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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Cultura, Culturas


OS CIENTISTAS DO REGIME E A ECOLOGIA DE ALCATIFA 


A Ageratina riparia é uma espécie herbácea, perene, originária da América Central, que foi introduzida na Madeira, na primeira metade do século XX, como planta ornamental.
Deixou de ser cultivada nos jardins e transformou-se numa invasora extraordinariamente agressiva em algumas áreas de Laurissilva.
As imagens que aqui divulgo foram captadas nas duas vertentes da Ribeira de São Roque do Faial e antes de alguém rebater a sua veracidade, recomendo aos cientistas do regime que deixem de praticar ecologia de alcatifa e façam o mais rapidamente possível o percurso “Vereda do Lombo Grande – Levada do Castelejo”, com início no Lombo Grande (São Roque do Faial) e final na Terra Baptista (Porto da Cruz).
A Laurissilva que cobre as vertentes da Ribeira de São Roque do Faial (integrada na Reserva da Biosfera) está gravemente doente devido à propagação, que receio ser já impossível de controlar da Ageratina riparia, popularmente conhecida por Falsa Abundância.
Para os incautos a paisagem até está bonita, porque há um manto de milhões de inflorescências brancas a cobrir os taludes até ao leito da ribeira, que está quase seco.
Para quem estuda a Laurissilva há muitos anos, aquilo não é um manto. É a mortalha dos endemismos rupícolas.
Ranúnculos, Gerânios, Orquídeas da Serra, Goivos da Serra, Estreleiras, Fetos? Nada!
Tudo foi arrasado pela Falsa Abundância.
E o que têm feito a Secretaria do Ambiente e a Câmaras de Santana e Machico para combater a silenciosa chacina das espécies endémicas da Madeira?
Entre o Lombo Grande e o leito da Ribeira da Serra do Faial, nada!
Ao longo da Levada do Castelejo houve uma intervenção. Muito pior que nada!
Foram usados muitos litros de herbicida para matar a Falsa Abundância numa faixa à volta da levada. O resultado está à vista. Todas queimadas junto à água. Viçosas e preparadas para novas sementeiras, para cima e para baixo.
O uso de herbicidas, mesmo dos que eufemisticamente são vendidos como amigos do ambiente, é desaconselhável em ecossistemas sensíveis e muito particularmente à beira de cursos de água.
A IGA, entidade responsável pela gestão das levadas, tem o dever de responder às seguintes  questões:
- Quem ordenou aquela intervenção?
- Que herbicida foi usado?
- Qual impacto na qualidade da água, que nunca deixou de correr na Levada do Castelejo, responsável pelo regadio da maioria dos terrenos agrícolas do Porto da Cruz?

Saudações ecológicas,
Raimundo Quintal




Ageratina riparia  Fotos Raimundo Quintal


2 comentários:

jorge figueira disse...

Como de costume quem estuda os assuntos coloca questões difíceis de responder para quem apenas tem a missão de "cumprir ordens". As ordens saem dum emaranhado de competências onde a decisão política e a profissional não se distinguem. As coisas são assim desde que os totalitarismos existem. O corajoso Prof. corre o risco de o "embuçado" Bernardo jardim Fernandes voltar à liça para o insulto da ordem.Talvez não. Nestes novos tempos em que os ratos saltam borda fora e os guardas de Treblinka começam a sentir que o fim está próximo as atitudes mudam

Luís Calisto disse...

Caro Jorge Figueira

Tirou-me as palavras da boca!