TELEVISÃO

TV VELHA, TV NOVA

Deus não fecha uma televisão que não abra outra

O director de conteúdos vai explodir ao princípio da tarde desta terça-feira na reunião para a qual convocou os trabalhadores da RTP-M e da RDP-M.

O ambiente está quente. Mais uma vez o futuro do centro regional é falado pelas mais perigosas razões. Lisboa avança para reduzir a televisão regional à mais dolorosa insignificância, como sempre faz quando não recebe resposta firme por parte da Direcção da RTP-M.

É o caso. 

Quer-nos parecer que também esta estrutura dirigente da Levada do Cavalo optou por tratar com aquela gente alfacinha com  flores e jantares. O que lhes permite a eles - directores - aguentarem-se mais uns meses no pedestal. Mas que resulta em mais umas passadas para o fecho da estação.

Isso enquanto chefe Jardim ostenta uma importância que não tem na matéria, dizendo que não abdica da solução seguinte: o Estado fica com 51% do Centro Regional e a Região com 49%.

A Região não tem um cêntimo de seu, porém o chefe das Angústias avança com o milagre: esses 49% ficam para os privados. 

Milagre que só existe na cabeça do chefe. Como se algum privado fosse empenhar-se num projecto de TV tão caro, arriscando capital, para o governo mandar na televisão, afugentar obviamente os anunciantes, porque ninguém vê uma televisão governamentalizada, e criar mais um passivo à Jornal da Madeira!

A ser assim, já tinham resolvido o berbicacho do JM!

Não tem muito que saber: a Madeira precisa de um serviço público de rádio e televisão, logo o Estado deve assumir as despesas.

Ninguém sabe ler a Constituição deste país?

Enfim!

Quando o que corre na praça é a difícil situação estrutural do Centro, há uma reunião à uma e meia de hoje convocada pelo director... de conteúdos. Mas não é tão esquisito assim. O director n.º 1, com a parte administrativa, é dado como desaparecido na maior parte dos dias. Dizem que é visto na empresa logística Logis Link, na Cancela - parece que do grupo Porto Santo Line. Como ele próprio diz aos trabalhadores que a RTP/RDP-M é capaz de fechar, trata já do seu futuro.

Então, temos discussão de conteúdos ao início desta tarde.

Miguel Cunha deverá puxar pelos resultados do seu implacável 'peçómetro' para mostrar aos jornalistas quem é que tem feito mais ou menos peças nos últimos tempos e o tempo de cada uma.

Há quem defenda que uma peça de 30 segundos, com notícia impactante, vale mais do que 100 peças de 3 minutos cada, daquelas para encher telejornal. Mas não é assim para o director de conteúdos. 

Televisão Nova

Os responsáveis da RTP-M nem sequer podem alegar que é o mercado e é a concorrência a pôr em perigo o trabalho dos mais de 100 profissionais da casa. Há espaço para todos, desde que o produto seja bom. Veja-se o caso noticiado pela própria RTP-M: uma televisão a pôr no ar em breve por instâncias do grupo Diário de Notícias. Não se trata de sonhar alto. Um Leitor do 'Fénix' acaba de nos enviar um extracto dos apoios do IDE onde se prova o que dizemos. 

A relação que nos enviaram da lista de beneficiários dos Fundos Comunitários, da responsabilidade do Instituto de Desenvolvimento Regional, reza o seguinte:

Beneficiário: DJCB - Produção de Conteúdos, Lda

Projecto: Criação de unidade de produção e edição de filmes, vídeos e programas de televisão

Local: Funchal

Fundo: Feder

Data de aprovação: 25-2-2014

Custo total elegível: 2.531.717,48 €

Despesa pública: 1.000.000,00 €

Orçamento comunitário: 1.000.000,00 €

Os cavalheiros mandantes da RTP-Madeira podem ver à vista desarmada que não se trata de um projecto amador para televisionar récitas de finalistas. Os números prenunciam uma televisão profissional a sério.

A Levada do Cavalo é que anda a dormir na forma...