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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Politicando

PROJECTO DA NOVA JSD CHAMA-SE 'VELHO JARDIM'


Assumidamente, os jovens laranja não 
apresentam uma única ideia que o eterno líder
já não tenha badalado. 


Atendendo à juventude do líder da JSD, a Madeira teria mais uns 30 e tantos anos de regime tão velho como o norte se ele, José Pedro Pereira, conseguisse futuramente afirmar-se dentro do partido laranja e confirmasse este partido laranja entre a maioria dos madeirenses. Tomando como base as suas declarações durante o "Em Entrevista" da RTP-M, esta quinta à noite, fica-se com a impressão de que o grande projecto político de Pedro Pereira e da organização que lidera para o futuro desta terra é defender e perpetuar Jardim mais o seu jardinismo.
O entrevistado, em vias de se licenciar em Direito, afirma ter devolvido à JSD um dinamismo que desaparecera nos últimos tempos, bem como haver engrossado a organização jovem de uma substancial tropa de militantes: 4.650 jovens maiores de 18 anos e 1150 menores de 18. Mas se, por um lado, ele brande o estandarte da renovação desta terra, até para evitar o que chama de regresso ao passado e à exploração do povo que o PND, afirma ele, pretende impor, como representante da Madeira Velha, Pedro Pereira, por outro lado, rejeita 'ab initio' as mudanças dentro do seu próprio partido - quer de nomes quer de estratégias. Ao empenhamento por parte de uma onda laranja diferente da jardinista no sentido da mudança interna, o líder jovem chama "tentativa para tomar o partido de assalto". Já o tinha dito.

Puxando ao estilo Jardim

Seguindo o estilo do chefe máximo, avisa que não permitirá isto, que não admitirá aquilo, e que se alguém ousar fazer diferente há-de "ter à perna" o líder da JSD.
O entrevistado reiterou tranquilamente o despautério absurdo criado pelo chefe das Angústias de que o PSD-M é o único 'partido autonomista', confundindo o jovem, também  ele, a 'autonomia da Madeira' com a 'autonomia para o chefe mandar'. Sublinhando que a sua organização de juventude apoiará Jardim para impedir os inimigos do ideal autonómico de impor o tal regresso ao passado. Assim como - olhando para dentro do partido - o jovem estará na linha dianteira para enfrentar a gente 'mal agradecida' que, depois de 36 anos a viver do jardinismo, aproveita hoje as dificuldades para tentar derrubar o chefe.
Pois se insistirem em desunir o PSD, há um remédio preparado: "Correr com essa gente do partido!"
O discurso de Jardim está bem decorado pelo chefe da Jota: só existe uma maneira de bater o PSD, que consiste em derrubá-lo por dentro, logo impõe-se fazer a limpeza que for precisa, como prevenção.
Se o presidente do partido acha que é melhor o congresso depois das autárquicas, então a JSD segue o mesmo caminho. Perante os que aparecem com ideias contrárias às do chefe, levar a cabo a limpeza partidária que o caso propõe, eis a palavra de ordem.

Estranha democracia

"Mais democracia do que isto?", dizia Pedro Pereira a dado passo da entrevista conduzida pelo jornalista Virgílio Nóbrega.
"Estou disponível para fazer disto a batalha da minha vida", afirma depois, com militância patética, mas escorregando inadvertidamente na tentação individualista: "É que, se não o fizer agora, mais tarde sofrerei as consequências."
Para já, protege-se com os nomes de Jardim, Virgílio Pereira e do antigo dirigente António Gil. Isso dentro do partido, para ganhar substrato. Ao mesmo tempo, lá fora, previne-se contra os políticos que, em seu entender, deviam sair do parlamento - designadamente o PND das acções populares e o PTP de José Manuel Coelho - para que finalmente aquela casa, diz ele, possa "ganhar credibilidade". Di-lo automaticamente, da mesma forma que repete a rejeição de que tenha insultado a polícia e insiste no aviso de que os caluniadores destes seus primeiros tempos de exposição pública pagarão pena por isso, em tribunal.
"Já dei instruções ao conselho jurisdicional da JSD para..." - vai contando, num estilo que tenta aproximar ao do cacique das Angústias, sem sucesso. "Um general não abandona os seus soldados quando..." diz ainda, escolhendo os galões para os seus ombros.

Projecto velho para novos

Finalmente, apoteose feita da 'mobilização geral' à volta do projecto político do líder Jota, com a tradicional 'guerra santa' contra Lisboa: "Contem comigo para não deixar que alguém do outro lado do Atlântico tente pôr os pés em cima dos madeirenses!"
Irreverências por acaso assumidas pelo próprio jovem, lá para o final da entrevista. De onde não ressaltou projecto nenhum de fundo, além das ideias para uma política desportiva regional entregues na Educação, de contornos tão desconhecidos como várias propostas que diz ter levado a outras Secretarias. Nenhum projecto a não ser a vaga de fundo que Pedro Pereira quer fazer dos tais 4 mil e tal militantes da Jota com direito a voto, para impor ao PSD as vontades do chefe Jardim. O projecto da juventude laranja, pelo que ficou plasmado naquele tempo televisivo de quinta-feira, tem quase 40 anos e poderia chamar-se 'neo-projecto Jardim' ou 'neo-projecto jardinismo'.
Um dia, como impõe a vida, estes jovens, então menos jovens, terão de assumir responsabilidades, tomar decisões próprias e enfrentar as consequências.
Quanto a Jardim, tem sorte em encontrar ainda alguns quem lhe seguem os desarticulados passos, e esses são alguns jovens como o líder da JSD.
Os mais antigos já o conhecem demasiado bem.

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