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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

"O que é para Cafôfo os ratos não roem"



O PS-M ANDA NO AR ÀS VOLTAS
E A GASOLINA A FALTAR


Carlos Pereira parece não perceber que devia começar a pensar em descobrir uma nesga no solo onde aterrar sem estragos fatais. E já vai tarde. 









Cada vez me convenço mais de que toda a equipa de dirigentes do Partido Socialista na Madeira, ou seja, a dupla Carlos Pereira/Jaime Leandro, anda nas nuvens sem uma noção aproximada do que se passa cá em baixo. Desde logo, este PS dá ares de estar na posse de algum estatuto especial pelo facto de os camaradas nacionais serem governo em Lisboa, apoiados numa geringonça tem-te-não-caias.
É verdade que o efeito nacional influencia de algum modo os cenários políticos regionais, mas não chega fazer de cigarra principalmente quando o Inverno está perto. 
O presidente e o secretário-geral do PS-Madeira não se dão conta de que lá foi o tempo em que o partido, então de esquerda moderada salpicada de necessidades radicais - e não de puro centro como o actual PS - dispunha de cerca de 20 deputados no parlamento regional. Isso foi há muito. O PS ocupa neste momento o 3.º lugar na ALM, ex-aequo com o JPP, cada qual com 5 assentos, atrás do PSD (maioria absoluta pela tangente com 24 deputados) e do PP, com 7. Quanto a Câmaras, há 3 PS: duas que já o tinham sido (Porto Santo e Machico) e outra em estreia (Porto Moniz). Há duas que contaram com o apoio do PS, formal ou tácito (Santa Cruz e São Vicente). E há o caso da capital, bastião laranja finalmente derrubado por uma coligação liderada pelo PS e com um candidato escolhido pelo ex-chefe socialista Victor Freitas. 
Mas quanto vale eleitoralmente o Partido Socialista na Madeira, hoje? 
É isso que Carlos Pereira e Jaime Leandro não querem descobrir. Assim como fingem não reparar como estão cada vez mais isolados no partido. Porque o líder se virou para Lisboa, onde fala muito para as estatísticas de São Bento, reduzindo a liderança regional a umas reuniões despovoadas por aqui e por ali. Sem que o líder queira ouvir ninguém. Avisando até que todos terão de se habituar a isso, porque ele vai continuar assim.
Arrogância é algo que não atrai votos. Nem sequer apoios internos. O resultado é que não se vê actividade em nenhum sector do partido. Não há uma concelhia que se mexa em apoio à liderança. Onde pára a JS? Há quorum nas reuniões da Comissão Regional? Ainda na última, ao findar da passada semana, viu-se aquela caricata conferência de imprensa, numa mesa onde Carlos Pereira, Gil França e Carlos Jardim se apresentavam muito solenes, semblantes marciais, como se fossem anunciar um golpe de estado e o recolher obrigatório, uma afectação grotesca, para dizer o quê? Para 'anunciar', se calhar como obra sua, os 80 milhões de euros que António Costa desbloqueara conforme promessa pós-incêndios e como é dever do governo central. O 'anúncio' à noite do que já se sabia desde a tarde, da discussão em S. Bento. 
O povo já não se impressiona com isso de um sujeito dizer que falou com políticos de Lisboa. 
Carlos Pereira tem instinto quando funciona nos meandros económico-financeiros da vida colectiva, o que é uma grande vantagem num político que quer governar. Mas falta-lhe outro instinto, perversamente mais importante, que é o instinto político. Bons tecnocratas a falar alto e rápido há muitos. Bons políticos que falem para o povo entender são uma raridade. Carlos Pereira até detém capacidades para, no meio da crise que atravessamos, mostrar ideias quanto a fazer crescer a economia, porque é a partir daí que vem o emprego, o arrefecimento da pobreza e da emigração forçada, o acesso mais fácil dos jovens à universidade e das pessoas em geral à cultura. Mas Carlos Pereira fica o tempo todo a falar do offshore, do PIB, da dívida, do cashflow, da troika e dos avisos dos falcões do rating. 
A política é contas. Mas é mais gente. O dinheiro urge? Desenrasque-se, não fez tropa?
Pois. O líder do PS-M perdeu as pequenas coisas da mão, aquelas que fazem cunha na trave-mestra da luta política, e agora está com muito pouco tempo para recomeçar a caminhada, criando onda.
Carlos Pereira conta com uma realidade que está à vista de todos: a fragilidade do governo regional e a fragmentação iminente na camada fina de gelo onde assenta o PSD-M. Mas isso de ficar à espera que o adversário falhe raramente dá bons resultados, como nas competições desportivas. Mais a mais porque, na política de hoje, levanta-se uma pedra e saltam uns poucos de concorrentes. Ou o pretendente ambicioso se faz à estrada ou acaba espezinhado pelos que vêm atrás. É uma questão de tempo.
Ainda por cima, esta linha PS-M, constituída hoje em dia por dois elementos, tem um handicap imprevisto no caminho: o desequilíbrio que Paulo Cafôfo está a provocar na política funchalense, com ondas a espalhar-se já no tecido regional - político e popular. É que o efeito Cafôfo não ameaça afectar apenas o outrora poderoso PSD, a começar pela eleição no Funchal daqui a um ano. É esta Direcção do PS que também está em risco.
Não acredito que os dirigentes do PS não tenham percebido ainda que o centro da oposição regional se está a transferir para os Paços do Concelho, incluindo muitas vontades internas do partido.
Então esta Direcção do PS não está em risco?
Paulo Cafôfo não só afastou da Câmara - aliás por processos condenáveis - elementos que valeram muitos votos à coligação que o catapultou ao cargo. Cafôfo, uma vez eleito, disse claramente que, a partir de então, os partidos não iam mandar na vereação. E sem mais aquelas, aliás legitimamente, trancou-se lá dentro a conhecer os cantos à casa, sem telefonar para ninguém, sem aceitar conselhos de ninguém. Victor Freitas sabe disto. Carlos Pereira sabe disto melhor do que eu. A dura realidade para o PS é que o resultado do actual presidente da Câmara em 2017 não dependerá nem um bocadinho do apoio ou desapoio do PS. É igual ao litro. Cafôfo candidata-se e se o PSD não descobrir um super-candidato, o povo, já se sabe, votará populismo, sorriso, festas, fotografias nos jornais e imagens na TV, que tem sido essa a obra de Cafôfo. E se isto é ofensivo para o povo, então o povo que se ofenda à vontade. Já são 40 e tantos anos disto.
Mas insisto: ganhe ou perca, o resultado de Cafôfo não dependerá do apoio do PS-M.

Jaime Leandro começa a ver as primeiras imagens do 'filme', para usar a expressão bem empregue esta semana pelo antigo líder João Carlos Gouveia, em declarações ao DN, referindo-se ao espalhanço deste PS. Tanto Leandro começa "a ver o filme" que apareceu segunda-feira com um artigo, na referida edição do Diário, com recados para Paulo Cafôfo. Como dizia a antiga centrista Maria José Nogueira Pinto, Leandro sabe que Paulo Cafôfo sabe que o PS sabe que pode ser marginalizado nas eleições, por ser má companhia em matéria de votos. 
As coisas mudaram em muitos lados e mudam aqui. É tempo de esquecer as maioria absolutas, a bipolarização, o arco do poder nacional com três crónicos protagonistas de que os correspondentes cá beneficiavam.
Há outro pormenor relativamente ao PS: não é preciso lembrar as hecatombes socialistas na Venezuela, Itália e agora o 'finisterra' de Pedro Sanchez por causa das derrotas em apenas duas províncias. Basta ir ao histórico do PS-Madeira.
Como as conversas não são muitas, porque Cafôfo deve andar muito ocupado, Leandro vê-se obrigado a abrir o livro, dando trunfos aos adversários, e vem para a imprensa numa tentativa de colar o partido ao 3.º aniversário da geringonça municipal, que de PS já nada tem, e para falar em dar continuidade ao projecto. 
Reconhece Leandro que Paulo Cafôfo ganhou o seu estatuto. Mas não fala de obra cafofiana que se veja. O estatuto de Cafôfo é aquele que os puristas da esquerda oportunista tanto criticaram no antigo regime de 4 décadas e que há uns dois anos deu a volta ao conta-quilómetros, para começar de novo com Albuquerque ao volante. Antes, era preciso cartão laranja para ter emprego. Hoje é preciso ser boy da Mudança, que a Frente Mar é imensa, como o oceano que nos cerca. Sim, é verdade que Cafôfo tem combatido o desemprego... dos boys da Mudança. E tem abusado nos ajustes directos aos amigos.
Antigamente, condenava-se, e bem, as viagens pagas com o dinheiro do povo. Cafôfo em muito pouco tempo revelou-se um caixeiro viajante com dinheiro público, não passando de um autarca. Antes criticava-se, justamente, os jantares a pataco para arrebanhar votos. Um dia destes, foi o que se viu com Paulo Cafôfo. Outrora banalizou-se a promiscuidade entre os bens públicos e o uso partidário e pessoal. E agora? Há pouco tempo, combatia-se diariamente o controlo da comunicação social, pelo processo da perseguição aos 'bastardos' dos jornalistas. Hoje controla-se a comunicação social com dinheiro do povo, tendo-se revelado mestres nesta matéria os membros do governo, mas especialmente, ora bem, o presidente Cafôfo. Quanto se condenaram as saturantes inaugurações de aeroportos e veredas! Agora inaugura-se a obra com o nome do edil, na placa, maior do que o do primeiro-ministro.
E fala Jaime Leandro de "tiques de um triste passado PSD" que não quer "ver repetido"!
A mensagem essencial de Leandro no artigo em apreço é que Paulo Cafôfo se dedique exclusivamente às eleições autárquicas, esquecendo-se de "outros voos" - alusão evidente à propalada conquista da liderança do PS pelo mesmo Cafôfo e a uma candidatura como cabeça-de-lista às regionais de 2019. E lá vai Jaime Leandro esgalhando caracteres pelas colunas do DN abaixo, falando em nome de Cafôfo, que Cafôfo sabe isto e aquilo, que Cafôfo não quer isto nem aquilo, e continua escrevendo Leandro, às voltas como um avião com pouco combustível, a tentar convencer o edil a contentar-se com a Câmara... até porque "o que é para ele", nota Leandro, "os ratos não roem".
E aqui é que o secretário-geral falou com dom premonitório.


11 comentários:

Anónimo disse...

Caro Calisto
se recuar um pouco no tempo verá que o que Cafofo fez na Camara do Funchal , tentou antes fazer no Sindicato dos Professores , só que os colegas toparam o jogo e não foram nele.
No Funchal Cafofo está a sugar a seiva do PS e do BE mas a sua estratégia não passa por aì , a sua visão de futuro passa por ele mesmo , Cafofo o único e insubstituível , e temos visto que para esse objetivo ele tem trucidado todos aqueles que o têm acompanhado ou até sido em grande parte responsáveis pela sua vitoria , Gil Canha , Filipa Fernandes , Edgar , Luisa Clode , Emanuel Bento , Coelho , etc .
Estes são alguns porque a lista é longa e ameaça continuar a crescer , estando para entrar á priori , Domingos Rodrigues , Alicia , Madalena ,Idalina etc.

Luís Calisto disse...

Caro comentador
Creio que o seu ponto de vista se enquadra no espírito do artigo.

Anónimo disse...

PSD E CDS juntos dão cabo do Cafofo.
Se existe coligação para o afofo, porque não pode existir para o centro direita?

PSD e CDS dão primeiro ensaio para a Câmara do Funchal e em Santa Cruz e em 2018 para o governo com junção pós eleitoral.

CAfofo fica de fora e acabou a vidinha política pois no PS já não vingará...
JPP tb vai à vida chorar, como eles sabem...

Marca Porto Santo disse...

VOLTA VICTOR FREITAS ESTÁS PERDOADO.

Diz o artigo e bem, sobre Carlos Pereira que arrogância não trás votos. É verdade, é a arrogância e a traição também.Todos quantos ajudaram a Mudança a ganhar Câmaras estão hoje desiludidos, perplexos com a vergonha dos esquemas e aldrabices dentro das destas câmaras, ajustes e simulação de negócios é mato.
Precisamente aquilo que se criticava ao PSD, multiplicamos por 10 com a bênção de Carlos Pereira. Então no Porto Santo bate-se records de negociatas e idas à PJ do Funchal..
Tudo perante o grande líder Carlos Pereira que aliás é um dos principais patrocinadores de isto tudo.
Portanto, voltar a votar neste PS, não me parece.

Anónimo disse...

O seu artigo é comprido e chato, tal como a espada de D Aonso Henriques. Contudo têm razão, esquecendo-se de referir que o eleitorado não é um capital fixo dos partidos onde uns idiotas fazem calculos ridículos em Excel. O povo pensa, reaje e muda. Quanto ao Pereira é apenas uma gargalhada. Vilhão cervido é vilhão fugido.

Anónimo disse...

Cafôfo prepara mudanças na sua equipa, ou seja nos vereadores e no seu gabinete !

Anónimo disse...

A dra. Idalina Perestrelo é muito boa vereadora, deve continuar mesmo que o Iglesias não queira. Abra bem os olhos sr. Presidente, ser leal não é lamber as botas.

Luís Calisto disse...

Alguns comentadores devem saber que a sua forma de expressão torna os seus textos impublicáveis. Agradeço, pois, que os moderem e reenviem, porque isso de ofender, ainda por cima anonimamente, não é correcto. Obrigado.

Anónimo disse...

Nos dirigentes do PS/Madeira, deambula a Hipocrisia a incompetência a mediocridade o oportunismo e aquele que tem o complexo de Superioridade, é um prepotente, e mais grave, acho que sofre de Ginofobia, porque é muito estranho existir pessoas a exercer funções a qual não estão habilitadas para o fazer, e manda embora quem tem mais-valias, por toda esta panóplia a política do PS afundam-se cada vez mais.
Tem que haver uma forte mudança nas pessoas que ocupam cargos de grandes responsabilidades a nível do PS/M, o trabalho a nível político é praticamente zero, não existe um bom planeamento de como se vence um adversário há muitos anos instalado no poder, veja o que aconteceu nos Açores, mas não, querem é manter o estuto de Dr. e por isso escolhem candidatos sem carisma político, que não são verdadeiros socialistas, os verdadeiros, esses, são afastados para dar lugar à incompetência.
O tempo que gastam em colocar à margem pessoas válidas, pessoas que seriam uma mais-valia, tanto a nível Federativo, como concelhio, porque tem uma larga experiência na matéria, não, afasta-os, e chega o complexo de Superioridade principalmente depois do almoço para se ver livre daqueles que são os verdadeiros socialistas, envia com código postal para ser mais rápido a encomenda ao vizinho de cima, deixando ficar a incompetência a mediocridade a má educação, e ainda existindo uma Mata Hari, que não tem respeito por ninguém, anda no ar
o ( love is in the air ),é bom satisfazer as mordomias e os caprichos da que se considera uma autentica gloriosa como no filme de (Bonnie e Clyde).
Temos que fazer a mudança para mandar embora este total desgoverno.
Como disse e muito bem no seu artigo de opinião “ Mudança, Pelas Pessoas” ou melhor necessitamos de uma Mudança pela sanidade mental das pessoas! Da qual fazia um enorme favor ao PS/Madeira e ir embora!
A alguns quilómetros do Funchal a nova família do Al Capone, querem ficar com mais poder, mas felizmente não irão conseguir, depois podem ver o filme (E tudo o vento levou).

PS- “Quanto mais alto se sobe, maior é a queda. ” Irei assistir de poltrona à queda do Império!

Anónimo disse...

Mas este Carlos Pereira é tonto ? ou ganha mais dinheiro com negociatas em Lisboa por isso esta a marimbar-se para a Madeira e o PSM ?

Anónimo disse...

O presidente do Partido em lisboa...ele quer lá saber dos Madeirenses....Ele quer é bolo €€€€€€ da Assembleia.