CONTROLO INCEN'DIÁRIO
À MIGUEL ALBUQUERQUE
Induziu-me em erro o título "Madeira - visibilidade e notoriedade" que o colunista de serviço hoje no DN, Miguel Albuquerque, escolheu para mais um artigalho da colecção a publicar dentro de alguns anos num eventual livro de crónicas de suspense humorístico.
Pensei que a "visibilidade" se tratasse do espectáculo em que se constituiu este massacrado anfiteatro funchalense e também a Calheta, aos olhos dos navios que passavam a sul da Ilha, com as labaredas escarlate a lavrar 'de alto a baixo' depois de o mesmo Miguel, acolitado pelo Neri, ter tranquilizado a população graças ao "controlo" a que ambos teriam submetido as espertalhonas das chamas. O monarca do Establishment falava precisamente numa ocasião em que os ventos transportavam as faúlhas para o centro urbano-histórico de São Pedro (também foi a maneira de arrumar de vez com as lamúrias sobre a Confeitaria Felisberta).
Não. A peça literária de hoje não se refere à semana de "notoriedade" à custa de incêndios pessimamente combatidos pela situação. Refere-se à distinção de "melhor destino insular da Europa 2016". Um dos 20 prémios que vêm todos os anos para Portugal, repetitivos. Por acaso conheço os critérios, ou negociatas, de distinções internacionais atribuídas noutros campos de actividade. É isso, sr. Alfredo!
Lendo meia dúzia de linhas daquilo de hoje, apetece dançar ao som da maviosa música que num lirismo 'de fazer chorar as pedras da calçada' canta a "motivadora conquista depois de um ano de 2015 em que foram superados todos os indicadores do sector [turístico] e em que todos os meses do ano registaram crescimento, quando comparados com os do mesmo mês do ano anterior (o português é do autor da peça, sic)".
De facto, só em revpars, entre outros 'crescimentos', é um assombro, de comer e chorar por mais.
Esta proclamada "visibilidade e notoriedade" que é o galardão 'melhor destino insular' por si só chega para que venham pular e cantar para as ruas os 23 mil desempregados madeirenses, os pobres que estão a extinguir a classe média, os jovens sem estudos nem emprego obrigados a emigrar, os sem-abrigo, os lesados da banca. Todos os enrascados do sistema que existem mesmo, apesar de tacticamente escondidos dos escaparates. Finalmente, um prémio que, ao contrário de tantos recebidos anteriormente, poderá minimizar-lhes os problemas.
E também é hora de os trabalhadores da hotelaria se regozijarem, porque até agora têm caído numa precariedade laboral que não joga com estas celebrações do Blue King.
Estamos perante mais uma situação de controlo incenDiário, no estilo característico 'à Miguel Albuquerque'.
Enfim, mais uma crónica... de humor negro. Fico ansioso pela próxima, para começar o dia a rir.
14 comentários:
AS pessoas não têm a noção do que aconteceu com o Serviço de SAÚDE. Este homem é o carrasco dos madeirenses.
Essas crónicas no DêNotícias são de um surrealismo que só visto! Essa malta que governa em papel Renova, ou não tem sentido do ridículo, ou toma o pessoal todo por "viloada" analfabeta e julga que só eles é que leram livros (há anos, entenda-se...) Essa dos prémios "mundiais" no turismo, que toda a gente sabe como são "adquiridos", e com os recordes estatísticos a subirem várias vezes por ano, é de bradar aos céus: se a estatística é o sobe sobe balão sobe... mas aonde é que irá parar? Toda a capacidade hoteleira instalada vai ficar em overbooking a breve prazo, chamem lá o AFA para fazer mais uns três como o Savoy: essa deverá ser a meta do atual Secretário, que muito gosta de ir ao "estrangeiro" (sempre em conjugal companhia) receber as "taças" do turismo e fazer aquelas fotos com as belas moçoilas lá dos "operators"!
A sério: se a ocupação hoteleira está a subir, ainda bem, os políticos apenas estão a fazer o óbvio, não precisam de nenhuma estátua. Não se vê é a mesma alegria nos trabalhadores do setor, volta e meia em escaramuças sindicais que não levam a nada: porque será? E por que é que na pobre e sofrida realidade quotidiana, o ar triste e desiludido contagia até o laranjal, em vez da esfuziante alegria com as maravilhosas conquistas do governo da grande "abertura e transparência"?
Quanto à RAM, confiemos no nosso Presidente, que isto está tudo "controlado": ora se está, e a níveis que o pessoal nem imagina. Apenas dois: basta ver o ambiente nos "escritórios" governamentais, e as "folhas" impressas diariamente com "lava mais branco"!
Junta.lhe o sistema de educação da madeira que este ano vai para pior.
Muito bem Senhor Calisto. Concordo em absoluto.
Albuquerque põe todos na linha...isso é que era uma grande medida para fazer crescer a economia.
É censura do DNoticias que às 14:30 aínda não haja nem um comentário a esta croniqueta albuquerquista. Quão baixo é possivel o jornalismo descer? A que preço se pagam os favores do governo? É isto a democracia? Sinceramente, o que se está a passar é um nojo.
•••"Enfim, mais uma crónica... de humor negro. Fico ansioso pela próxima, para começar o dia a rir. "
Snr. Calisto: o Sr. ainda consegue rir ... mas há quem comece ... e acabe o dia a chorar ... e cada vez há mais.
Depois reclamam que a comunicação social desta a dar as ultimas. Não vou pagar por um jornal (DN) que bajula quem dá mais ora o Governo Albuquerque, ora PS Cafôfo. Para desinformação já basta o JM.
Já passa das 18h e nem um comentário publicaram aos escritos do Albuquerque.
O DN não precisa vender "diários" o que o GR lhes paga dá e sobra, daí fazem o que querem, sem pluralismo e a deontologia fica para os outros. Nem um comentário, nem um deslike. Vergonhoso.
Dada a insistência, e sem querer duvidar dos Leitores, fui espreitar isso dos comentários. Realmente, zero! Deve ser um recorde tão consistente quanto aqueles que o articulista refere sobre o crescimento em todas as frentes no turismo da Madeira.
O DNoticias de vez em quando tem esse tipo de problemas, a redacção não consegue publicar todos os comentários após revisão.
Sim,sim... Tal como hoje que e so propaganda do regime.
Já lá estão, nenhum a favor e todos com muitos likes.
Lá foi o tempo que Albuquerque dizia qualquer patachada e era só likes e bajulação.
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