Pedido
pungente aos candidatos
A partir de hoje e durante um mês ocorre a contagem decrescente para as eleições autárquicas 2017. É um lugar comum. Mas é de lugares comuns que vamos falar. Para todos os efeitos, há pela frente um derradeiro e irrevogável mês para fazer passar a 'mensagem'. Vamos formular um pedido. Mas, candidatos, pelo que há de mais sagrado não prometam nada.
Senhoras e
senhores candidatos:
Depois de
intermináveis semanas de aquecimento das vossas candidaturas, nós, modestos
eleitores, estamos completamente cientes de que todos vocês o que pretendem é o
melhor para a vossa cidade e para os cidadãos. Sabemos que vocês não se querem
servir, mas servir a autarquia. Que estão na corrida porque amam o vosso
concelho e os vossos concidadãos. Que o que pretendem é trabalhar
solidariamente, alheios a interesses pessoais ou de grupo.
Sabemos tudo isso
das entrevistas, debates, prospectos, saídas das missas, comunicados, acções de
rua só com jornalistas a ouvir, protestos à ERC e por aí acima - mais
propaganda do que Trump-Hilary.
Não temos dúvidas
a respeito das vossas apostas na requalificação e na reabilitação urbana. E até
na cultura, porque tudo é cultura do povo.
Como nunca visto
na já cansada história das eleições na Tabanca, ficámos a saber que, para
vocês, que se inspiraram num slogan dos anos 80, é 'Porto Santo primeiro',
'Ribeira Brava primeiro', 'Achadas primeiro', 'Lombada primeiro'. Sim, porque
primeiro é preciso levar essas coisas em conta primeiro, porque os munícipes
merecem.
Neste tempo todo,
a sério que percebemos que para alguns de vocês o projecto para o concelho é
que não se deve aproveitar a desgraça dos outros e os desastres para fins
eleitoralistas; e para outros o projecto autárquico é que a culpa não pode
morrer solteira. Sem perder de vista o rigor que urge colocar no manuseamento
dos dinheiros públicos, nem que seja preciso avançar para uma auditoria ao
desempenho dos outros. As autarquias devem ser transparentes e zelar pelas
escolas e pela saúde, dada a importância do desporto ao ar livre para o
rendimento familiar.
Depois destes 3
ou 4 meses, já ninguém tem dúvidas de que vocês sonham em agilizar a
empregabilidade no concelho, metendo jovens desempregados do partido nas
empresas criadas e mantidas para o efeito; e que, em caso de trabalho mesmo,
será facilitada toda a papelada para os que andam de mãos a abanar possam
embarcar para as Ilhas do Canal.
Outra de que
estamos suficientemente esclarecidos é que em matéria de IMI vocês vão arranjar
umas tabelas simpáticas, com ajuda domiciliária ao munícipe que precise de
mudar uma lâmpada ou instalar esgoto no wc.
Não ouvimos
nenhum candidato pôr-se de fora de grandes desígnios como reduzir a dívida
municipal ou denunciar as batotas autárquicas de há 30 anos que condicionam as
grandes estratégias dos autarcas actuais.
Na mesma linha,
sabemos que se os recandidatos não fizeram nada foi por culpa do executivo
anterior. E que os novos candidatos têm projectos de larga visão e sem vícios,
porque em política não vale tudo e, vendo bem, isto é tudo farinha do mesmo
saco.
Sabemos que os
recandidatos têm capacidades por desflorar, sem manipular a opinião pública. É
verdade que não fizeram rigorosamente nada do que prometeram na campanha de há
4 anos, porém cumpriram. Está registado nos cartazes, para que conste.
Cumpriram pelas pessoas. Não há obra para mostrar, é verdade, mas depois do
estado calamitoso em que a vereação de 1993-97 deixou a autarquia, foram
precisos agora 4 anos para arrumar a casa. Nos próximos 4 anos é que vai ser a
vez do investimento, provavelmente no plano das ideias.
Também já temos a
lição batida e rebatida sobre a melhoria de vida dos cidadãos que todos
propõem, a qual passa por aumentar a atractividade da cidade e, em certos
aspectos, privilegiar as novas centralidades, as romagens da festa do Senhor e
um subsídio à paróquia para os tapetes de flores no dia da procissão. O
munícipe é religioso por devoção.
Sabemos tudo isso de cor e salteado, já que vocês, imitando-se uns aos outros, com nivelamento abaixo de cão, repetem os lugares comuns até à exaustão.
Sabemos tudo isso de cor e salteado, já que vocês, imitando-se uns aos outros, com nivelamento abaixo de cão, repetem os lugares comuns até à exaustão.
Conhecemos também
o vosso estóico finca-pé na defesa do PDM e dos planos de ordenamento, porque a
cidade não pode estar a saque nem permitir discriminação entre zonas altas e
zonas baixas. Já chegam os planos de pormenor para roubar tempo aos vereadores
das obras.
Candidatos!
Também já vos vimos profusamente na tv, sessões de fotografia e em mil cartazes
a refulgir sorrisos de plástico, com photoshop e outros
retoques. Desculpem a franqueza, mas vai ficar para a posteridade este
colectivo com tantas nulidades juntas, a provocar muitas saudades de Luís
Mendes, Virgílio Pereira, Góis Mendonça, Bernardo Martins e Fernão de Ornelas,
presidente que em part time na câmara (era quadro do Banco Madeira) modernizou
espectacularmente o Funchal em tempo crítico da Guerra, sem dinheiro - com um
cesto e uma pá, como dizia o Dr. Castro Jorge.
O pedido do Fénix
é simples, candidatos: para disfarçar a vulgaridade e a enxurrada de erros de
casting nas candidaturas, em que as excepções são muito menos do que os pavões
arvorados em vedetas de província, fazendo o ridículo aos olhos de quem saiba o
b-a bá - para disfarçar este vácuo, têm ainda este mês para apresentar uma
ideia para o vosso concelho ou freguesia. Uma ideia original. Uma! É pedir muito?
17 comentários:
E é isto! Sempre foi! Em todo o lado! Sejam eleições autárquicas, legislativas, europeias, partidárias, nos clubes ou num condomínio!
Não há lugar para honestidade, só para o bota-abaixo, muitas vezes vazio de conhecimento sobre as matérias. Muitos prometem coisas que ultrapassam as competências do cargo a que se candidatam...
Uma pobreza...
MUITO BOM!!!
Muito bom mesmo! Muitos sorrisos de plástico e zero ideias!
Como podem os eleitores escolher em quem votar?
Uma tristeza!
Perfeito caro Calisto!
Um erro de casting ainda se admite, agora imensos erros.
Os candidatos são todos bastante fracos, uma tristeza. Gente que só quer servir-se a si própria e aos seus interesses, rodeada por outra gente que só quer favores, tachos e "jeitinhos".
Uma geração política falhada e medíocre. Que não sabe falar, não sabe pensar e, muito menos, fazer.
Sem dinheiro não há festas. o povo é quem mais ordena, e o que tem ordenado e promovido ultimamente são os populismos e os prometedores. Nenhum candidato, com ou sem excepções, poderá cumprir promessas que tenham grandes quantidades de dinheiro, porque esse não existe. Calisto, nenhum candidato que diga a verdade também irá ganhar, o que o povo quer é ser enganado e que lhe prometam empregos e dinheiro a rodos, o que não existe na Madeira. Gente honesta nunca ascendeu a nada, e a culpa é dos politicos ou de quem voto nos aldrabões?
Caro Calisto,
Ironia fina.
Também acredito piamente!
É que é mesmo isso! Já enoja tanta demagogia e promessas que até extravasam as competências autárquicas! Vão-se todos sodomizar... Já me enganaram que chegasse: como eleitor, como militante, como apoiante/simpatizante e como autarca! Raios partam tanta boa intenção e raios partam povo tão crédulo (eu incluído)! Vou votar em quem NADA PROMETER !
Luís Oliveira
(voluntariamente enganado pelo PSD, JPP e PND; forçadamente enganado pelo PS, CDS, BE e PCP; quase enganado pelo PTP e não enganado pelos demais porque os desprezei por serem restos dos atrás referidos).
Infelizmente o nível político e intelectual dos candidatos que não se podem criar expectativas. Não há conteúdos, não há capacidade para planear com execução estudada, nada. Restam, desejos/delírios obsoletos e os ataques pessoais que nada interessam para os eleitores poderem formar a sua escolha. Não votarei porque não tenho em quem e preocupa-me o que está para chegar aos cargos e o futuro da população.
Heheh, sublime Sr. Calisto...
Calisto,
Para além das promessas, a maioria completamente tontas e que os candidatos nem fazem a mínima ideia de como realizar, para além de abordarem e prometerem coisas que nada têm a ver com os poderes de uma autaurquia, a quantidade de disparates que saem daquelas bocas candidatas dá para entupir uma rede de esgotos.
Inenarrável.
Pois é,
Hoje li no DN que cafofo devolveu 1% de IRS que representa 1milhao e 200 mil euros. Só não percebi se esse valor ē anual.
Ora se 1% da 1 200 000,00 entoava CMF recebe por ano 5 800 000,00. como a CMF pode devolver tudo e só da uma migalha devia cafofo ter vergonha de falar que devolveu aos funchalences o IRS.
Mas não . Ainda tem a lata de repetir isso quando nem foi ele que apresentoubessa medida e mais ate criticou e chorou lagrimas de crocodilo que essa migalha ia lixar o orçamento da Camara .Ē este mentiroso que quer ser reeleito presidente por 2anos ?
Se 1% dá1.200.000. então 1% x 100 = 120.000.000
Cento e vinte milhões! 120!
As Câmaras só têm direito a 5% dos descontos em sede de irs, podendo abdicar destes em prol dos municípes. A Câmara de Lobos é que diz que vai devolver 20%. Só se for 20% dos 5% a que tem direito, logo só devolve 1% também da receita de IRS do concelho. E assim se manipula a informação.
Sr. Calisto, este é provavelmente o seu melhor post. Mas já reparou na quantidade de comentários? Muito poucos!
Conclui-se então que não interessa a quase ninguém.
Cada povo tem os candidatos que merece!
10.26
Caro Comentador
Pelo menos neste caso, aqueles a quem nos referimos são coerentes. Enfiam o barrete e ficam caladinhos.
Caro Calisto, enumere um candidato honesto, que vá cumprir as promessas em prol do povo!
18.34
Eu não acho que os candidatos - ontem, hoje, amanhã - sejam desonestos enquanto pessoas (grosso modo, grosso modo). Acho é que todos se deixam injectar pelo vírus político da mentira. Uns mais do que outros. Desatam logo a prometer bacalhau a pataco e o céu na Terra. Prefiro o candidato que diz: meus senhores, a autarquia está sem dinheiro, ainda por cima com uma dívida medonha, e se eu for eleito vou puxar pela cabeça a ver se criamos algumas melhorias para todos. Sem grandes gastos. Se acham bem, votem em mim. Se não...
Agora o caro Comentador diz bem: enumere um...
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