e Silva foi o pior e o mais malvado membro do governo dos últimos 40 anos. Foi o responsável pelo descalabro das políticas económicas que levaram à actual situação de miséria e foi cúmplice no encobrimento da dívida Regional para melhor continuar a desbaratar o erário. Deve pensar que somos cegos e muito estúpidos.
No entanto, lá estarei hoje à tarde no auditório da Segurança Social a dar-lhe palmas e vivas, pois fui receptor de uma inequívoca mensagem verbal da hierarquia e … preciso do meu emprego.
Não se "esqueceram" de ninguém?
Sintomático. De qualquer forma o Cunha vai dar uma malha no Albuquerque.
Olhem para a foto do Cunha e Silva, está rir-se do POVO está com os bolsos cheios de tanto pôr ao bolso. Ri-se de todos nós por sermos tontos será que os militantes do PSD vão votar nele?? Claro que não! De uma vez por todas vamos dizer que não a esta gente que estiveram anos e anos no poder! ACABOU-SE!
Continuam alguns militantes ,ditos apoiantes de a,b,c,d,e....a Afundar de Vez o PSD com toda esta guerrilha
Interna de palavras obcenas e de invejas abstratas sem qualquer nexo!
Esquecem-se das Europeias.... Assim
Nem a Cláudia é eleita acreditem,será um descalabro total do PSD!
Recordai que é o Povo Que Mais Ordena!
A Claudia Monteiro de Aguiar candidata do João Cunha e Silva vai perder. Precisa de unir o partido mas anda a convocar gente para ir à apresentação de candidatura dele. Claudia tens mais de metade do partido contra ti! Sim todas aquelas pessoas que não apoiam o Cunha e Silva não vão votar em ti multiplica isso pelo povo da Madeira.
Tanta crítica à candidata ao PE.
Pergunto, o que seria a Cláudia Monteiro sem o patrocínio de Cunha e Silva?
Se ela apresenta um discurso oco e de frases feitas nas suas intervenções na AR (aí penso que deve estar condicionada pelo Guilherme Silva) e na comunicação, apoiando-se na sua carinha laroca para compensar a sua completa ignorância política?
Assumindo-se como apoiante de Cunha e Silva é uma questão de sobrevivência política para a candidata.
Pois...foi sempre que ela fez este tempo todo...a claudia é uma fraca candidata...pelo amor de deus...ainda por cima apoiada pelo João Cunha...esse que ameaça toda gente...ele já perdeu...esqueça o povo não vota nele...viva ao Sérgio...o Cafofo do PSD...esse sim é que vai ganhar...eu compreendo os nervosos do lado do cunha e silva...vai perder o tacho...mas tem a conta recheada...por roubo. Calisto eu admiro o seu trabalho...mas dê mérito a quem merece...não destaque as suas fontes...
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