Cumprimos?
João Barreto
Há 4 anos, Cafofo e a sua Coligação então
denominada “Mudança” muito prometeu aos funchalenses.
Segundo o manifesto eleitoral então apresentado – e
que guardei religiosamente, até hoje -o governo do município seria inspirado em
valores como liderança, equidade, envolvimento comunitário, capacidade
de resposta, excelência, inovação, trabalho em equipa e integridade.
Em 38 anos de autonomia e de poder local
democrático, nunca tanto havia sido garantido. Muitos, como eu esperançados num
novo devir, votaram na tal “Mudança” que obteve uma vitória histórica e
infligiu a Alberto João Jardim o seu primeiro desaire eleitoral de relevo.
Quatro anos volvidos, o que é que temos?
Uma câmara municipal que navega sem rumo
certo, sem objetivo definido, ao sabor de modas e interesses mais ou menos
obscuros, e adiando, até à última da hora, os instrumentos de planeamento que
deveriam nortear e estruturar a sua ação como o Plano Diretor Municipal e o
Plano de Ordenamento Comercial.
Uma câmara geradora de conflitos e guerrilhas com
as instituições com quem tinha a obrigação de cooperar no interesse do
desenvolvimento do município, nomeadamente o Governo Regional e a Aguas e
Resíduos da Madeira.
Uma câmara que não ouve os munícipes e que
ignora ostensivamente as instituições e associações privadas, nomeadamente as
de cariz e função social, a não ser quando lhe são aliadas e estão presentes os
microfones e câmaras da comunicação social.
Uma câmara que não responde – posso garanti-lo por
experiência pessoal - às petições e reclamações de cidadãos e empresas, mesmo
em questões tão básicas, porém essenciais, como o abastecimento de água, o saneamento
básico, a limpeza dos espaços públicos e a manutenção da rede viária.
Uma câmara que promoveu a degradação dos
serviços municipais, alguns desmantelados, outros incompreensivelmente
amputados, outros sistematicamente apoucados, como foi o caso da fiscalização
municipal, a substituir – sabe Deus como, quando e porquê - por uma polícia
municipal cuja necessidade ou utilidade nunca foi cabalmente explicada.
Uma câmara que, do que é inovador, só colheu
e repetiu modas sem conteúdo ou resultado, inaugurando “balcões” a torto e a
direito, tão reluzentes quanto ineficientes.
Uma câmara cuja noção de trabalho em equipa
transpareceu, de imediato, no desmantelamento da primeira vereação executiva
eleita e na sucessão de intrigas que se lhe sucederam, até chegarmos à situação
atual em que tudo se reduz à imagem e vontade de um único homem que se quer
fazer passar por providencial e insubstituível (temos quatro cemitérios
municipais recheados de figuras semelhantes).
Uma câmara, enfim, que sempre que confrontada
com os seus próprios erros e omissões, tratou de remeter para outros as
responsabilidades, mesmo aquelas que custaram vidas humanas, e escondeu ou
escamoteou, sempre que teve oportunidade, os resultados da sua desastrosa
gestão.
Não obstante, vem um homem só, reluzente e
triunfante, alardear em cartazes gigantes espalhados por todos os cantos da
cidade, que: Cumprimos.
Quem cumpriu e o quê?
Quem, porque a dita figura não identifica os
partidos ou grupos que, supostamente, lhe dão apoio e substrato. Sendo a agora
“Confiança” uma coligação partidária, só a custo descortinamos os que a
constituem. Onde está a identificação dos partidos, nomeadamente o Socialista e
o Bloco de Esquerda? Têm peste? São feios e mal-encarados?
O Sr. Cafofo e a sua camarilha escondem as suas
cores. Têm vergonha da sua origem. São produtos híbridos, alguns disfarçados de
independentes, outros oriundos de grupelhos tantas vezes recusados pelos seus
próprios camaradas de partido. São, afinal, o produto das congeminações
sofisticadas de uma qualquer agência de comunicação, recomendada por Lisboa e
paga, ao que parece, por dinheiros municipais, que tanto “vende” presidentes de
câmara como vende pasta de dentes ou produtos para a queda do cabelo.
O que fez, já atrás descrevi. Pouco, muito pouco,
para alguém de quem tanto se esperava. Restam, manifestos, mas Inconfessados,
os projetos de poder pessoal, mirando outros voos e objetivos. Caberá ao povo
do Funchal decidir se vai no logro, ou se os manda passear. Afinal, a dita
“Mudança” não era destinada a efetuar uma troca de caciques na Quinta Vigia!
11 comentários:
Parabéns. Grande artigo
Muito bom
Eu sempre votei PSD mas nas últimas eleições votei Mudança. Arrependi-me assim que expulsaram os vereadores que não se agacharam ao sistema, arrependi-me assim que percebi que a mudança era apenas de caras porque os vícios continuavam, arrependi-me quando percebi que o trabalho da entitulada mudança cingia-se a meros atos publicitários sem se ver obra pública.
Por isso digo, precisamos de alternativas políticas credíveis e que queiram a verdadeira MUDANÇA. Até lá, voto naqueles que mesmo favorecendo os amigos, apresentam obra feita.
Pelo extenso testamento deve ter sido dia fraco no serviço público. O que vale é que o chefe é da mesma cor, certo?
E um tipo a pagar impostos para este fazer campanha no expediente
Espera, deixa-me ver se percebi a sua perspectiva:
O Cafôfo destronou um poder com 30 anos assente em compadrios, aldrabices, , mais, a principal opositora fez parte de MUITOS ANOS desse desvariou e você quanto a isso não se sente arrependido.
Extraordinária capacidade tem você de apreender obra... 4 anos provocaram-lhe desilusão mas 30 de enrabanço é pacífico. Fica-se assim. Tem pai que é cego. Já parece o Pradinha e o miguelito que têm uma capacidade de argumentação selectiva em igual proporção à lata ( bidão mesmo) esquecendo-se que esta ilha é pequena e que tudo se sabe. Acham que escapam entre os pingos da chuva mas não. E em Outubro o banho vai ser tão grande que até os jotinhas encobertos em perfis falsos vão bater de frosques deixando essas almas penadas sem eco.
Ó das 01.53, em que é que discorda do artigo, e em que é que as contas da Frente Mar não são péssimas ?
O Senhor anónimo de 4/9 às 22:31 presume que sou funcionário com um chefe tolerante. Presume mais que levei o dia todo a escrever o texto que foi publicado.
Nada sei sobre a fluidez da expressão escrita do senhor anónimo. Posso porém garantir-lhe que o texto em causa pode muito bem ser escrito com tempo e reflexão na pausa do almoço ou à tarde, no regresso a casa. Quanto à cor do meu chefe, notei efetivamente que tem aparecido mais bronzeado. Dizem que a vitamina D obtida através da exposição solar favorece a boa disposição. Será por isso que, se eu por acaso lhe tivesse pedido permissão para expressar a minha opinião, por certo ma daria. Acontece que, em trinta anos de serviço, nunca me passou pela cabeça pedir ao chefe autorização para pensar pela minha própria cabeça. Não será o caso do senhor anónimo, o que lamento.
30 anos de serviço Joãozinho? Isso é que deve ter sido campanhas eleitorais e jantaradas de apoio!
E nesses 30 anos pensou pela sua cabeça? Acredito, até 2015 pensava no Jardim e depois no Albuquerque.
"Fluidez da expressão escrita" ? Diacho, temos artista, ou estava no guião?
Em mandato de 4 anos já fizeram pior que o PSD em 40 anos
E uma gestão danosa punível por lei, crime peculato
Senhor anónimo de 5/9 às 17:26, ao contrário do que a sua limitada imaginação possa conjecturar, nunca precisei guiões e sempre fui dono e senhor da minha opinião e consciência. Se tivesse lido (no sentido de compreendido) o meu texto, teria certamente percebido que serei tudo menos seguidista ou fanático, seja de quem for. Posso adiantar-lhe também que, não obstante a proeminência física que não posso ocultar, sou homem discreto que detesta ajuntamentos e histerias. Sabem todos os que comigo trabalharam e trabalham que não alinho em rebanhos, nem sequer no papel de cão de guarda. Por isso campanhas e jantaradas só se forem em homenagem ao Glorioso.
Glorioso? Benfica.
Alguém no dia 1 de Outubro vai ser necessário calçar luvas e ir para a plantação das Bungavillas.
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