FLAGRANTES DA
VIDA REAL
Passando os olhos na edição de 12 de Outº do DN local,
lemos: fraude ensombra saúde; suicídio preocupa PSP, 40 polícias e familiares a
serem seguidos; ladrões limpam €100.000; roubado por arrumador de carros.
Infelizmente, notícias destas são frequentes no nosso quotidiano e envolvem
desobediência, até agressões a polícias. A história das cartas de condução e os
mortos em Aguiar da Beira são os mais recentes sinais de perigo do vulcão
cívico, ainda adormecido, e que, ameaçando o País, ninguém quer identificar. A
isto podemos juntar o “flamejante Agosto” a que só os Açores escaparam. Porém,
a cereja no topo do bolo, há anos alvo de toda a atenção dos jornais e TV’s,
com consequências arrasadoras nos nossos bolsos, são os escândalos financeiros,
envolvendo figuras públicas da política e da finança.
Todos estes factos entram-nos em casa de um modo
fugaz, não deixando tempo para pensar, menos ainda para relacioná-los. As
máquinas de propaganda fazem o resto. Jornais, jornalistas e comentadores –
alguns muito pouco isentos – aproveitam e, esquecendo umas notícias e empolando
outras, criam a sua verdade sobre os acontecimentos, procurando mobilizar os
cidadãos para o voto num ou noutro sentido, sem minimamente irem ao cerne das
questões. Entristece-me ver que aqueles que, em função dos sintomas, deviam alertar
para a patologia que está a instalar-se na sociedade portuguesa, não o façam.
Há um “vírus” comum que liga as ocorrências narradas. Falo da incapacidade de
quem manda para impor a sua Autoridade que, num Estado Democrático, tem de ser
a LEI.
A Segurança dos Cidadãos é uma das principais razões
para a criação do Estado. Cabe-lhe assegurar – é legítimo o uso da força dentro
das regras legais contra os atentados a Cidadãos e seus bens – que na cabeça de
nenhum Português paire qualquer dúvida quanto a isto. Podem chamar-me ave
agoirenta, profeta da desgraça ou outra qualquer adjectivação. Podem tapar o
sol com a peneira, enganando alguns durante muito tempo, mas não podem
enganar-nos o tempo todo. Os cidadãos têm de ser confrontados com as suas responsabilidades.
À arma do voto cabe-lhe essa função. A propaganda com que lhe enchem a cabeça
esconde-lhes este alvo, apesar de ele ser o mais importante do Estado de
Direito. Aqui reside a diferença para o Estado caído em 1974. Não sentíamos
então a insegurança que hoje nos atinge. O mal não está na Liberdade. A
pusilanimidade dos eleitos é que nos trouxe a isto. Eles próprios se escondem
nos interstícios da Lei e, nada fazem para mudá-la. Quem nunca deu conta de
eleitos escondendo-se atrás dos Tribunais, ajudando-nos a confirmar que eles
não funcionam? Eles, os eleitos, têm a faca e o queijo na mão! Para quando a
alteração deste estado de coisas.
Analisemos o caso daquele militar da GNR que
perseguindo um carro suspeito que desobedeceu à ordem de parar, ele disparou e
(bala fora da arma é como pedra fora da mão) matou uma criança “escondida” que
acompanhava o pai num assalto. O militar há muito está suspenso com o
vencimento reduzido e obrigado a pagar uma choruda indemnização. A isto
junta-se-lhe o caso de Aguiar da Beira. Os elementos daquela Força Militar,
face a estes e outros casos semelhantes, sentir-se-ão motivados para cumprir a
missão que lhe cabe na defesa de pessoas e bens? Os agentes da PSP, agredidos
nas festas de verão, aqui na Madeira, como se sentirão? Não admira que, estes
homens, cuja missão é garantir-nos a segurança, careçam de apoio psiquiátrico.
Eles têm direito a serem respeitados por nós e por aqueles que elegemos. Estas
questões não podem passar-nos ao largo, pois, bem vistas as coisas, delas
depende a sã convivência entre todos nós.
Os partidos, os eleitos, os candidatos a eleições, os
jornais e jornalistas interessados numa vivência em Liberdade não podem
continuar a entreter-nos com falsas questões que apenas usam o marketing para
levarem os eleitores a “comprarem-lhes o produto”. Os cidadãos estão
desiludidos e no crescendo que as coisas levam, convém olhar para História dos
anos 20/30 do séc passado, e recordar António Granjo e Sidónio Pais, entre
outras calamidades no domínio do social. Já ninguém suporta o controlo da
opinião pública pelas centrais de propaganda, quando cada vez mais nos sentimos
angustiados pela insegurança reinante.
Digam-nos como pretendem resolver este cadente
problema, pois podemos suspeitar de que haja por aí alguém “escondidinho”, a
apostar no quanto pior melhor. Os “salvadores da pátria” apostam nestas águas
turvas.
Gaudêncio Figueira
3 comentários:
Os tais salvadores sabem isto tudo. Mas fazem lembrar um grupo de náufragos num mar infestado de tubarões. Não fazem nada na esperança de serem os últimos s serem comidos.
Já só peço que os tubarões devorem o pessoal de uma só dentada, para não doer tanto e acabar rápido.
Concordo consigo Fernando. Eles sabem disto tudo, mas, "escondidinhos", esperam que a tese do quanto pior melhor se confirme aí saltarão para a água e fingirão afugentar os tubarões.
Quanto ao que diz o Calisto acho que devemos combater os tubarões e desmascarar os "escondidinhos" que podem bem ser ainda mais letais que os tubarões
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