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sábado, 21 de setembro de 2013

POLÍTICA DAS ANGÚSTIAS / SÁBADO



CAMPANHAS PARALELAS NO PSD-M

DEPOIS DOS PRIMEIROS DIAS DE CAMPANHA, AS OPINIÕES DE RUA SUGEREM QUE BRUNO PEREIRA NÃO CONSEGUE DISTANCIAR-SE DA COLIGAÇÃO, PELO CONTRÁRIO 


Chefe Jardim mostrou sexta-feira que, fisicamente, está aí para as curvas. Mas o discurso repetitivo atraiçoa-o. Viu-se na Praça do Mar que o povo não tem paciência para mais. Antes de Tony Carreira cantar, sentiu-se a euforia das 'bandeiras no ar', porém por conta dos jotas, das centenas de candidatos às autárquicas e dos sevandijas desesperados com as sinecuras a expedir das mãos, o normal em fim de regime. Jardim já fez a sua campanha pessoal e parte segunda-feira para uma semana de turismo europeu. Entra em cena Miguel Albuquerque, a pensar, tal como o chefe máximo, em Dezembro de 2014.





A uma semana exacta das eleições autárquicas, eleitorado e partidos reconhecerão que nada de empolgante aconteceu nos últimos dias susceptível de modificar grandemente as tendências de voto conhecidas.
No Funchal, não nos parece que Bruno Pereira esteja a conseguir distanciar-se da concorrência, considerando a escassa margem de vantagem que as sondagens lhe atribuíram já. Pelo contrário, a opinião pública, espelhada em cada café ou esquina, parece querer dizer que o PSD encontrará muitas dificuldades daqui até 29 para segurar a vitória minoritária de que os estudos de opinião falam. 
Para piorar a situação da lista laranja, cintila em todo o anfiteatro funchalense uma crescente mobilização das hostes coligadas, com o fenómeno Paulo Cafôfo na vanguarda. Ninguém pode atribuir uma vitória antecipadamente a Cafôfo. Mas ninguém aposta demasiado na sua derrota.
É uma fase difícil para os social-democratas de Bruno Pereira, que não conseguem penetrar no eleitorado à direita. 
O PP resistiu a contrariedades recentes de vulto, como as declarações do líder histórico Cabral Fernandes sobre o seu voto na 'Mudança'. 
Nota-se um segundo fôlego na campanha dos populares. Insuficiente, no entanto, para que arrisquem acções propagandísticas de encher o olho. José Manuel Rodrigues prefere mesmo evitar a prova de um comício, optando por dizer que isso só serve para gastar dinheiro e que o melhor é aplicá-lo em números de solidariedade. 

Este processo eleitoral tem um condimento suplementar: a campanha paralela visando objectivos mais distantes do que as autárquicas. E até essa campanha continua sem novidade. José Manuel Rodrigues não parece agora mais longe ou mais perto de ser candidato credível à presidência do governo, em 2015. 
Do lado laranja, Miguel Albuquerque e Jardim prosseguem na sua passada para 2014 como até aqui - mais larga a do presidente da Câmara.



É tudo nosso: PSD manda fechar a Pontinha

As camionetas fretadas pelo partido, alinhadas ao fundo, no molhe. O cidadão ficou proibido de lá entrar.






É justo reconhecer, entretanto, que chefe Jardim não perdeu todo aquele velho fulgor em palco. O caudilho insular demonstrou-o na Praça do Mar, esta sexta-feira. Não saltou em palco, não esganiçou a voz como outrora, porém conseguiu puxar pelos jotas e pela legião de candidatos estrategicamente colocados na praça para agitar o fervor artificial das 'bandeiras no ar'.
Os organizadores, com Jaime Ramos lá metido, não queriam dar razões para o chefe continuar agressivo com a máquina partidária. Portanto, um mar de gente com bandeiras diante do palco. Até a Polícia colaborou nesses cuidados. Evitar que o povo se dispersasse antes da chegada de Carreira. Um guarda na entrada da Pontinha impedia a passagem de carros lá para dentro. Impedia, como quem diz: as camionetas que chegaram das zonas rurais, com velhos e velhas de bandeira na mão, passaram para o molhe e lá ficaram alinhadas, às dezenas, à espera do fim da festa.
"Não podemos passar porquê, sr. guarda?"
"Não pode" - o homem fazia sinal para seguirmos à vida.
"Desculpe, sr. guarda, mas posso saber porquê?"
"Não pode passar."
"Desculpe, aconteceu alguma coisa? Não há barcos..."
"Não pode passar."
Assim esclarecidos, lá fomos rodar até depositar o carro algures.  

No palco da festa, falavam os candidatos às câmaras. Para depois começar a inevitável intervenção do patrão. Insistimos: o homem não perdeu a jeiteira para aquilo. Conseguiu criar ambiente para a campanha. A sua campanha, pois claro. Ele não faz um gesto que não seja para consolidar o poder que se esboroa. Esteve na Praça do Mar para mostrar vigor e a inquebrável determinação de continuar na posse da cadeira onde se senta, nas Angústias - mesmo por cima do palco onde se exibia. 
"Não tenho intenções de parar", fugiu-lhe a boca para a verdade. Porque, ainda há pouco, disse que ia embora para o ano, irrevogavelmente. Enfim.


Bruno devia ser o último a intervir

Se Jardim estivesse verdadeiramente empenhado, não na sua própria campanha para 2014, mas na luta do PSD-Madeira nestas eleições autárquicas, não começaria o discurso a dizer que seria breve a fim de não fazer os espectadores esperarem pela 'vedeta da noite', Tony Carreira. O que ele faria era subir ao palco no início, pedir votos para o PSD no dia 29 e chamar as atenções para a intervenção da 'vedeta da noite'... Bruno Pereira, o candidato anfitrião da festa.
Afinal, o PSD trouxe o caríssimo Tony Carreira para quê? Para obrigar o povio a ouvir o mesmíssimo Jardim? Que é que está em causa nesta campanha? 
Jardim sabe das fortes dúvidas em vários concelhos da Região em matéria de resultados eleitorais. Está farto de conhecer o berbicacho do Funchal, onde Bruno Pereira se encontra, talvez irremediavelmente, longe da maioria absoluta, e a um pequeno passo da derrota. Mas que interessa isso quando as 'regionais' são lá para 2015 e é para lá que o chefe aponta, iludido com a possibilidade de vencer Albuquerque em 2014!
Então, como fazer o alinhamento da noite na Praça do Mar? 
Despachem as intervenções dos candidatos às câmaras (o do Porto Santo, com comício marcado para sábado à noite, não veio) e deixem o número de fundo para o grande líder, colado ao espectáculo de Tony Carreira da apoteose, que é quando há mais gente.



Discurso das banalidades bafientas

Francamente, não acreditamos que ao ainda líder do PSD passe despercebido quão repetitivo é o seu discurso - aliás normal depois de 35 anos. Jardim mexe-se em cima do palco, ainda canta, mas daquela boca só saem frases que com o tempo se tornaram banais. É o "obrigado aos madeirenses por estes 35 anos"; "a obra feita não é minha, é de todos vós"; fogo nos demónios dos ingleses e seu Diário; é Lisboa que nos faz "levar" com aumentos do IMI, IVA, IRS, IRC, com cortes nas pensões e reformas; esses partidecos que andam aí não interessam, interessa sim quem está por trás deles, obviamente os ingleses, sempre eles.
Basta!
O público, ansioso pela entrada em cena de Tony Carreira, porque para ouvir o cantor pimba é que vieram dos outros concelhos 4 mil almas em camionetas fretadas pelo PSD, dispersava-se em conversas fora do contexto político. Alguns ainda se davam à maçada de acompanhar, automaticamente, o agitar de bandeiras dos jotas e das centenas de candidatos, por sua vez puxados pela orquestra de serviço.
Mas, entre os juízos que Jardim repisava, conseguíamos seguir as preocupações das fãs de Carreira.



Fãs de Carreira na bilhardice

Mesmo a nosso lado, uma delas contava a conversa que mantivera com "aquelas quatro senhoras que andam sempre atrás dele (o cantor)". Vieram à Madeira como já foram a tanto lado e hão-de continuar a ir, até ao estrangeiro - dizia, bem alto por causa dos batuques que sublinhavam a ladainha de Jardim.
E Jardim dizia qualquer coisa como defender com unhas e dentes as conquistas do 25 de Abril - ele que sempre sentiu asco todos os anos no aniversário dos cravos.
"O Tony diz que gostava de comprar casa na Madeira, mas uma delas (as senhoras) garantiu-me que ele já tem uma cá", ouvimos dizer a tal fã. Pouco depois, um elemento do staff de Carreira dir-nos-ia algo parecido: que o Tony está a fazer uma casa nas Neves, perto da que Ronaldo lá tem. Bem pode Tony pintar a casa de laranja...
Mas devem ser dicas ao calhas para dar notícia em revistas cor-de-rosa. Conversas de bastidor enquanto Jardim falava na necessidade de mais Autonomia, de uma revolução para evitar que a Madeira volte ao tempo em que os capitalistas mandavam. E na importância de continuar a sonhar. Sonhar e mais sonhar. 
A banda contratada repetia o número conhecido de acompanhar as palavras finais do chefe laranja, desta vez dedicadas ao sonho que foram estes 34 anos e ao sonho de continuar eternamente com o sonho.
Soavam esses acordes e Armando Abreu, da máquina laranja, entregava ao financeiro de Carreira, em mão, o cheque presume-se que com os 40 mil euros contratualizados. Única maneira de fazer Tony Carreira subir ao palco.
O colaborador da equipa de Tony não nos quis revelar quem paga o hotel, as 3 carrinhas e o Mercedes para o Tony andar, bem como as passagens de avião para o grupo - em turística, à excepção do cantor, que veio em executiva. 
Não quis dizer, mas aquele sorriso sardónico do homem deu-nos a entender que a Fundação tem uns extras para cobrir.
Estava tudo pronto para a música pimba. Na Avenida Sá Carneiro, começou a debandada de quem nada ouvira dos discursos, porque o som não chegava lá. Uma revoada rumo à Praça do Mar. Em todas as partes do recinto, bandeiras laranja para baixo, jotas a desandar. Povo e mais povo a chegar dos lados da marina.
Para esses, o comício era Tony.



Carreira começa a trabalhar, políticos partem

Para o staff da brigada pimba, começava o serviço a sério. Seria uma esfrega até ao momento de a equipa toda, Tony incluído, voltar ao Regency para uma ceia retemperadora. 
Enquanto combatíamos o calor com uma imperial fresquinha na Praça do Mar, recordámos o que nos dissera Santos Costa, duas horas antes: que estava ali como fã do Carreira. Ironia, claro. A esta hora já devia seguir o antigo secretário do Equipamento Social a caminho de casa. Qual Tony Carreira! Costa e os laranjas todos só precisavam de assinar o ponto de maneira que se visse.  


À chegada, Miguel Albuquerque acenou para os Leitores do 'Fénix'. Depois, internou-se no arraial comicieiro.






Antes de imitar Santos Costa e os mais apressados, Miguel Albuquerque ainda "enfiou algumas" imperiais, com social-democratas, caras conhecidas de vários concelhos.
João Cunha e Silva, metido no fato de quem trabalha, estava mais discreto.
Jardim, dentro em pouco, voltava ao BM 523 i azul metalizado, da Fundação - para fugir rapidamente à pimbalhada, apostamos.
Desempenhara o seu papel pessoal, agora nem pimbas nem autarcas. É. Está tão preocupado com o que possa acontecer nas eleições, que marcou viagem para longe - naquelas altas missões internacionais de que fala. 
Pelo que nos afiançaram, é capaz de regressar no sábado. A tempo de reflectir na cor do voto. 

Zarpámos a passo lesto da Praça do Mar, a recordar que a equipa do som fizera o gosto ao grande chefe, pondo no ar a música de José Cid a falar dos sonhos de há 20 anos. Era para combinar com a cantilena final da intervenção de Jardim - o sonho que se viveu, o sonho de estarmos aqui, o sonho para sonhar, o sonho para continuar... 
Mas a letra de Cid insistindo aos nossos ouvidos: "Sonhos que o tempo apagou..."
Pela Av. Sá Carneiro levámos lume, apesar dos sucessivos tropeções e encontrões nos magotes que de passo apressado pendiam ainda para o lado das melodias, salvo seja, de Tony Carreira.
Vista do Beerhouse àquela hora da noite, a zona da festa, encimada pela obscura Quinta das Angústias, fazia lembrar qualquer coisa que o tempo apagou, mas, se querem que diga, nem era sonho nem pesadelo, era um vácuo sem o menor sentido.



Campanha e campanhas

Em matéria da campanha paralela à das autárquicas, chefe Jardim esteve bem na Praça do Mar, embora sem discurso galvanizador, longe disso. 
Miguel Albuquerque também fez pela vida. Conviveu com amigos do partido e fez notar a sua presença. A essa hora, não sabíamos que o presidente da Câmara tinha programada uma acção de campanha, logo na manhã de sábado, a favor de... Bruno Pereira. Mas tinha.







Quando tomámos conhecimento da surpreendente novidade, já não víamos Miguel por perto. Só hoje pudemos perguntar a um conhecedor da matéria, enquanto Bruno e Miguel passeavam pela promenade do Lido: quem fez a aproximação? Bruno pediu socorro ou Miguel quis-se colar e ofereceu-se?
Nem uma coisa nem outra. A iniciativa partiu de José Coelho, candidato à junta de freguesia de São Martinho, que organizou a acção de campanha em causa e convidou Miguel Albuquerque. Coelho foi apoiante de Miguel nas eleições internas, contra Jardim. Daí...
Aliás, Miguel Albuquerque participará também na campanha de Santo António. Rui Santos, candidato à Junta, integrou a sua lista para a comissão política do PSD, naquela batalha contra Jardim, o ano passado. Está explicado.

Analisando estas originais cenas da política das Angústias, não vemos que Miguel esteja a fazer muito diferente de Jardim, embora muito longe de deter as responsabilidades do chefe. Entendemos que o primeiro ímpeto do autarca para tomar parte neste processo eleitoral foi com os olhos postos nas internas de 2014, que se sucederão a uma campanha longa e dura. 
É humano.



Apoio de Miguel a Bruno desiludiu cidadãos... por pouco tempo



Esta manhã (sábado), cidadãos na baixa mostravam-se indignados com o apoio de Miguel a Bruno. "É para dar graxa ao outro (Jardim), isto é tudo igual." Mas, pouco depois, estava entendido o papel de Miguel.
Dirigentes da oposição também reconheceram: não havia alternativa. Pelo que Albuquerque bem andou, diziam oposicionistas, ao meter-se na campanha - mau grado as mossas que possa causar nas candidaturas contrárias.
Da nossa parte, não acreditamos que o autarca funchalense vá provocar essas mossas. Depois da primeira surpresa, os eleitores percebem os porquês da inusitada situação. Poucos mudarão de voto por aí, julgamos.

O que nos parece é que os problemas de Bruno aumentaram. 
Até aqui, teve a seu lado Jardim. Cuja presença ora criava inconvenientes, como nos ataques baixos aos adversários, ora ofuscava o candidato.
A partir de agora, verá Jardim longe, uma semana, para depois chegar cá e acusá-lo de um possível descalabro. Ao mesmo tempo, terá Miguel Albuquerque a retirar-lhe muito do protagonismo, nas acções de campanha onde comparecer.
Fase negra, Bruno!



'Mudança' mobilizada na Nazaré







Enquanto Bruno e Albuquerque passeavam na zona chique do Lido, a caravana da 'Mudança' percorria o Bairro da Nazaré, onde Paulo Cafôfo, até ao dia de hoje, tem sido muito bem recebido.
No polivalente do bairro, decorria um torneio de futebol organizado pela candidatura. Pelas ruas, desfilavam candidatos, dirigentes das diversas formações da coligação e apoiantes. Fomos encontrar essa arruada com muita animação, bem disposta, irradiando mensagens, cores e sons. Cafôfo a liderar a abordagem aos munícipes. Victor Freitas, Jaime Leandro, Baltasar Aguiar, Dionísio Andrade, Guida Vieira, Roberto Almada e outras figuras conhecidas, no meio de muita gente, enfim, conseguimos perceber a mobilização geral em marcha decidida para domingo, 29.  
Pois, mas no dia das eleições, o povo... 
Não. Parece que, desta vez...


4 comentários:

Anónimo disse...

Miguel Albuquerque , só ficou a perder com este apoio . não vai influenciar grandemente no apoio a Bruno Pereira e perderá muito nos apoios futuros. os madeirenses rêm memoria

Anónimo disse...

só uns pequenos detalhes:

1- Miguel Albuquerque tem o mesmo pensamento ideológico que o Passos Coelho(aliás foram chefes, na mesma altura, das respetivas jotinhas).

2- Miguel conviveu de bem, compactuou, tirou benefícios em proveito próprio daquilo que agora diz combater.

3- Miguel não é bem aquilo que aparenta ser. É diferente de todos, pelo menos da esmagadora maioria...bom de ver, desde logo pelo sangue azul!


Veja o Calisto se na sua demanda pessoal(assim parece?) e altruísta não dá de caras com mais do mesmo.

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Penso que estas e outras zangas, e respectivas reconciliações, só prejudicam a imagem, já de si muito fragilizada, do PPD-M. Mesmo dentro do próprio partido, incluindo o povo superior, que não será tão burro quanto os desejos do jardinal.

Anónimo disse...

A história dos medicamentos para as velhinhas é que fica um bocado mal...
Até faz lembrar os frigoríficos do Major!