Há pânico entre milhares de 'investidores' madeirenses? Pois, é o Telexfree. Declarado fraudulento, há dias. Veja toda a história na reportagem do 'Público', da autoria do nosso companheiro Tolentino de Nóbrega
Sucedânea da pirâmide Telexfree
está licenciada na Zona Franca da Madeira
Esquema de dinheiro fácil consiste em ganhar comissões com a colocação de anúncios na Internet e a venda de pacotes de comunicação. No mês passado, foi considerado fraudulento nos Estados Unidos.
A declaração de falência da empresa Telexfree nos Estados Unidos e o encerramento do seu sítio na Internet, desde o dia 15 de Abril “em manutenção”, lançou o pânico entre milhares de investidores madeirenses que receiam não poder recuperar os cerca de 50 milhões de euros investidos em mais de 40 mil contas.
A Telexfree tornou-se um fenómeno viral na sociedade madeirense, envolvendo figuras públicas de várias áreas e conhecidas individualidades da administração regional, mas a tentativa de “exportação” para a ilha de Jersey, onde existe uma importante comunidade de emigrantes da Madeira, foi barrada pela apertada vigilância das autoridades locais. E até entrou no discurso do presidente do governo madeirense que comparou a rede de marketing multinível à agricultura da ilha. "A agricultura constituiu, permitam-me a comparação, uma espécie de Telexfree neste tempo de crise, porque não há dúvida que mais uma vez se mostrou e demonstrou que a terra, a propriedade, aquilo que é concreto, isso nunca perde o seu valor quando é explorada inteligentemente", disse Alberto João Jardim.
A contrastar com o optimismo do governante, que revelou algum desconhecimento do esquema daquela pirâmide financeira cujo nome trocou, a apreensão dos investidores madeirenses, gerada com a insolvência da Telexfree nos Estados Unidos e a proibição de operar no Brasil, volta-se agora para a Wings Network, empresa de marketing multinível que vende produtos semelhantes e utiliza os mesmos angariadores na ilha. O esquema de adquirir dinheiro fácil também consiste em ganhar comissões através da colocação de anúncios na Internet e a venda de pacotes de comunicação.
Escritórios no Funchal e em Lisboa, registo no Dubai
Licenciada na Zona Franca da Madeira, esta sociedade por quotas, com um capital de 100 mil euros, tem escritórios (loja 1) no número 24 do Caminho do Engenho Velho, no Funchal, e no Parque das Nações em Lisboa. Apesar disso, foram infrutíferas as tentativas de contacto, pelo telefone e email indicados no site, feitas pelo PÚBLICO no sentido de esclarecer a natureza dos negócios desta empresa também inscrita numa zona offshore em Hamriyah, nos Emirados Árabes Unidos. O mesmo endereço da Madeira, e igual objecto social, apresenta a empresa Tropikgadget Unipessoal Lda, que com idêntico capital social de cem mil euros, usufrui de benefícios fiscais por também estar licenciada no offshore madeirense.
Com a actividade iniciada em Janeiro passado, a Wings Network apresenta-se como uma “empresa que chega com a proposta inovadora de utilizar o multinível como canal global de vendas de soluções de marketingonline e mobile”. E, para atestar a legalidade do negócio, exibe os documentos a confirmar que “tem a sua sede administrativa em Portugal, na Ilha da Madeira e sua sede fiscal em Dubai” e “está devidamente registada”.
A própria empresa informa como devem agir os interessados para obterem ganhos: “Arranjar duas pessoas, por cada pessoa recebes 50 euros e, completando essa linha das duas pessoas, ganharás 250 (total 350). Depois, cada dia 8 de cada mês recebes 750, dos quais 99 ficam para a Wings. Por isso, são 651 euros que ganhas sem fazer mais nada. Claro que quanto mais pessoas tiveres em baixo mais recebes. Por exemplo, se a tua irmã/irmão ou um amigo, por exemplo, entrar, das duas pessoas que meterem tu recebes 250 da linha que ficar completa (binário), e assim sucessivamente." Mais: “A finalidade é progredir na rede ajudando uns aos outros”, diz a Wings, que se declara “uma empresa que chega com a proposta inovadora de utilizar o multinível como canal global de vendas”.
Neste momento, “empresas deste tipo proliferam como cogumelos”, revela ao PÚBLICO o investidor madeirense António Silva. Wings Network, Libertagia, Wenyard, Get Easy e Dollars Flow System são alguns dos nomes de empresas de marketing multinível que, na sua opinião, “são fachadas para esquemas semelhantes ao da Telexfree".
Lucros de angariar familiares
António Silva confessa que, “após muita resistência”, entrou na Telexfree em Novembro de 2013. “Estava ciente que se tratava de um 'negócio' menos claro e pouco sustentável. Sabia que a qualquer altura poderia perder o dinheiro investido. Com os 1050 euros investidos consegui, até início de Março, recuperar o dinheiro investido e ainda lucrar cerca de 600 euros”, conta. Para além dos ganhos das rendas semanais, Silva teve “ganhos por prémios de entrada de alguns familiares que pediram para ajudá-los na realização dos anúncios, pois, como me diziam, não percebiam nada de computadores".
10 comentários:
Lamento, mas o tribunal do Estado do Nevada declarou que a empresa é legal e não é nenhuma pirâmide. Convém actualizar dados e procurar outras fontes.
Antonio Abreu
Informo que a licença para operar no CINM para a empresa Wings foi retirada/cancelada logo que a SDM teve conhecimento dos negócios desta empresa. Esta informação foi veiculada ontem via redes sociais.
Glu, glu, glu... respira... mesmo debaixo de água.
Por mais que repitam isso, não se torna numa realidade! Não existe fonte nenhuma que diga que a Telexfree seja legal, a não ser os próprios envolvidos na Telexfree.
tanta conversa em redor dessa telexfree,...
e quem tem dinheiro lá só vê legalidades, quem não tem só vê ilegalidades,...
esperem ate dia 2 de maio para decisão final desse tribunal americano mas uma coisa é certa,...esse jogo não vai voltar a dar dinheiro como já deu,...
Ainda ha burros que dizem que isto não é pirâmide. Grandes jericos!
Exacto, os juízes do Estado do Nevada devem ter conta na empresa.
O madeirense e a sua cronica bilhardice e maldizer....
Por vezes este blog faz lembrar o serviço noticioso da RTP madeira.
principalmente as noticias com a assinatura daquela rapariga loira, jornalista "especializada".
não me espantava se um dia destes fossem par o aeroporto, à porta do avião, perguntarem aos turistas se já conhecem a telexfree.
..."penso eu de que":muita gente julgava estar jogando numa "pirâmide financeira" ... afinal estava jogando num "dodecaedro rômbico estrelado financeiro"
Hoje, pelas 20h30 irá realizar-se uma sessão de divulgação de outra empresa deste tipo, a geteasy, no the Vine hotel...Mais pirâmides, e só o que me surpreende é que isto não seja crime e que as autoridades deixem actuar esta gente com a maior das impunidades.
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