DELFINS

FRANCISCO SANTOS DESVIA ATENÇÕES

DA CANDIDATURA DE CUNHA E SILVA

Só pode tratar-se de uma estratégia que não conseguimos desmontar. A dias do lançamento da candidatura, era suposto as forças do vice aproveitarem todos os espaços para mobilização do PPD profundo, que é onde o candidato melhor se movimenta.

As tropas de João Cunha e Silva confirmam que o lançamento da desde sempre expectável candidatura está por horas. Daí não se perceberem os exagerados cuidados de discrição.

Possivelmente para desviar atenções e não prejudicar o impacto do lançamento da candidatura em breve do vice João Cunha e Silva, Francisco Santos interrompeu a linha dos artigos no DN sobre o projecto que diz integrar para o futuro do PPD-Madeira. Se nos escritos da série não se vislumbram grandes vantagens em termos de campanha interna, o caso de hoje resvala incompreensivelmente para temas de todo alheios à disputa interna em curso. 

O antigo secretário regional da Educação e actual apoiante de João Cunha e Silva, no texto desta sexta-feira, perde-se em considerações sobre o colonialismo lisboeta, metendo PAEFes à mistura e recuando aos tempos imperiais de D. João VI e D. Pedro IV.

Peça muitíssimo estranha, numa altura em que o núcleo duro da pré-candidatura ultima o quinto projecto de liderança para o PPD-M - depois de Miguel Albuquerque, Manuel António Correia, Sérgio Marques e Miguel de Sousa - a mostrar aos militantes social-democratas com vista às eleições de Dezembro. Se o desperdício de espaço na imprensa faz parte de uma estratégia do grupo cunhista, já cá não está quem falou. Teremos de treinar a perspicácia.

Vamos lá ver.

Os apoiantes operacionais da candidatura trabalharam afincadamente, durante algum tempo, para reunir os apoios que o vice do governo exigia em todos os concelhos da Região antes de se candidatar à presidência do partido. A outra condição, que João Cunha e Silva desde sempre colocou e que aqui apontámos mais de uma vez, era que chefe Jardim não se candidatasse, porque a seu ver seria paradoxal que presidente e vice-presidente se defrontassem numa eleição interna.

Dizíamos, pois, que o trabalho de terreno programado para esta fase se encontra realizado. Assinaturas recolhidas. Reuniões por todo o lado. Conforme deixaram escapar activistas da candidatura, assediados pelo 'Fénix', só falta limar umas arestas. O que permite apontar para os próximos dias o lançamento oficial e público de uma candidatura que nasceu há 15 anos e que há pouco se confirmou, como não podia deixar de ser. 

Ora, já neste patamar da escalada, Francisco Santos, que se abalançara tempos atrás a um desconcertante lançamento experimental 'por episódios' da candidatura de João Cunha e Silva, decide esbater o arranque tergiversando para temas que não nos parecem de entusiasmar as massas.

Ou então, admitimos outra vez, há uma intenção estratégica nestes procedimentos que ultrapassam o nosso entendimento.

Talvez com certa dose de ingenuidade, julgávamos que os operacionais cunhistas não desperdiçariam mais tempo a esconder uma candidatura que se insinua perante todos. Mais do que consumada. Pensávamos que, nesta fase do processo, e apesar de faltar a formalização pública, todas as oportunidades seriam aproveitadas para mobilizar os sectores laranja onde João Cunha e Silva beneficia de favoritismo - o PPD profundo. 

...A menos que para os lados da Vice-Presidência padeçam de algum desassossego pela reacção de Jardim ante a pretensão de mais um discípulo 'ingrato'.

Isso, claro, se o chefe ainda não recebeu a notícia concreta, 'pura e dura'. Mas, ainda que a não tenha recebido, alguma vez ele admitiria que um dos seus primeiros delfins aceitasse ficar na bancada a ver correr os outros?

Francamente, julgamos exageradas, para não dizer perigosas, as evasivas e meias tintas dos oficiais da tropa cunhista.

Tal postura está prestes a mudar.