CAFÔFO E 'MUDANÇA' TERMINAM CAMPANHA
COM UMA INVULGAR ARRUADA
A coligação encabeçada por Paulo Cafôfo positivamente azulou a cidade do Funchal ao fim da tarde desta sexta-feira, com bandeiras e euforia. Nunca uma aliança ou partido oposicionista passeou auto-confiança e optimismo como esta 'Mudança' fez, mesmo ao cruzar-se com outras candidaturas.
'Mudança, mudança!"
O 'grito do Ipiranga funchalense' estrondeou na baixa da capital, esta tarde de sexta-feira, como qualquer coisa que já ninguém pode evitar. Uma onda delirantemente azul - não a pedir, mas como que a decretar uma viragem de comando na maior Câmara da Madeira, no domingo. Mas Cafôfo, no meio daquele mar de entusiasmo, teve a clarividência para deixar um aviso prudente, aqui e ali: "Ainda não ganhámos nada." Com esta explicação: "A vitória só acontecerá se os funchalenses forem mesmo votar em nós".
E assim é.
As largas centenas de apoiantes do projecto 'Mudança' continuavam porém imparavelmente confiantes, irradiando optimismo pelas ruas, sentindo-se parte talvez da maior arruada de sempre, em campanhas eleitorais aqui na Madeira. As vozes abafavam os tambores que abriam caminho ao cabeça-de-lista Paulo Cafôfo e a uma multidão empunhando bandeiras e lançando sorrisos aos boquiabertos transeuntes numa vigorosa afirmação de vitória como não nos lembramos de ter visto em arruadas no Funchal.
A desta sexta-feira saiu da sede, à Câmara Pestana, e estendeu-se pela Rua da Carreira para descer em direcção ao Dolce Vita, onde se cruzou com outra arruada, bem menor, do Partido Popular. A Placa Central (Avenida Arriaga) assistiria então a uma primeira passagem da 'Mudança', que avançaria para a Sé e para uma também primeira passagem diante da sede de campanha de Bruno Pereira, na Rua do Aljube. Os apoiantes social-democratas à porta da sede limitaram-se a assistir, denunciadamente surpresos, à longa e ruidosa serpente azul da 'Mudança'.
Depois, Cafôfo e apoiantes desceram e tornaram a subir a movimentada Rua Dr. Fernão de Ornelas, com o chefe dos candidatos a contactar populares para os últimos pedidos de votos.
Na sede laranja, organizava-se com muitos reforços a recepção à previsível segunda 'carga' barulhenta dos adversários. Foi com gritos "PSD! PSD!" e "Bruno Pereira! Bruno Pereira" que os PSD's tentaram resistir a mais uma demorada passagem da coligação, esta sempre com palavras de ordem que entraram nos ouvidos da cidade: "Mudança! Mudança! Cafôfo! Cafôfo!"
Não podemos deixar de atribuir, aqui e agora, nota alta para o espírito democrático que ressaltou deste encontro "de alto risco" entre coligacionistas e laranjas. Foi uma guerra de gargantas, de pulmões. Sem a troca de insultos de outros tempos.
Podemos comprová-lo com o vídeo que lá fizemos, já no fim do despique, quando desaparecia na Rua do Aljube a cauda do cortejo 'Mudança'. Antes, o grosso da coluna 'Mudança' abafara a resistência de social-democratas.
A cabeça das tropas coligacionistas já descia a Av. Zarco e ainda havia bandeiras azuis diante da antiga Casa Londrina, onde funciona a sede laranja.
Para Cafôfo e as centenas de apoiantes, seguia-se a Avenida do Mar, a Conselheiro José Silvestre Ribeiro, nova passagem pela Avenida Arriaga diante do Teatro e do Ritz - um autêntico rio azul a cortar pelo Banco de Portugal para o regresso à sede.
Aí, Paulo Cafôfo ainda dirigiu umas palavras aos apoiantes, onde pontuavam algumas caras conhecidas, mas muita gente anónima, do povo. Seguiu-se uma festa com saudações aos automobilistas que passavam na Câmara Pestana, apenas com uma faixa de rodagem transitável, tão compacta era a multidão concentrada entre a Rua de João Tavira e o Largo da Igrejinha. Emanuel Jardim Fernandes, antigo líder do PS, não dava vencimento a entregar manifestos aos condutores. Baltasar Gonçalves e Victor Freitas, líderes do PND e do PS, animavam a festa, tal como dirigentes de outros partidos da coligação.
Daí a mais um bocado, encontrámos pela cidade pequenos grupos da 'Mudança' e do PSD, a regressar às suas vidas. Olhando ao que outrora acontecia, verifica-se que a euforia mudou de sítio. As bandeiras azuis - levantadas por todo o lado; as laranjas - enroladas.
Mas as eleições só acabam domingo, às sete.
Pois. Parecendo que não, ainda falta o dia das grandes decisões. O dia dos 'patas rapadas', parafraseando o presidente do PSD.
2 comentários:
Caro Calisto, por este Post arrisco dizer que apaixonou-se pelo "Photoshop"! Cuidado! Para quem não sabe o Photoshop é uma caixinha de ilusões, torna tudo mais belo! Mas a realidade é outra... Não se iluda!
Caro Filipe, posso garantir mesmo que não houve Photoshop. Pois estive lá, e fui testemunha ocular da enchente de pessoas naquele espaço! Foi uma arruada que só vista em cidades como Lisboa, tamanha dimensão e sonoridade em que se tornou!
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