REGIÃO SEM VIDA
PRÓPRIA
A jornada comemorativa do Concelho de Câmara de Lobos foi apenas mais um dia na pasmaceira em que se tornou este enfadonho, para não dizer apodrecido, quotidiano que a classe política nos impinge. Tudo espremido das discursatas, saíram para a comunicação social as culpas apontadas a Lisboa por uma porcaria qualquer e os remoques às taxas e taxinhas que roubam espaço no Orçamento do Estado para 2017.
Daquelas cabeças, não sai nada de novo que nos diga respeito, que nos interesse minimamente. Uma falta de criatividade e de qualidade que deprime as pessoas fartas de uma Região que não tem vida própria. Não se produz nada cá, a não ser um estonteante revpar e 20 mil toneladas de banana, ou serão 20,5 mil toneladas? Pior do que isso, não se vê uma preocupação sobre as possibilidades de produção.
Os nossos dias são marcados por recorrentes e maçadores anúncios sobre viagens ao estrangeiro de políticos, empresários e jornais, seguindo-se balanços dessas visitas cheios de investimentos e voos directos que ainda por cima nunca aparecerão. O que se ouve depois é sobre investidores reais que ganham dinheiro cá e vão investir lá fora.
...E nos dias em que não se fala nessas repetitivas chachadas 'estrangeiras', eles preenchem o tempo com declarações a mandar para Lisboa a culpa dos cargueiros, dos ferries, dos hospitais e do... sim, isso.
Não resolvem nada do que apoquenta o povinho, como a recessão da economia e a chaga do desemprego, a pobreza, a emigração forçada. A simples segurança de bens e pessoas, que na actualidade apavora e faz as pessoas fugirem de casa, seja em dias quentes, seja quando se prevê uma chuvinha.
Os berbicachos dão manchetes inócuas, seja sobre os "interessados" em comprar o JM, seja de concursos para cedência do Golden e dos empreendimentos fantasmagóricos das sociedades de 'endividamento' - a que nenhum investidor no seu perfeito juízo concede a menor atenção.
Os açorianos foram ontem a votos e escolheram mais do mesmo. Porque não há uma oposição capaz de se equilibrar com o PS. Há 20 anos, Mota Amaral abandonou o barco, julgando os seus delfins que, para o laranjal lá do sítio, continuar a mandar seria 'dinheiro em caixa'. Só que em breve repararam que acabara o tempo de vencer por falta de comparência dos adversários. Lá estava na luta Carlos César, político arguto, com ideias novas, projecto, discurso convincente, frontal, empolgante. E o PS entrou na governação açoriana com tal pujança que o fôlego não só continua salutar nos nossos dias como tira o ar ao pobre PSD de Duarte Freitas, que nem ao de leve permite recordar o PSD do beato Amaral.
Bom, mas ao menos os açorianos já mudaram uma vez. Agora por aqui é o que se vê. Com esta desoposição - com o PS à cabeça dos arguidos políticos que ficam para a História como do pior que já tivemos - não se faz ideia até quando o laranjal ganhará por falta de comparência dos adversários, se bem que a crónica maioria absoluta esteja por um fio, à espera de velório e de enterro.
Que nos valham as autárquicas, onde o povo tem margem para fugir aos leprosos partidos tradicionais.
Qualidade! Oxalá que os jovens desta terra façam o mais breve possível a boa acção de trocar o futuro profissional lá fora pela missão patriótica de ficarem para impor um estilo público arejado e salutar na sua terra. Um novo paradigma colectivo que nos faça sentir vivos, capazes de passar alguns dias da semana sem pensar nas caçadas do Miguel em África, nas maldades alfacinhas e também nas infantilidades tristemente mediáticas dos desoposicionistas.
3 comentários:
Ahhhh...
Mas falam grosso e de dedo em riste para impressionar a viloada!
Alguém disse um dia que era preciso gritar na Madeira para se fazer ouvir em Lisboa!
E estes aprendizes de ditadorzeco não repararam que os ventos predominantes nesta zona do Atlântico são os alíseos que sopram sempre contra!
Gritar contra o vento é mais ou menos como mijar...
Mijar os whiskies que bebem antes dos discursos para ganhar coragem, como no início da carreira política.
Luís Oliveira
Mas esperem, há alternativa ao PSD na Madeira? quem? Cafofo ou o Pereirinha? estão a gozar, só pode...
E no meio disto tudo, como se não fosse importante porque quase não se fala disso, será renovada a concessão do CINM por mais 20 anos, ao mesmo de sempre. Quanto perde a região com isto? Quantos impostos teremos de pagar para compensar a fuga deste impostos para um privado?
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