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terça-feira, 12 de setembro de 2017


As soluções dos políticos regionais…


Neste documento irei elencar as quatro soluções base aplicadas pelos detentores de cargos políticos da Região Autónoma da Madeira.
Imagine o estimado leitor que há um problema económico, social, de saúde, ambiental, de atraso administrativo, ou relacionado com o turismo, ou com a emigração, ou com o urbanismo, etc…
Os políticos regionais adotam quatro tipo de soluções base:

1.                   Criam um gabinete (ou uma qualquer unidade orgânica). Muitas vezes solução dos (infelizmente) nossos políticos é criar um gabinete, uma direção regional, uma direção de serviços, um balcão de atendimento ou um grupo de estudos. Uma das questões essenciais deste tipo de solução é: o que é que a unidade orgânica pode fazer (normalmente é só estudar a situação e encaminhar as pessoas) que não possa ou já esteja a ser feito por outra unidade já existente.
2.                   Investe, gasta dinheiro, diminui proveitos, e encomenda-se obras e trabalhos. Este tipo de solução é mais adequado para riscos. Um exemplo, é a saúde funciona mal, faz-se um novo Hospital. Houve um aluvião, canaliza-se ribeiros. A educação não está a ter bons resultados, faz-se mais escolas. Árvores caem, poda-se todas. Há falta de árvores, planta-se. Etc…
Nos exemplos, algumas das questões essenciais são: o problema de saúde está diretamente relacionado com as condições físicas de trabalho; quais os ribeiros é que devem ser intervidos e que tipo de solução deve ser adotada; os resultados da educação devem-se às condições físicas das escolas? Ao tamanho das turmas?; quais as árvores devem ser podadas e em que altura do ano; onde é que se devem plantar as árvores?
3.                  Contrata-se especialistas de fora.
4.                   Aplica-se Técnicas de Manipulação Pública. Sobre isto já falei noutro sítio.

 

O Resultado

"Se o homem correto (mago branco) usar o meio errado, o meio errado atuará de um modo correto.(…)
"No entanto, se o homem errado usar o meio correto, o meio correto atuará de modo errado"
O segredo da Flor de Ouro

Demonstro a veracidade destas afirmações com o seguinte exemplo: a decisão certa é “lutar”. Mas se o líder for fraco, os seus generais não confiarão nele, pelo que desde início a preocupação dos generais não é com o inimigo mas sim com ele. Como é fraco, não sabe diferenciar: uma vantagem efémera, uma real vantagem, uma desvantagem efémera e uma real desvantagem… pelo que decidirá combater quando não há interesse, não poderá admitir seus erros (pois o poriam numa situação de extrema fraqueza interna), e poderá cessar as hostilidades se por mero acaso obter uma verdadeira vantagem.

Chamemos o “homem correto” como competente, e o “homem errado” de incompetente.

competente tem conhecimento de causa das situações, e das pessoas envolvidas. Devido a isto, pouco acontece que ele já não conheça a sua possibilidade de antemão, e que já não tenha tomado medidas preventivas com o intuito de evitar esses problemas/riscos. Em face do exposto, muito do seu trabalho não é conhecido pela população. A convivência com ele permite aumentar os conhecimentos. O respeito que ele inspira faz com que suas instruções sejam seguidas. A sua Justiça faz com que os liderados acreditem que estão a trabalhar para o Bem da população. Escolhe pela competência e muitas vezes lida diretamente com os problemas e com os funcionários (a fim de avaliar a sua competência e a dos seus dirigentes).

incompetente por seu lado, esconde-se e refugia-se na linha hierárquica para esconder suas fraquezas, pelo que não conhece nem as pessoas nem as situações. As suas opiniões e críticas são supérfluas e são idênticas aos que só leem os títulos dos jornais. Ao contratar é induzido a escolher pelos que tratam diretamente com ele. Ele também não pode fazer de outro modo, pois esses conhecem sua incompetência, fraquezas e erros… e o incompetente não pode admitir que isso seja conhecido. Pela mesma razão, “corta as pernas” as competentes e aos que podem vir a ser competentes, pelo que os funcionários desinteressam-se pelas suas tarefas e pela aquisição de conhecimento. O objetivo do incompetente é recolher apoios, e para isso dá “tachos” a pessoas de “interesse”. Em face do exposto:
1) cria unidades orgânicas com competências sobrepostas ou que não fazem parte do âmbito de atribuições da unidade que lidera, que serão lideradas por bajuladores e incompetentes que não resolverão os problemas da população. Exemplo. Há um problema económico, cria a direção regional da economia; há Turismo, cria o Gabinete de apoio ao Turismo; há poluição, cria uma estratégia de controlo de poluição embora o problema possa ser o não-funcionamento das entidades fiscalizadoras da poluiçãohá problemas com emigrantes (há vários anos), cria-se o gabinete de apoio ao emigrante mesmo que exista uma entidade pública das Comunidades Madeirenses; há problemas de Ordenamento do Território, cria uma entidade desse tipo sem sequer indagar se todas as possibilidades legais relativamente a essa problemática estejam a ser aplicadas, …
2) encomenda obras e trabalhos sem critério nenhum para além de os publicitar rapidamente na comunicação social. A questão das obras e trabalhos ser ou não da competência da unidade que dirige é ignorada. O “gastar dinheiro” também ajuda a manter seus “apoios políticos” (regra geral, chamados de clientela politica). Os seus problemas pessoais são tratados como sendo da população: se por exemplo tem quatro filhos menores, propõe que os infantários sejam de borla. Os investimentos são baseados em opiniões não profundas: se a economia está mal, diminui-se os impostos às empresas e aumenta-se o apoio estatal[ii]. Se os cidadãos sofrem, diminui-se os impostos[iii]… ;
3) contrata especialistas que não o são. Quando não há dinheiro para aplicar as soluções 1 ou 2, traz-se um “estrangeiro” para dizer bem de tudo o que está mal. Exemplo. O aeroporto está sempre fechado e não há dinheiro para construir um novo, traz-se um especialista para aumentar os limites de operacionalidade do aeroporto. Há um aluvião, em vez de trazerem-se especialistas em aluvião ou formar uns, contrata-se especialistas em hidrologia e hidráulica, que vão aprender sobre aluviões.
4) Investe bastante na manipulação pública.

Conclusão

Com este documento, o leitor tem a possibilidade de perceber quais os políticos competentes e quais os incompetentes com base na leitura de suas declarações públicas nomeadamente das suas propostas e críticas apresentadas, e apreciando:
1.       O Conhecimento de causa da problemática e situações prementes da entidade[iv] à qual se candidatam,
2.       O Conhecimento do âmbito de competências dessa entidade,
3.       O Conhecimento dos recursos disponíveis (inclusive financeiros),
4.       O Conhecimento das leis vigentes e demais documentos reguladores (exemplo: PDM).


Eu, O Santo





[i] Se tivesse escrito hoje, adicionava mais uns capítulos.
[ii] Se a as empresas só trabalham para o mercado interno, e não sofrem concorrência externa, então esta “solução” não resolve nada pois o problema neste caso é excesso de competição interna ou um mercado muito pequeno.
[iii] Se a esmagadora maioria da população não paga impostos (o que paga é Segurança Social) então só está a ajudar os que mais recebem. A alternativa seria aplicar rigorosamente as leis do trabalho, como por exemplo, o horário de trabalho, o assédio, os direitos dos trabalhadores, etc…
[iv] Exemplo, limpeza urbana, etc…

4 comentários:

Anónimo disse...

Santo, você é um chato, mas tenho que reconhecer que hoje esteve bem.
Embora repetitivo, você escreveu um bom artigo.

Anónimo disse...

Deixe-me adivinhar. O competente é o Miguel Silva e os incompetentes são todos os que, por uma razão ou outra, fizeram algo com que o Miguel Silva não concordou. Mas é apenas a minha opinião... Afinal também não devo passar de um incompetente!

Anónimo disse...

Houve uma aluvião e contratou-se um grupo de especialistas em riscos do Instituto Superior Técnico que produziu um relatório que, não fosse o Santo um incompetente, daria para fazer textos muito mais pertinentes. O pior é que quanto mais burros, mais convencidos são!

Já agora, ainda defende aquela barragem a montante do Funchal com a capacidade de levar meia cidade para o enterro em caso de galgamento?

Esta função pública está bem entregue está.. começando por este.

Anónimo disse...

Toda a gente cá na secretaria sabe que o Miguel Silva é um alucinado que tem ideias estapafúrdias, sem sentido nenhum.
Mas ele acha-se um iluminado.