LARANJAL

JARDIM DEIXA CAIR MANUEL ANTÓNIO

O nosso K-ET fotografou do alto, para fugir aos radares da segurança. Chefe ao centro, com calção flamista. Há muito mais alforrecas na 'babugem' do que prosélitos do jardinismo.

Militantes do PPD-Porto Santo confusos com o jeito do Chefe na corrida interna. Esta quarta-feira à noite, a comissão política da pequena ilha, que esperava ouvir da parte de Jardim uma indicação de voto favorável ao secretário do Ambiente, saiu da mesa com o pensamento em João Cunha e Silva.

Manuel António Correia deve contar apenas com os seus meios durante a campanha eleitoral interna que se avizinha. Ao contrário do apoio propagandeado, Jardim prefere agora falar em 'liberdade de voto' diante dos militantes do PPD.

Os membros da comissão política do Porto Santo, ontem reunidos na presença do líder regional, saíram da sede local 'baralhados' perante o que entenderam como qualquer coisa parecida com uma mudança de intenção nas preferências pelos Delfins.

É óbvio que ninguém pode impor a escolha de um candidato, dado que o voto é secreto. Mas os comissários políticos porto-santenses, independentemente da sua escolha final, esperavam uma palavra que confirmasse a preferência superior por Manuel António. Em vez disso, Jardim resolveu deixar tudo em aberto. Falou de uma 'liberdade de voto' que não considerou antes.

A mudança de atitude surge depois da 'bofetada de luva branca' que João Cunha e Silva deu no chefe quando da apresentação da sua candidatura à liderança do partido faz hoje 8 dias, na 'Caixa'. O vice, apesar do apoio público de Jardim a Manuel António, como realçou na ocasião, arriscou decididamente a perda de votos elogiando a obra do jardinismo e reiterando a eterna lealdade ao líder do partido.

Os mais próximos de Cunha e Silva sabem quanto ele ficou magoado na altura em que Manuel António anunciou a sua candidatura, vivamente incentivada pelo chefe. O vice encontrava-se em Canárias e ficou desgostoso pela confissão de Jardim sem uma palavra prévia a um colaborador de sempre, também Delfim. O que não impediu, pelo contrário, que assumisse publicamente estar também na corrida, como veio confirmar há uma semana.

Na sequência da sessão de lançamento da candidatura na 'Caixa', Jardim reproduziu no JM as palavras que Cunha e Silva então lhe dedicou. Sugestivo.

Acontece que Manuel António vai demasiado lançado em pista para desistir da candidatura. Aliás, possivelmente para prevenir acidentes de percurso como este da reunião de ontem no Porto Santo, ele esclareceu em tempos que iria a jogo fosse contra quem fosse.

Em época de férias e amêndoas, o líder da Rua dos Netos arranca com as reuniões partidárias locais mudando as regras do jogo, deixando transparecer, como fez ontem, que os militantes devem pensar bem no assunto, logo depois das 'europeias' de 25 de Maio, para votarem acertadamente... e sem estarem amarrados a indicações. Ou seja, esqueçam o dedo que indicava Manuel António.

Duvidamos, porém, que o Delfim do Ambiente esteja disposto a ser outra vez o cordeiro a imolar. Isso aconteceu quando Jardim tentou 'empatar' automaticamente o anúncio de candidatura feito por Miguel Albuquerque. Para depois, no recurso a eleições internas, ser o próprio Jardim, e não Manuel António, a defrontar Albuquerque.

Desta vez, Manuel António vai mesmo. Com um pouco de sorte, Jardim mudou mesmo de favorito e ele concorre livre de um apoio que só tira votos.
Ou seja, não sabemos se o que acontece é deixar cair ou deixar levantar.

Mas foi essa tal mudança de intenção que os comissários do PPD-Porto Santo perceberam ontem. Segunda-feira, na reunião marcada para as 9 da noite, os militantes de Santo António poderão confirmá-la ou não.

Jardim rejeita pedido para se recandidatar: agora, só o Fama

Quanto à reunião propriamente dita, consistiu numa intervenção do chefe regional mais curta do que o habitual. Havia Benfica-Porto e Real Madrid-Barcelona...
Houve tempo, no entanto, para um membro da comissão política porto-santense levantar-se com a proposta ideal para mostrar serviço. Na forma de ver do social-democrata em causa, Jardim devia concorrer outra vez à liderança do PPD-Madeira. Por constituir ainda o factor mais sólido de unidade. 
O nosso amigo Emanuel, da Alfândega (Aeroporto), especificou: ainda agora, perante o resultado negativo nas eleições autárquicas, só mesmo o carisma do líder para conseguir evitar danos maiores no partido. 
Numa palavra, Jardim deve recandidatar-se.
O chefe agradeceu a simpatia do comissário. Mas não. Acabou. Está decidido que fica por aqui e nada mais resta fazer. Depois de 19 de Dezembro - ou da segunda volta na semana seguinte - haverá outro presidente do PPD e Jardim liberta-se em Janeiro, depois do congresso, para se dedicar ao grande desafio que não larga: o Fama. Não é fundar outro partido, porque Jardim continuará social-democrata - segundo assegurou ontem. É, sim, dinamizar o mais possível o fórum que permitirá pugnar pelo alargamento da Autonomia da Madeira.
Para que não haja dúvidas: chefe sai de cena mesmo. Com uma consolação, como disse aos PPDs do Porto Santo:
- Não saí quando 'eles' queriam, saio agora quando quero.
Mas... a sério que quer 'basar'? Nesta Redacção ninguém acredita. Mas passemos adiante.
Desta vez, o chefe não desancou nos delfins rebeldes. No decurso da reunião, apenas criticou que alguns andem por aí à caça de assinaturas de apoiantes. Chegam 100 para sustentar a candidatura dos órgãos, comissão política e secretariado. Andar a reunir centenas e centenas delas configura uma tentativa de animar o estado de guerrilha e cavar as rivalidades entre candidaturas.
Jardim pediu aos militantes do Porto Santo que evitem esse divisionismo. E que se mobilizem para a festa do partido, este ano, em que se comemora o 40.º aniversário do PPD-Madeira. Sendo a última participação dele próprio na qualidade de líder, gostaria de ver uma enchente significativa à despedida, no planalto.
Mas o que saiu da reunião de ontem foi a indefinição sobre o estado de espírito do chefe quanto à preferência de delfim. Que cada um vote no que acha o melhor para o partido - e não foi além desta ambiguidade lapaliciana.