PORTO SANTO

PRESIDENTE DA CÂMARA MATA
COLABORADORES COM TRABALHO

Para situar, repare o Leitor no cabeçalho do Diário da República onde foram publicadas as tarefas com que os infelizes quadros do município porto-santense terão de se avir neste quadriénio. 

Segue-se a nota justificativa e tudo o mais que, só de olhar, uma pessoa transpira bicas pelo corpo abaixo. 

Não queiram saber os trabalhos forçados impostos em extensas 21 páginas onde é feita a distribuição de competências - tu fazes isto, isto e isto, tu aí fazes aquilo e mais aquilo. Por algum motivo a elaboração da interessante peça custou à Câmara da pequena ilha uns arrepiantes 10 mil euros! No mínimo. Este servicinho e uns quantos concursos para admissão de pessoal na Câmara levaram 50 mil!... Somos ricos.

Um senão, entre tantos: o cavalheiro da Península contratado por Filipe Menezes para redigir o documento, na pressa do 'copy/past' a partir de alguma grande edilidade, não fez todas as adaptações que se impunham e daí uma barracada junto dos membros da oposição que passaram os olhos por aquilo - e até alguns do PS. Nomes de departamentos que nunca vimos mais gordos, por exemplo. Entretanto, houve correcção, entre a ida do texto à Assembleia Municipal e a publicação oficial.

Pior ainda: são vários os momentos da torturante leitura em que o paciente se depara com competências da área do governo regional, ali açambarcadas ilegalmente para a Câmara.

E pior ainda é a contradição em alguns artigos com outros que aparecem mais à frente. 

Mas pior do que tudo isso é o berbicacho que esta brincadeira pode dar. O regulamento avançou para publicação no Diário da República (DR) sem certidão da Assembleia Municipal. Sem a troca de correspondência sobre o assunto exigida por lei.

Mais: como dissemos numa primeira abordagem, a publicação no DR aparece sem o artigo 13.º do regulamento.

Nesse local onde deveria surgir a redacção do artigo 13.º, vê-se o seguinte:

E porquê a originalidade pacóvia? Porque este artigo foi dos mais constatados pela oposição, que vê ali uma tentativa de conferir mais poderes à chefe de gabinete, por acaso irmã do presidente Menezes, do que aos próprios vereadores, que são eleitos.

Basta dizer que a representação da Câmara, quando não é feita pelo presidente, passa para a chefe de gabinete, e não para a vice-presidente da Câmara. Aberração do tamanho do Pico Castelo.

Esse artigo é o tal que não foi publicado e que exigirá novos trabalhos, e dinheiro, para poder sair já completo.

Quem ler o castiço texto pode ficar, porém, com a sensação de que o presidente da Câmara é um irmão desnaturado, que, à semelhança do que faz com chefes de divisão e o diabo a quatro naquelas 21 páginas de violência laboral, quer matar a chefe de gabinete com trabalhos forçados.

Veja o Leitor se concorda com o nosso ponto de vista - a partir da reprodução do artigo 13.º original que ainda não faz parte da publicação final.

Uff! Ficámos exaustos só de ler. Quanto mais 4 anos com esta cruz aos ombros!

O líder do PS-M, Victor Freitas, desloca-se esta quarta-feira ao Porto Santo em campanha eleitoral para as europeias. Que aproveite como param as modas na Câmara socialista local. Vale a pena. Situação mais bizarra, só a da tal câmara dos pelouros enjeitados.

Para mero exercício mental, pegue o Leitor no organograma da Câmara de Filipe Menezes e veja se as competências de 21 páginas a cair sobre aqueles desgraçados não faz lembrar uma metrópole de cidade como Nova Iorque ou Tóquio.