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domingo, 1 de abril de 2012

Politicando


'PESOS PESADOS' DO PSD-M FURIOSOS COM JARDIM

 
“XXI Exposição Regional da Anona”
Na candidatura de Manuel António, precipitada por Jardim para travar Albuquerque, foi 'pior a emenda do que o soneto'.


"Ele (Jardim) costuma dizer aos jornalistas que não fala de candidatos às câmaras sem primeiro tratar do assunto com os órgãos do partido e agora veio escolher o seu sucessor sozinho, sem consultar sequer a Comissão Política!" O desabafo de revolta é de um antigo membro do executivo regional e ainda no activo político-partidário.
Em questão, o anúncio da candidatura de Manuel António Correia à liderança do Partido Social Democrata, claramente da iniciativa de Alberto João Jardim, em resposta ao avanço do rebelde Miguel Albuquerque.
Tal como companheiros seus, o dirigente descontente com a decisão individual do chefe sabe que este chamou alguns elementos da sua confiança integrantes de órgãos do PSD, incluindo o secretário-geral, Jaime Ramos, e o presidente do conselho de Jurisdição, José Prada. Mas para lhes dar conhecimento do nome de Manuel António, secretário regional do Ambiente, para não os apanhar desprevenidos, e não para saber da sua opinião.
"Mas os órgãos propriamente ditos não foram ouvidos, nem sequer a Comissão Política", diz o dirigente PSD. "O Alberto João precipitou-se por causa dos seus preconceitos relativamente ao Miguel (Albuquerque). Não tenho dúvidas de que ele tudo fará para impedi-lo de ganhar o partido."


Hesitações de Cunha e Silva obrigaram Jardim a segunda escolha


O mesmo elemento, com vasta experiência parlamentar, está convicto de que nem sequer os deputados, na sua maioria, estarão de acordo com o procedimento de Jardim, surpreendido com a candidatura avançada pelo actual presidente da Câmara. Mais: o nome de Manuel António - garante o mesmo dirigente PSD - é a segunda escolha de Jardim, feita há pouco tempo. "Ele (Jardim) sempre pensou no João (Cunha e Silva), mas o João tanto andou para a frente e para trás, ora queria, ora não queria, sempre a hesitar, a hesitar, e tanto vacilou que o chefe teve de passar ao nome seguinte, encarreirando as suas preferências para o Manuel António."

Mas foi tudo muito precipitado, entende a nossa fonte: "O caso devia ter sido ponderado até à exaustão e não decidido sumariamente só porque o Miguel (Albuquerque) avançou com a sua candidatura. É que assim não percebo como as coisas serão daqui para a frente. Ele (Jardim) deu a sucessão ao n.º 4 do governo regional, que assim passa à frente dos outros governantes todos. O vice-presidente continua lá dentro. Portanto, há um vice que é chefe do futuro chefe dele. Isto foi muito mal 'parido'. Não prevejo como é que será aquele relacionamento lá dentro. O João é o n.º 2 do governo e o outro é o candidato à sucessão. Que convivência! Não estou a ver."

É tempo de evocar o que sucedeu com o PSD nacional por causa do tabu de Cavaco. "Quando finalmente se foi para o congresso, o Fernando Nogueira tinha o apoio tácito do Cavaco, porque era vice dele no governo. Sem concertação prévia no partido. Depois candidatou-se o Durão Barroso. E apareceram outros. Conclusão: o PSD nunca mais se endireitou e daí para cá tem sido governo por vezes, mas em coligação." Quanto aos Açores, o processo pós-Mota Amaral não correu melhor ao PSD."
"Com todas estas lições e agora ele (Jardim) faz isto, declarando propositadamente uma guerra fratricida!", protesta o barão laranja com quem falámos. "Vamos ter barulho, porque o Alberto João não vai ter mão nisto, pode estar certo disto. "


Albuquerque provoca ciúmes em Jardim

Tudo - prossegue - porque Jardim ficou possesso com a candidatura de Miguel Albuquerque. "Ora, é natural um processo destes ser resolvido com uma disputa democrática interna. O Albuquerque avançou? Pois o chefe que tivesse a serenidade necessária para encontrar as soluções, se é que ele sequer se devia meter nisso. Dar tempo a que se criassem alternativas ao Miguel (Albuquerque), se fosse o caso. Tinha de haver algum tempo para tomar fôlego. Mas ficou nervoso..."
Mais do que certa é a mobilização geral no PSD-Madeira que Jardim tentará desencadear para deter o avanço de Albuquerque - diz o dirigente que nos fala. "Ele (Jardim) tentará pressionar e intimidar todos os militantes para que não votem no Miguel. Resta saber de que lado estará a máquina do partido."
O mesmo social-democrata crê, porém, que não será preciso esperar um ano para que os militantes percam os seus receios tradicionais de manifestar opinião diferente da indicada por Jardim. "Mais uns dias e isto está tudo diferente", prevê. "O Manuel António foi para os Canhas anunciar a sua candidatura e também a candidatura do chefe, para o Conselho Regional. Por aí os militantes percebem que o Manuel António foi mandado assumir-se pelo chefe, nunca tomaria uma inciativa daquelas sozinho. Ou seja, os militantes já perceberam que ele (Jardim) sai e portanto as coisas ficam diferentes de um momento a outro. O chefe disse, através de Manuel António, que já decidiu sair. E ninguém o vai ouvir como dantes, nem por sombras. Tenho falado com os meus companheiros, alguns da Comissão Política, e estão não só surpreendidos mas também indignados como nunca estiveram em outras asneiradas do chefe."


Estabilidade social em perigo

A conjuntura também é desfavorável a Jardim. "Este plano de ajustamento financeiro é trágico para a Madeira, o IVA dos 22% vai agravar a vida das pessoas, isto vai mudar tudo e não antevejo coisa boa em termos de estabilidade social."
A terminar, o mesmo dirigente do PSD sublinhou: "Não é com mais ofensas ao Miguel que o Alberto João vai conseguir o que quer. Aquele último parágrafo no artigo de sexta-feira no Jornal da Madeira é uma vergonha se for dita a qualquer pessoa, e ainda mais a um colega de partido. Isto vai mudar, vai."
Para reenquadrar a declaração anterior, reproduzimos aqui o tal parágrafo do artigo no JM assinado por um enigmático "AB":
"Dentro do partido, fazem-se alusões à envolvência da maçonaria em todo este processo, explicando também o forte apoio do Diário (de Notícias) a Albuqurque, 'para além do grupo Blandy ter ligações já há alguns anos com a família do actual presidente da Câmara - o seu irmão é enólogo numa empresa do proprietário do DN - que contribui de certa forma para uma aproximação e ligação mais estreita'".
Sem dúvida - dizemos nós aqui - um expediente pidesco que só tem uma resposta possível.

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