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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Finança popular



DEPUTADOS ATRAÍDOS
AO ESQUEMA DA PIRÂMIDE


Apesar de um cheirinho a D. Branca, esta espécie de jogo financeiro só pode ser legal, dadas as responsabilidades públicas de alguns envolvidos  


Os deputados não são dos piores ao nível de vencimento, mas, se houver hipótese de um contrapeso, dá sempre jeito.


O esquema é conhecido por 'pirâmide' e pode consistir numa actividade ilícita ou lícita, segundo responsáveis por algumas variantes do jogo, que é universal.
Mas o que actualmente se passa na Madeira só pode ser dentro do registo legal, já que há deputados envolvidos nesse jogo financeiro, recrutados por iniciadores do processo, incluindo uma também deputada que exerce funções na Mesa da Assembleia. Estamos a falar da área parlamentar social-democrata, porque desconhecemos para já mais casos.
Pelas informações chegadas ao 'Fénix', o esquema tem-se expandido na Região. Porém, apenas conseguimos saber os nomes de alguns deputados e deputadas do PSD que entraram na dita 'pirâmide'. Também falámos, na mesma área partidária, com quem recusou aceitar o desafio da referida deputada para aderir ao 'jogo', 'negas' que pareceram não cair bem naquela angariadora.
O processo da pirâmide tem um século e, basicamente, é sempre o mesmo: o recrutado entra com dinheiro e com o compromisso de angariar outros investidores, a fim de que chegue a sua vez de receber exponencialmente o quantitativo com que entrou.
No caso regional, ao que nos dizem, os recrutados entram com 500 euros, a que se acrescenta a 'jóia' daqueles a quem convencem a entrar também.
Nos jogos ilícitos, como a conhecida 'pirâmide financeira', obviamente não há sustentabilidade no 'negócio', que ruirá quando faltarem novos aderentes, com prejuízo total para os que ainda não tiverem recebido o seu saldo. Ganhadores e bem ganhadores são os primeiros no topo da pirâmide, ou seja, os inauguradores do negócio.

Uma variante deste jogo entrou em moda no continente português há um par de anos, com o nome de 'jogo da roda' ou 'jogo da bolha'. Milhares de interessados aderiram a ele, em busca de um lucro 8 vezes maior do que o investimento feito. Na altura, a polícia calculou que andassem envolvidos no esquema vários milhões de euros. Subsistia a dúvida sobre a legalidade ou ilegalidade do sistema. Com uma agravante: a investigação podia desencadear-se apenas a partir de uma denúncia. E o denunciante que também acabasse por receber o seu dinheiro passava imediatamente à condição de arguido. Daí...

Há espécies de pirâmides cujos autores sentem a necessidade de demonstrar a limpidez do seu negócio financeiro, para convencer os potenciais 'sócios' de que não é tudo da mesma igualha. 
A Emgoldex, uma de tantas organizações do género, separa 'bogas dos chicharros', esclarecendo via net:
- Uma pirâmide financeira é uma actividade ilegal, punida por lei; a Emgoldex é uma actividade legal e transparente.
- A pirâmide financeira não oferece um produto nem um serviço, ou, se oferece, é fictício; a Emgoldex trabalha com ouro.
- No esquema pirâmide ilegal, os pagamentos são feitos a partir do que pagam aqueles que cada aderente angaria; na Emgoldex, dizem os seus responsáveis, os pagamentos são feitos na venda do produto.
- Na pirâmide financeira ilegal, o retorno do investimento compreende elevados juros em tempo reduzido; no outro caso, legal, o pagamento é pelo trabalho e e feito a partir de várias opções, incluindo as comissões pelos serviços.
- Dizem os elementos da Emgoldex também que, na pirâmide financeira ilegal, o novo membro recebe promessas de altos lucros mesmo sem fazer nada; que não há registo legal, nem sequer sede; que não há impostos. Isso para fazer o contraponto com os processos legais da Emgoldex, que, adianta, regulariza as suas taxas fiscais no Dubai.

Como dizíamos, não conseguimos identificar o negócio que perpassa na Madeira, com um importante peso no parlamento - ou pelo menos junto de alguns deputados. 
Alguns dos elementos que contactámos forneceram-nos indicações do esquema e nomes de aderentes. Mas não fomos longe ao tentar falar com quem nos pudesse explicar com precisão este negócio cruzado de investimentos financeiros.
Apesar do secretismo em que se desenvolvem estas movimentações, feitas com dinheiro vivo, e porque de outra forma estaríamos perante um escândalo de grandes repercussões, não admitimos outra hipótese que não uma actividade absolutamente legítima e legal na Madeira, incluindo a questão fiscal. Conhecemos pessoas envolvidas cuja vivência pública precisa de toda a transparência. 


6 comentários:

Anónimo disse...

Ainda há mais um que é muito conhecido para os lados do equipamento social: Telexfree. Este esquema está a ser usado por milhares de pessoas cá na Madeira. Pessoal hospitalar que se despede porque recebe mais do esquema, engenheiros que não fazem o corno porque têm ordenado garantido (não será só por isso), padres na zona oeste a fazer 10 a 20 mil por mês (convence tudo o que é beata a entrar), etc.

Acho que estes esquemas merecem uma investigação rigorosa para quando estas antas, que hipotecam casas para entrar no esquema, forem à falência, não irem chorar para os serviços do estado e depois quem paga é aqui o zé povinho.

P.S.: No governo são poucos......os que não "jogam".

Anónimo disse...

O assunto já tinha sido abordado de uma forma humorística na edição de domingo do DN.

Luís Calisto disse...

Caro anónimo das 00.05
Pode dizer-me em que página veio isso, no domingo ou em outro dia qualquer?
Não tenho ideia de ter lido prosa alguma sobre uma pirâmide financeira envolvendo deputados que ninguém sabe se flutua dentro ou fora da lei. Não me lembro de ler alguma coisa sobre pressões a deputados para aderirem ao esquema com 500 euros.
Ajude-me a localizar isso, porque, francamente, não vi.

Anónimo disse...

Caro Calisto

Vá à revista Mais do passado dia 01/09, pág.30 e leia a peça "Apetecia-me algo....".
A figurinha a ilustrar não é inocente e no último parágrafo faz referência a "comissões do Goldex".
Está bem dissimulado, mas para que já ouviu a história...agora pressões a outros deputados para adesão ao esquema é inédita.

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Uma coisa é certa: estes esquemas não produzem riqueza. O que quer dizer que, quando alguém ganha, alguém vai ficar sem o dinheiro.

Luís Calisto disse...

E quem fica sem dinheiro, caro Coronel, são os parolos ou, no caso em apreço, os que não querem ficar mal com os influentes da maioria laranja que mexem o negócio.

Ao Sr. anónimo das 9h26:
É o que digo. Só a partir dessa alusão (humorística) a 'comissões do Goldex', acho que nem o Sherlock deduziria a existência de um esquema de pirâmide em grande na Madeira, muito menos com deputados metidos nas manobras, muito menos que eles aderem pressionados e muito menos ainda que alguns têm dado tampa. Mas isto sou eu a pensar.