Powered By Blogger

sábado, 14 de setembro de 2013

Política das Angústias / Sábado


LÍDER HISTÓRICO DO CDS
CRITICA RODRIGUES 
E VOTA 'MUDANÇA'


Cabral Fernandes (no centro) ao lado de Lucas Pires, nos seus tempos de líder dos democrata-cristãos.



Dentro do próprio PP, muitos entendem que José Manuel Rodrigues não foi líder de "ideias claras" ao rejeitar um projecto eleitoral de aliança que pela certeza atiraria finalmente o PSD para fora da câmara funchalense.




O líder PP foi corajoso na
candidatura 'a solo', mas falhou
do ponto de vista colectivo. 
José Manuel Rodrigues já deve ter percebido a cabeçada política que deu ao ficar fora da coligação no Funchal. A opinião de rua desaprovou desde o início a fuga do PP ao projecto comum anti-PSD. As sondagens revelam que muito dificilmente se dissipará o ambiente hostil à candidatura que os populares apresentaram 'a solo', com Rodrigues à cabeça. 
Faltam duas semanas para as eleições de 29. Já não há muito tempo para inverter tendências de voto, prémios e castigos nas urnas. 
Pior ainda, para Rodrigues, é a constatação de que o mal-estar transpôs as portas do edifício democrata-cristão e vai minando os espíritos, lá dentro.
O Dr. Cabral Fernandes, por exemplo, não esconde o descontentamento: José Manuel Rodrigues cometeu um tremendo erro ao concorrer com uma lista monocolor, afirma peremptoriamente. Porque esta é uma grande oportunidade que se pode perder para uma mudança política no Funchal e, em seguida, na Madeira. 

Velho adversário do desenvolvimentismo desenfreado e ruinoso


Presidente do CDS desde 1981, cargo que deixaria mais tarde a Ricardo Vieira, Cabral Fernandes é uma figura emblemática e carismática no partido. Desde os primórdios que condenou a política desenvolvimentista sem rumo adoptada pelo jardinismo, prenunciando a dívida pública e os buracos financeiros que realmente estão hoje à vista. A denúncia que fez naquela época, sobre a ausência de liberdade na Região, levou Jardim a decretar unilateralmente o corte de relações do PPD com o CDS. Mas o então líder democrata-cristão, advogado na praça madeirense, manteve as suas posições. 
Foi com a mesma firmeza e frontalidade que ainda há pouco rejeitou, cara a cara com José Manuel Rodrigues, o convite para integrar a Comissão de Honra da candidatura popular às autárquicas de 29. E não se acanhou para justificar a nega: discordava literalmente da decisão do actual líder de ficar fora da coligação. Via nisso uma inconcebível falta de visão política.

José Manuel deslumbrou-se

Agora, ao tomar conhecimento dos resultados das sondagens que habitualmente animam os processos eleitorais, mais convicto se sente Cabral Fernandes da teoria que defendia: toda a oposição devia concorrer para derrubar o PPD-M e depois logo se via.
Na altura, não conseguiu convencer José Manuel Rodrigues. Que, a seu ver, se deixou deslumbrar pelos excelentes resultados que alcançou nas pretéritas regionais. Rodrigues partiu do notável aumento do número de deputados populares para um projecto de poder pessoal.

Caminho errado, dizem muitos populares como o Dr. Cabral Fernandes. Declara o antigo líder: "O sentimento de mudança na Madeira está a crescer tanto que já se instalou no interior do próprio PSD, como é consabido. E é quando este sentimento de mudança cresce que o José Manuel isola o partido, julgando conseguir um milagre sozinho!"

Cabral Fernandes diz não se importar que o acusem de prejudicar o partido com estas declarações. Quem fez para provocar um mau resultado não foi ele. Assim, abre o jogo sobre o seu voto, dia 29. Como se percebe, não vai votar no seu partido. Vai votar na coligação 'Mudança'.
"Não se trata", explica, "de eu estar a apoiar o Cafôfo, o PND, o Coelho, o partido dos animais, não é isso que está em causa. O que acontece é isto: a mudança está ali e é ali que eu vou votar."

Voto útil dos populares vai para Cafôfo

Cabral Fernandes não se conforma com o que chama "falta de visão" do seu descendente na presidência do CDS-PP. "Não sou só eu a pensar assim, como é evidente. Tenho falado com muita gente do partido e o desgosto alarga-se a muitos militantes. Pelo que já percebemos, o PP não terá hipóteses de chegar ao segundo lugar, quanto mais à vitória!"
No seu entendimento, melhor para José Manuel Rodrigues é que Paulo Cafôfo ganhe. Porque, se perde, e por pouca percentagem, todos lhe cairão em cima, acusando-o de ter entregue a vitória ao "inabalável" PSD. 
Conforme corre a pré-campanha, Cabral Fernandes acredita num salto da coligação que a coloque acima do PSD. Porque, com a sua atitude, Rodrigues já está a ver os votos do PP transferirem-se para Cafôfo. Da sondagem do Expresso para a do DN-Madeira, o PP perdeu 2% e a coligação ganhou 2%. Os números falam.
"Esta é a melhor ocasião que já vi para tentar um corte com o velho poder do PPD", teima Cabral Fernandes. "Quem não percebe isto não tem discernimento político. E dou comigo a pensar por que diabo é que o José Manuel decide retardar a mudança!"

José Manuel Rodrigues, 'encostado' pelas sondagens, sente já estas reacções. Mas poucos acreditam numa "chicotada psicológica" na Mouraria, depois das eleições, se os resultados forem os que estão nas previsões. Há barões populares que, nos bastidores, se dizem tratados com ingratidão pelo líder, aquando da constituição das listas. Mas não se manifestam perto do chefe. O aparelho está montado e tanto Lopes da Fonseca e Lino Abreu como o próprio Rui Barreto, a par de outros hoje bem colocados na estrutura, não admitem qualquer descolagem do líder, aconteça o que acontecer.
Os lugares no parlamento continuam garantidos...


Victor Freitas não conseguiu convencer Rodrigues


José Manuel Rodrigues sabe que tem o partido na mão, apesar do descontentamento entre a velha guarda. Tanto assim é que agiu por sua conta ao rejeitar o convite para integrar a coligação no Funchal. O líder socialista Victor Freitas contactou-o em Novembro para o efeito, mas a conversa não adiantou: não, não e não. José Manuel a dizer que o PP tinha preparada a sua candidatura.
Victor, ao que nos conta, insistiu, mostrando sondagens segundo as quais, havendo coligação, e segundo o ambiente da época, o PSD perderia a maioria em todas as câmaras da Madeira, à excepção da Ponta do Sol, Calheta e Ribeira Brava.
As conversações ficaram por aí - diz Victor Freitas, que neste fim-se-semana faz campanha porta-a-porta no Porto Santo, ilha onde também já se admite queda laranja. 

Dizem-nos que, depois do encontro de Novembro-2012, dirigentes de outros partidos da coligação assediaram o PP. Cedendo inclusivamente a José Manuel o direito de escolha do cabeça-de-lista, desde que fosse um independente. Adiantam-nos mesmo que chegaram a admitir a coligação com uma lista liderada pelo popular Rui Barreto, deputado nacional. Nada. O PP entregou listas próprias, José Manuel apareceu à cabeça e Rui Barreto foi atirado para candidato à assembleia municipal de Santana. 

Acreditamos que José Manuel Rodrigues esteja arrependido. Que ganha com o estado de coisas presente? Já disse que também não aceitará fazer alianças depois das eleições. Como será, então? Uma câmara ingovernável com o social-democrata Bruno Pereira na presidência? Ou acordos PSD-PP caso a caso?
Uma fossada municipal.


PP e PSD em baixa, cresce a Coligação

Há outro cenário que vemos cada vez mais real, que é a subida da popularidade de Cafôfo levar à vitória coligacionista dia 29. 
Será possível?
O PP atravessa uma crise em plena campanha, como acabamos de ver, a qual se reflecte nas sondagens. É uma questão de andar na rua, para se perceber. O cidadão normal associa automaticamente à candidatura PP o 'não' de Rodrigues à coligação e as trapalhadas e contradições de Paulo Portas no governo central.
Quanto ao PPD, está num frangalho político e em cada dia que passa regista mais divisões internas e baixa da popularidade de Jardim. Por outro lado, é escusado tentar apagar da mente do eleitorado a postura de Bruno Pereira no conflito Jardim-Albuquerque.

Depois, mau grado os esforços de Rodrigues e de Jardim para se mostrarem contra os cortes nas reformas do povo, a verdade é que vêm aí, nos próximos dias, novas medidas do Orçamento do Estado altamente penalizadoras para toda a gente. Na hora de votar, o que o explorado eleitor encontrará são os símbolos dos partidos. Escolherá os símbolos dos partidos que estão no poder lisboeta e funchalense, a cortar pensões e a aumentar impostos? Para Jardim: isso de culpar Lisboa já deu, já. Teve o seu tempo.

Alastra o sentimento de mudança 

Da parte da coligação, a estratégia será, apostamos, não "espantar a caça". Resulta bem o discurso 'pela positiva' de Paulo Cafôfo, candidato que tem ajudado o povo a matar saudades dos tempos em que se falava sem berrar. 
O PP diz ter "ideias claras", mas é a coligação a transmitir as suas mensagens com mais clareza.
É também a coligação a oferecer aos funchalenses a oportunidade de concretizar um sonho que cada vez mais parecia irrealizável: a mudança política nesta terra.
Há muita gente nesse movimento - ou, como diz o Dr. Cabral Fernandes, nesse "sentimento de mudança".  
Em política não há impossíveis, e a coligação 'Mudança' tem todas as razões para, além dos eleitores próprios dos partidos que a compõem, confiar no voto útil de milhares de votantes do PP.  
Como novidade impensável até há bem pouco, a coligação receberá, sem a menor dúvida, uma imensidão de 'votos úteis'... caídos das laranjeiras que definham na Rua dos Netos.  

9 comentários:

Anónimo disse...

Um lider que fica em terceiro lugar na corrida a uma câmara, nunca chegará a vencer a Região.

Anónimo disse...

Mas como vai governar o Funchal uma coligação com tanta gente que não se entende; que a única coisa em comum, repito, A ÚNICA COISA EM COMUM, é derrubar o PSD?
Eu até ver vou manter o meu voto CDS.

Anónimo disse...

Caro Luís Calisto, ajude-nos a esclarecer duas dúvidas:
- Esse compromisso do JMR de não estabelecer alianças pós-eleitorais na CMF é irrevogável?
- Em caso de vitória do PSD/Bruno Pereira, será possível um cenário de não assumpção por parte de JMR do seu lugar de vereador na CMF, libertando os restantes vereadores eleitos pelo CDS para uma aliança pós-eleitoral (a drª Margarida Pocinho e companhia Lda. podiam sempre dizer que aquele fora apenas um compromisso pessoal de JMR e que não vinculava os restantes representantes do CDS)?

Luís Calisto disse...

Caro Comentador, vou deixar a minha leitura nas duas questões.
1. Jardim diz que sai em 2014 irrevogavelmente, o que em linguagem política quer dizer que irrevogavelmente vai tentar ficar. Zé Manel é político e deve ser lido da mesma maneira.
2.Zé Manel tem aspirações a Paulo Portas da tabanca, ou seja, de chegar ao poder regional, embora a reboque do laranjal. A Câmara pode ser o trampolim. Quanto à declaração de princípios, Zé disse mesmo que era o PP a não aceitar alianças e não ele apenas.

Moral da história: eles podem dizer o que quiserem. Depois, como faz o chefe das Angústias, dizem que recuaram 'em consciência'.

Segunda moral da história: se não fosse aquela malta da política, como é que nos íamos divertir?

Anónimo disse...

A propósito da moral da história, há um blogue bem conhecido - wehavekaosinthegarden.com - cuja divisa é mesmo essa, ou seja, se há quem chore de alegria porque não haveremos de rir de tristeza?

Anónimo disse...

"toda a oposição devia concorrer para derrubar o PPD-M e depois logo se via."

Por esse tipo de atitude de conquistar o poder pelo poder é que chegamos ao lodaçal presente.
Não estamos em tempos de andar a brincar aos irresponsáveis: é tempo de mudar quem está no poder mas com responsabilidade e com um rumo claro e bem definido.

Anónimo disse...

Ai Mouraria...

Anónimo disse...

Cabral Fernandes tem toda a razão...eu também gostava do CDS e agora abomino esse partido a nível nacional e regional...só quer ser a muleta do ppd para chegar ao poder...

Anónimo disse...

Calisto diz que o José Manuel domina o partido . eu não tenho tanta certeza disso , pois só assim se explica a não inclusão do nome de Rui Barreto no funchal . JMR tem medo de ser ultrapassado .