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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

LARANJAL


JARDIM PARECE QUERER PROVOCAR QUEDA DO GOVERNO
...PARA TORNEAR ALBUQUERQUE


O 'bater de porta' de José Pedro Pereira tem tudo para fazer parte de um plano desesperado de Jardim tendo em vista conservar o poder. Tem tudo, mas estamos no campo da especulação. A exótica tese das eleições antecipadas, aliás confirmada por uma fonte das relações do deputado agora dissidente do PSD-M, teria como destino repetir a táctica de 2007. Os prazos são loucos, mas é política.

Alguém acredita numa bronca de Pedro Pereira sem conhecimento prévio de Jardim? Bom, o dissidente disse, azedo, que "ele saberá, ele saberá melhor do que eu". 

A decisão de José Pedro Pereira de abandonar o grupo parlamentar do PSD, tornar-se deputado independente e, ao mesmo tempo, desfiliar-se do partido, tem todos os ingredientes de maquinação 'à Jardim'.
Estamos a falar 'à condição', naturalmente.
Mas, pensando um pouco, chegamos a essa conclusão estranha, até porque José Pedro não faria ao "povo madeirense", como fez na conferência de imprensa ao meio-dia desta quinta-feira no 'Orquídea', promessas para o futuro que, enquanto deputado isolado e abandonado, nem de longe conseguirá sequer procurar cumprir.

Jardim terá descoberto, finalmente, que está condenado a enfrentar Miguel Albuquerque em mais uma corrida interna e para levar pesada derrota nas urnas, mau grado os novos militantes 'contratados' por Manuel António Correia com recurso às casas do povo.
Como salvar-se do assédio de Albuquerque - e até dos demais delfins - para conservar o poder no partido e nas Angústias? Jardim deverá ter pensado na estratégia de 2007, quando prolongou por mais 3 anos o seu mandato no executivo. Só que, desta vez, não tem Sócrates no poder central de quem se queixar junto dos madeirenses no papel de vítima, em função do 'roubo' às finanças regionais perpetrado por Teixeira dos Santos.
Por outro lado, a demitir-se pura e simplesmente para provocar eleições antecipadas, de modo a ficar até 2017, Jardim agora já não convenceria o eleitorado madeirense a confiar nele através do voto.
Resta o derrube do governo provocado pelos outros. Que tal uma moção de censura aprovada no parlamento regional? 
Com um deputado, Pedro Pereira, a sair dos 25 social-democratas para se juntar, pontualmente, aos 22 da oposição, ficaria tudo muito perto de se aprovar o que quer que fosse contra a maioria. Então, a oposição não aproveitaria essa 'baliza escancarada' para se manifestar com uma moção de censura?

E pronto, muito provavelmente o governo cairia. O PSD-M não teria tempo para avançar com um congresso. E então teria de ser Jardim a candidatar-se novamente como cabeça-de-lista - e como presidente do GR, na prática, para as necessárias eleições antecipadas.
E se a oposição, percebendo a maquinação de Jardim, se abstém de apresentar qualquer moção de censura, preferindo deixá-lo arder em lume brando? Pois avança outra figura, a da moção de confiança, que teria o mesmo efeito.

Uma vez derrubado o governo, Jardim falaria ao povo de voz trémula, acusando a oposição de traição e deslealdade por não ter deixado o PSD se reorganizar internamente, e exortando até Miguel Albuquerque, Miguel de Sousa, Cunha e Silva e Manuel António - de modo a que o povo escutasse bem o lancinante apelo - a colocarem de parte as divisões estéreis para, todos juntos, trabalharem em prol de mais uma vitória do partido sobre os 'malandros da oposição', uma vitória da Madeira sobre a maçonaria, Bush e Leonel Messi. 
Por aqui se confirma que, como costuma dizer Albuquerque, Jardim vive fora da realidade. Em circunstância nenhuma ele conseguiria vencer nos próximos tempos uma eleição na Madeira. Nem internamente no PSD nem ao nível regional.
No entanto, depois de uma derrota histórica nas autárquicas, ei-lo que parte para Bruxelas deixando montado o esquema descrito. Obviamente, podemos estar enganados. Mas então também laboram em erro as fontes ligadas 'unha com carne' a Pedro Pereira que, sem pista de engodo, confessaram por sua iniciativa que todo este espalhafato do antigo líder da JSD é ideia gerada na Quinta das Angústias. Tal como o foi a redacção do documento lido na conferência de imprensa "sem direito a perguntas" desta quinta-feira.

Como se sabe, o deputado dissidente é testemunha de Miguel de Sousa no processo judicial deste contra Jaime Ramos, o que se compagina com as boas relações de Pedro com o vice do Parlamento. Também não é novo que Miguel de Sousa pauta a sua actuação em articulação com o líder Jardim. Tudo misturado, esta inédita estratégia pode ser um dos resultados para ultrapassar a destruição do PSD-M e impedir Albuquerque de tomar o partido, mesmo através dos votos. 
Não seria muito curial o PSD-M eleger um novo líder (em Dezembro de 2014) quando um presidente histórico tem mandato governamental até 2017/18. Os estatutos que se danem!
Isto na cabeça de Jardim. Que, a precipitar as eleições antecipadas, evidentemente mudaria listas candidatas à ALM, de modo a que os dois Jaime Ramos, pai e filho, não continuassem deputados. 

Jardim encontra-se em Bruxelas, Miguel de Sousa em Lisboa. José Pedro Pereira concretizou a ruptura aparentemente sozinho.
É o que Jardim dirá, certamente, quando voltar. Mas se provar que nada tem a ver com o caso e que as confissões das fontes anexas a Pedro Pereira são falsas, teremos de concluir que o homem então perdeu o restinho do controlo do partido. Que cada um age pela sua cabeça sem rei nem roque. E que, em consequência, Jardim pode voltar à fechadura do partido, trancar aquilo e atirar a chave para a Ribeira de Santa Luzia.
Que raio de grupo parlamentar será aquele, então, a partir de agora?


Ruptura sem razões palpáveis

As razões apresentadas por José Pedro para deixar a bancada social-democrata são frágeis. Aborrecimento com Jaime Ramos? Bom: a reagirem dessa forma todos os deputados com razões de queixa do líder parlamentar, o grupo teria hoje umas 5 ou 6 pessoas, em vez das 25 - aliás 24.
A quem se referia o jovem deputado ao dizer-se impossibilitado de "compactuar com um partido político que é dominado por vaidades de uns e interesses de outros"? A Manuel António e a Jaime Ramos, claro. 
Percebem as ligações?
Jardim também pode ser visto como tocado pela oração de Pedro, nestas palavras: "O PSD contribuiu para o desenvolvimento da Madeira, contudo não podemos continuar o resto da nossa vida presos ao passado." Ou quando falou da má gestão destes anos. 
Conforme nos explicaram, isso foi mesmo feito assim, de propósito. Os mínimos para despistar. Para não se fazer ligações da 'demissão' às Angústias. Mesmo assim, Pedro não deixou de ajudar o chefe máximo, ao explicar também a derrota de 29 com a "bandalheira nacional". 
Mas Jaime Ramos é que é. Aliás, os Jaimes: é impossível, diz Pedro, ter um PSD maduro, autónomo e capaz por causa de "dois conhecidos cavalheiros que só pensam no seu bem próprio".
Evidentemente, os mesmos cavalheiros que "encheram a sua barriga à custa dos outros, promovendo uma política de mediocridade, ignorância e incompetência", carregou José Pedro, para gáudio de Miguel de Sousa. E promoveram essa política "com um único fim: o de manter o seu poder dentro do partido e com isso garantir a continuidade das suas negociatas".
José Pedro também criticou aqueles que transformaram numa vitória a "derrota eleitoral expressiva" de 29 de Setembro. E disse que era hora de o PSD procurar outras políticas e outros intervenientes políticos, pois "o povo demonstrou que está farto destes". Afirmações que dão a deixa à ideia de ruptura que Jardim tem também na cabeça. 
Enfim, para o texto ser das Angústias, só damos pela falta do 'incluso'.  

Se este cenário que descrevemos 'à condição' significa estarmos com alucinações, o que implica estarem também a sofrer do juízo as referidas fontes da confiança de Zé Pedro, aproveitem os Leitores as jornadas psiquiátricas da Casa de Saúde São João de Deus e tratem-nos da cabeça, por favor. 
Mesmo assim, não acabamos sem lembrar um episódio antigo: em 2007, quando divulgámos a intenção de Jardim quanto à sua demissão do governo regional, ele explicou a jornalistas em Bruxelas, onde se encontrava na altura - ao menos nisso a história repete-se - que a informação não passava de campanha mentirosa de uns comunas da Madeira. Dias depois, dava conferência de imprensa no Funchal a comunicar a sua demissão do governo regional... e que tornaria a concorrer às eleições.
Só que os tempos mudaram as coisas.

8 comentários:

Anónimo disse...

O facto deste rapaz ter feito a "sua"apresentação sem direito a perguntas por parte dos jornalistas,prova que fez o papel de "médio",ao mesmo tempo com ordem expressa de não trocar impressões com a imprensa.Nao lhe dou crédito como pessoa inteligente ou idónea,dou-lhe crédito como autêntico fantoche manipulado,sem escrúpulos,a sujeitar-se aos ímpetos do "Imperador".....

Anónimo disse...

Quando AJJ morrer vão afirmar que é uma joga de génio! Muitos homens são grandes quando quem os observa o faz de joelhos! Parece-me que ao fim de 3 décadas continuam a SOBREstimar a genialidade do dito cujo...

amsf

Anónimo disse...

E o que dizer da misteriosa conferência de imprensa que o vice do governo agendou para o meio dia de amanhã? Estranhamente não foi revelado o tema da ação que terá lugar no salao nobre do GR.

Anónimo disse...

reparem por favor nas duas carinhas !!!! agora pensem nas atitudes tomadas ao longo da vida , desde as politicas ás pessoais as historias do UI em Coimbra são muito identicas ás do mijinhas em Lisboa .
é ocasião para dizer tal pai tal filho.

Anónimo disse...

Se essa tese maquiavélica for verdadeira, Jardim em eleições é o seu suicídio.
Como ele gosta de fazer ao contrário dos comentadores, jornalistas e analistas ele vai querer ir a eleições. Então vamos continuar a dizer que será o seu Fim, para que ele queira contrariar e então será uma despedida em grande!

Anónimo disse...

Quanto a sobrestimar a genialidade do dito cujo,amsf,devo dizer que,mais depressa,essa "sobreestimaçao" rege-se pelos parâmetros da genialidade do Maquiavél......

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Concordo com a sua análise.
Jardim, não se considerando culpado de nada, terá toda a razão para se ver livre da legião de traidores que querem afundar a Madeira. É apenas uma questão de coerência. E depois, com as eleições antecipadas, terá mais uma marcha triunfal para a glória.
Mas tal só é possível naquela cabeça a raiar a loucura, que não aprende mesmo nada. Porque a realidade vai-lhe ser muito cruel. E depois que não diga que não foi avisado.

Luís Calisto disse...

Caro Coronel Fernando Vouga
Penso que nesta fase da vida, o homem nem acredita nele próprio. Assim que num rebate entende ser melhor ter juízo, logo se ofende a si próprio acusando-se de pertencer à maçonaria e ao rol dos inimigos do PSD-Madeira.