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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020


CDS-Madeira 
Este não é o vosso tempo, 
o vosso tempo já passou

Os 'políticos' do CDS-M viveram um fim-de-semana de congresso nacional.
Rui Barreto, antes de embarcar para o Continente, anunciou que levava consigo a inspiração do CDS regional para inspirar o CDS nacional. Uma maneira de dizer, porque o CDS nacional também foi dizimado nas eleições realizadas o ano passado e não precisava de inspiração ao estilo "inspira o roto o esfarrapado".

E se Barreto queria inspirar o CDS nacional com a "experiência" de governo cá na Região, pois o CDS nacional já é mestre em dar 'barracadas' nas instâncias ministeriais, não precisa de aprender com as aselhices dos ilhéus.
Rui Barreto - que, recorde-se, sempre chegou a líder do CDS regional - apregoou antecipadamente o seu apoio ao candidato João Almeida, apresentado na altura como inevitável sucessor de Assunção Cristas.
José Manuel Rodrigues, que é presidente do CDS regional - Barreto é o líder e Zé Manel é o presidente, mas é uma história longa e depois explicamos -, Zé Manel aproveitou o aparato mediático em Aveiro para conquistar uma manchete de jornal, daquelas que não falham por cumprirem as condições da LPM (a tal da Isabel dos Santos e não apenas). Então, afirmou no ambiente inebriante do congresso que nas ilhotas o CDS regional não deve deixar-se diluir na coligação de governo, ou seja, que não se deve deixar queimar em nome da apregoada unidade governamental e estabilidade regional.
O governo-sombra PS-M, reunido de emergência, rejubilou. 
Isso de o CDS-M não se deixar prejudicar no governo trouxe à ideia dos intriguistas as argumentações do mesmo Zé quando do bluff que alimentou com Albuquerque e Cafofo. Nos dias loucos em que ele trabalhava para ganhar a presidência parlamentar e, simultaneamente, uns lugares para os CDS's no governo: dizia ele então que primeiro estavam os interesses da Região e só depois os do partido.
Ver as coisas ao contrário seria do 'jet lag' Funchal-Aveiro?
Em pleno congresso, Zé Manel, acostumado a fazer vibrar auditórios falidos, preenchidos com a brigada do reumático da Mouraria, tentou arrancar uma ovação aos congressistas nacionais, propondo apoio do CDS a Marcelo nas presidenciais.
O gelo do congresso reflectiu-se no rosto de Zé Manel.
Mas Zé Manel é persistente. Ficou sem jeito ao pretender marcar ao nível nacional a agenda política, no tocante a presidenciais (o apoio do CDS a Marcelo), mas ao nível partidário tentou também fazer pender o congresso para um candidato, e pela certa, já que João Almeida era o favorito ainda. Do palanque, disse o Zé a Chicão que o seu tempo (de Chicão) não tinha chegado ainda - e tentou, agora sim, o aplauso certo dizendo a João Almeida que este era o seu tempo. Novo nevão caiu no salão de Aveiro, com incidência no púlpito onde Zé Manel mais uma vez exibia a pobreza de perspicácia dos políticos madeirenses.
Passou-se o congresso, votou-se como se votou. Os barões apanharam inesperada banhada, imposta pela juventude e pelas bases do partido.
Mais uma derrota estrondosa do CDS-Madeira, cujos caquéticos representantes queriam aproveitar a boleia de João Almeida para ganharem um pouco de moral que os iluminasse na fase regional que se segue - em que precisam de desfazer várias borradas que em tão pouco tempo perpetraram na coligação governamental.
Zé Manel vem de lá para cá de cara à banda, com tanta bofetada que apanhou em público. Vai precisar de mais uma nomeação qualquer, como a de político madeirense do ano de 2019 (a sério, não se lembram?). Não estou a ver o que possa ser, porque 'rei do carnaval' não seria grande coisa. Mas hão-de inventar um branqueamento qualquer.
Que pena cá na Madeira não aparecerem uns jovens Chicões, de direita e de esquerda, com paciência para pegarem na política e dizerem aos barões carreiristas - os Zés, os Barretos, os Albuquerques e os barões-novos do PS - que o seu tempo já era.
De verdade que, à excepção do antigo chefe da Tabanca, nunca apareceu nenhum ilhéu a brilhar em congressos nacionais. Vimos foi umas tentativas fugazes de pretendentes ao estrelato que passaram sem ficar nos registos. Mas o que se passou este fim-de-semana foi de mandar os madeirenses hibernar durante uns bons tempos na gruta da vergonha. 
Mas... esperem lá. Vergonha? Pois se, depois de enxovalhados no congresso do seu próprio partido nacional, onde ninguém lhes concedeu a menor importância e onde não acertaram uma - se depois disso tudo eles, em vez de se meterem num buraco, vêm de lá para cá mandando para o ar uma caterva de avisos ao vencedor do congresso, com a velha teoria da autonomia pr'àqui, autonomia pr'acolá!
Sem-vergonha é isto. 

12 comentários:

Anónimo disse...

..."com a velha teoria da autonomia pr'àqui, autonomia pr'acolá!

Sem-vergonha é isto"

...entretanto já se passaram 100 dias de governação dos "sem-vergonha"

Anónimo disse...

Parabéns Calisto, já estava preocupado com a falta dos teus belos artigos. Isto está divinal.

Anónimo disse...

O JMR sempre viu a politica como um projeto individual de poder, a comunidade é para ele um meio, um trampolim, para conseguir o bem-bom.

Anónimo disse...

O José M. Rodrigues é o mordomo avilhoado dos Sousas

Anónimo disse...

Oh Coelhinha não digas mal do Zé.
Podes chamar de vilhao mas o Zé Manel é um espertalhão. Vejam que ele não quis que o CDS ficasse com 4 secretárias oferecidas pelo Mentiras. Já dizia minha avó quando a esmola e muita o pobre desconfia.
Zé andou numa guerra desenfreada até conseguir vergar o PSD.

Anónimo disse...

Calisto, já faziam falta as suas análises. Deveria fazê-lo pelo menos uma vez por semana.
Quanto ao CDS-Madeira, teve de facto uma estrondosa derrota neste congresso, onde os seus líderes apoiaram declaradamente uma candidatura derrotada. E, o apelo de José Manuel Rodrigues ao apoio do CDS à recandidatura de Marcelo, nem teve reação da plateia. Estava todo inchado à espera de palmas, e à espera ficou, porque nem uma teve.
Espera-se mais distanciamento entre a nova direcção e a estrutura regional.

Anónimo disse...

o tempo que passou foi ao bloco , coelhinhos e as restantes trupes que ficaram de fora

Anónimo disse...

Este post acertou na muge, foi mesmo isso que se passou no congresso de Aveiro o Rui Barreto e companhia vieram quase todos com o rabo entre as pernas e a cabeça entre as orelhas

Miguel Mattos Chaves /PhD disse...

Estimado Senhor Dr. Luís Calisto,
Apreciei a sua veia analítica e o seu humor, no seu acutilante artigo.
Permita-me, no entanto, uma pequena observação, dado que, na minha modesta opinião, cometeu algumas injustiças.
O Dr José Manuel Rodrigues, tal como qualquer militante do CDS – Partido Popular exerceu o seu direito democrático de escolher, e tomar partido, por um dos Candidatos à Presidência do partido.
A meu ver, é legitimo e um direito seu, inalienável, pelo menos num Partido democrático, que o tenha feito. O seu candidato e a sua proposta de apoio à recandidatura do Senhor Presidente da República não tiveram desta vez acolhimento.
Mas a democracia é isto mesmo. Cada um de nós exprime livremente as suas posições e depois ou as mesmas são aceites, ou são recusadas. Nada de mal, ou de deslustrante, para quem as toma.
Tenho pelo Dr. José Manuel Rodrigues uma grande simpatia pessoal. E, apesar de desta vez, termos estado com escolhas e posições diferentes, em nada belisca a minha amizade política e pessoal com o mesmo.
Se bem o conheço, passada a natural disputa que é normal em Congressos, sobretudo em congressos electivos, creio que a partir de agora apoiará a nova Direcção e o novo Presidente do CDS – Partido Popular nacional.
Sei que os membros da nova direcção sempre tiveram muito respeito, amizade e solidariedade para com os militantes, simpatizantes e dirigentes do CDS-PP da Região Autónoma da Madeira e que esta relação se manterá nesse mesmo plano.
Creio que a Madeira tem tudo a ganhar, e nada a perder, com a sua actividade política. Sempre teve, e sempre terá, na minha opinião.
Com os meus respeitosos cumprimentos,
Miguel Mattos Chaves
Membro da Comissão Política Nacional do CDS – Partido Popular

Luís Calisto disse...

Ilustre Professor Doutor Miguel Mattos Chaves
Agradeço o seu comentário objectivo e esclarecedor, com o qual estou totalmente de acordo. Não encontro pontos a rebater. Talvez dois aspectos de somenos, se me permite: uma ilação insuficientemente fundamentada e um pequeno lapso.
A ilação é sobre as injustiças que terei feito ao nosso comum Amigo José Manuel Rodrigues. Não as consigo descortinar, já que baseei a minha despretensiosa análise em factos que passaram em directo na TV e francamente correu tudo mal aos representantes do CDS Madeira, algo que nem o Dr. Miguel Mattos Chaves desmente no seu comentário.
Quanto ao lapso: não sou Dr.

Melhores cumprimentos

Luís Calisto

PS - E já que não foi desta, que o próximo congresso do CDS vá mesmo para a bonita Figueira.

Anónimo disse...

Já que o Calisto corrigiu o articulista-comentador Miguel Mattos Chaves sobre o seu título académico, convém esclarecer o Membro da Comissão Política Nacional do CDS que José Manuel Rodrigues também não é Dr. Tem o curso dos liceus, o que em nada o menoriza, mas cujo desconhecimento de tal facto se acha estranho em quem se diz ter pelo visado uma "amizade política e pessoal".

Miguel Mattos Chaves /PhD disse...

Estimado Sr Luís Calisto,
Muito obrigado pela sua resposta e pela sua cortesia.
Da próxima vez que me deslocar à linda R.A. da Madeira teria o maior gosto em conhecê-lo pessoalmente.
Quanto à Figueira será com o maior gosto que o receberemos quando vier por cá.
Vamos lá a ver se conseguimos trazer o próximo Congresso para esta cidade.
Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves