As
soluções dos políticos regionais…
Neste
documento irei elencar as quatro soluções base aplicadas pelos detentores de
cargos políticos da Região Autónoma da Madeira.
Imagine
o estimado leitor que há um problema económico, social, de saúde, ambiental, de
atraso administrativo, ou relacionado com o turismo, ou com a emigração, ou com
o urbanismo, etc…
Os
políticos regionais adotam quatro tipo de soluções base:
1. Criam
um gabinete (ou uma qualquer unidade orgânica). Muitas vezes solução dos
(infelizmente) nossos políticos é criar um gabinete, uma direção regional, uma
direção de serviços, um balcão de atendimento ou um grupo de estudos. Uma das
questões essenciais deste tipo de solução é: o que é que a unidade orgânica
pode fazer (normalmente é só estudar a situação e encaminhar as pessoas) que
não possa ou já esteja a ser feito por outra unidade já existente.
2. Investe,
gasta dinheiro, diminui proveitos, e encomenda-se obras e trabalhos. Este
tipo de solução é mais adequado para riscos. Um exemplo, é a saúde funciona
mal, faz-se um novo Hospital. Houve um aluvião, canaliza-se ribeiros. A
educação não está a ter bons resultados, faz-se mais escolas. Árvores caem,
poda-se todas. Há falta de árvores, planta-se. Etc…
Nos
exemplos, algumas das questões essenciais são: o problema de saúde está
diretamente relacionado com as condições físicas de trabalho; quais os ribeiros
é que devem ser intervidos e que tipo de solução deve ser adotada; os
resultados da educação devem-se às condições físicas das escolas? Ao tamanho
das turmas?; quais as árvores devem ser podadas e em que altura do ano; onde é
que se devem plantar as árvores?
3. Contrata-se
especialistas de fora.
4. Aplica-se
Técnicas de Manipulação Pública. Sobre isto já falei noutro sítio.
O Resultado
"Se
o homem correto (mago branco) usar o meio errado, o meio errado atuará de um
modo correto.(…)
"No
entanto, se o homem errado usar o meio correto, o meio correto atuará de modo
errado"
O segredo da Flor de Ouro
Demonstro
a veracidade destas afirmações com o seguinte exemplo: a decisão certa é
“lutar”. Mas se o líder for fraco, os seus generais não confiarão nele, pelo
que desde início a preocupação dos generais não é com o inimigo mas sim com
ele. Como é fraco, não sabe diferenciar: uma vantagem efémera, uma real
vantagem, uma desvantagem efémera e uma real desvantagem… pelo que decidirá
combater quando não há interesse, não poderá admitir seus erros (pois o poriam
numa situação de extrema fraqueza interna), e poderá cessar as hostilidades se
por mero acaso obter uma verdadeira vantagem.
Chamemos
o “homem correto” como competente, e o “homem errado” de incompetente.
O competente tem
conhecimento de causa das situações, e das pessoas envolvidas. Devido a isto,
pouco acontece que ele já não conheça a sua possibilidade de antemão, e que já
não tenha tomado medidas preventivas com o intuito de evitar esses
problemas/riscos. Em face do exposto, muito do seu trabalho não é conhecido
pela população. A convivência com ele permite aumentar os conhecimentos. O
respeito que ele inspira faz com que suas instruções sejam seguidas. A sua
Justiça faz com que os liderados acreditem que estão a trabalhar para o Bem da
população. Escolhe pela competência e muitas vezes lida diretamente com os
problemas e com os funcionários (a fim de avaliar a sua competência e a dos
seus dirigentes).
O incompetente por
seu lado, esconde-se e refugia-se na linha hierárquica para esconder suas
fraquezas, pelo que não conhece nem as pessoas nem as situações. As suas
opiniões e críticas são supérfluas e são idênticas aos que só leem os títulos
dos jornais. Ao contratar é induzido a escolher pelos que tratam diretamente
com ele. Ele também não pode fazer de outro modo, pois esses conhecem sua
incompetência, fraquezas e erros… e o incompetente não pode admitir que isso
seja conhecido. Pela mesma razão, “corta as pernas” as competentes e aos que
podem vir a ser competentes, pelo que os funcionários desinteressam-se pelas
suas tarefas e pela aquisição de conhecimento. O objetivo do incompetente é
recolher apoios, e para isso dá “tachos” a pessoas de “interesse”. Em face do
exposto:
1)
cria unidades orgânicas com competências sobrepostas ou que não fazem parte do
âmbito de atribuições da unidade que lidera, que serão lideradas por
bajuladores e incompetentes que não resolverão os problemas da população.
Exemplo. Há um problema económico, cria a direção regional da economia; há
Turismo, cria o Gabinete de apoio ao Turismo; há poluição, cria uma estratégia
de controlo de poluição embora o problema possa ser o não-funcionamento das
entidades fiscalizadoras da poluição; há problemas com emigrantes
(há vários anos), cria-se o gabinete de apoio ao emigrante mesmo que exista uma
entidade pública das Comunidades Madeirenses; há problemas de Ordenamento do
Território, cria uma entidade desse tipo sem sequer indagar se todas as
possibilidades legais relativamente a essa problemática estejam a ser
aplicadas, …
2)
encomenda obras e trabalhos sem critério nenhum para além de os publicitar
rapidamente na comunicação social. A questão das obras e trabalhos ser ou não
da competência da unidade que dirige é ignorada. O “gastar dinheiro” também ajuda
a manter seus “apoios políticos” (regra geral, chamados de clientela politica).
Os seus problemas pessoais são tratados como sendo da população: se por exemplo
tem quatro filhos menores, propõe que os infantários sejam de borla. Os
investimentos são baseados em opiniões não profundas: se a economia está mal,
diminui-se os impostos às empresas e aumenta-se o apoio estatal[ii].
Se os cidadãos sofrem, diminui-se os impostos[iii]…
;
3)
contrata especialistas que não o são. Quando não há dinheiro para aplicar as
soluções 1 ou 2, traz-se um “estrangeiro” para dizer bem de tudo o que está
mal. Exemplo. O aeroporto está sempre fechado e não há dinheiro para
construir um novo, traz-se um especialista para aumentar os limites de
operacionalidade do aeroporto. Há um aluvião, em vez de trazerem-se
especialistas em aluvião ou formar uns, contrata-se especialistas em hidrologia
e hidráulica, que vão aprender sobre aluviões.
4) Investe
bastante na manipulação pública.
Conclusão
Com
este documento, o leitor tem a possibilidade de perceber quais os políticos
competentes e quais os incompetentes com base na leitura de suas declarações
públicas nomeadamente das suas propostas e críticas apresentadas, e apreciando:
1. O
Conhecimento de causa da problemática e situações prementes da entidade[iv] à
qual se candidatam,
2. O
Conhecimento do âmbito de competências dessa entidade,
3. O
Conhecimento dos recursos disponíveis (inclusive financeiros),
4. O
Conhecimento das leis vigentes e demais documentos reguladores (exemplo: PDM).
Eu, O Santo
[i] Se tivesse escrito hoje,
adicionava mais uns capítulos.
[ii] Se a as empresas só
trabalham para o mercado interno, e não sofrem concorrência externa, então esta
“solução” não resolve nada pois o problema neste caso é excesso de competição
interna ou um mercado muito pequeno.
[iii] Se a esmagadora maioria
da população não paga impostos (o que paga é Segurança Social) então só está a
ajudar os que mais recebem. A alternativa seria aplicar rigorosamente as leis
do trabalho, como por exemplo, o horário de trabalho, o assédio, os direitos
dos trabalhadores, etc…
[iv] Exemplo, limpeza urbana,
etc…
4 comentários:
Santo, você é um chato, mas tenho que reconhecer que hoje esteve bem.
Embora repetitivo, você escreveu um bom artigo.
Deixe-me adivinhar. O competente é o Miguel Silva e os incompetentes são todos os que, por uma razão ou outra, fizeram algo com que o Miguel Silva não concordou. Mas é apenas a minha opinião... Afinal também não devo passar de um incompetente!
Houve uma aluvião e contratou-se um grupo de especialistas em riscos do Instituto Superior Técnico que produziu um relatório que, não fosse o Santo um incompetente, daria para fazer textos muito mais pertinentes. O pior é que quanto mais burros, mais convencidos são!
Já agora, ainda defende aquela barragem a montante do Funchal com a capacidade de levar meia cidade para o enterro em caso de galgamento?
Esta função pública está bem entregue está.. começando por este.
Toda a gente cá na secretaria sabe que o Miguel Silva é um alucinado que tem ideias estapafúrdias, sem sentido nenhum.
Mas ele acha-se um iluminado.
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