SÉRGIO MARQUES DEMITE-SE
Mais tarde ou mais cedo teria de ser: o ex-eurodeputado pode agora desenvolver a sua candidatura sem laços nem embaraços.
A carta de Sérgio Marques a Jardim pedindo a demissão da comissão política do PSD-Madeira, de que tivemos conhecimento nos últimos minutos desta terça-feira, não surpreende quem acompanha o processo da sucessão no Laranjal. Pelo contrário, esse passo do candidato assumido à liderança peca por tardio, embora não por culpa exclusiva de Sérgio.
Recorde-se que na altura em que subiu à presidência do governo regional, na Quinta Vigia - é lá que o chefe trata dos assuntos partidários - para noticiar a sua candidatura, o antigo eurodeputado foi pressionado pelo chefe para esquecer o pedido (apresentado na ocasião) para sair da comissão política.
Com o passar do tempo, contudo, a situação tornou-se insustentável, como se previa.
Na próxima sexta-feira, por exemplo, Sérgio Marques teria de participar numa reunião da comissão política depois de um encontro com potenciais apoiantes em que certamente apontará o modo como pretende alterar a condução da linha seguida pelo partido, representada precisamente pela comissão política que quer mudar.
Não faz sentido.
Atendendo a estas condicionantes, Sérgio Marques fez chegar à posse de Jardim, na segunda-feira, essa carta de demissão. Até às últimas horas de terça, não recebeu qualquer resposta, que saibamos. Até porque, entretanto, o presidente do governo viajou a Lisboa para se encontrar com o primeiro-ministro.
Desta vez, porém, o acto de Sérgio Marques é irreversível, obviamente.
As razões da demissão apresentadas prendem-se com a incompatibilidade que existe entre a condição de candidato à liderança e a de membro do órgão que define e faz executar a linha partidária que ele pretende alterar.
Não é aceitável que Sérgio esteja numa comissão política dando aval a decisões das quais discorda.
Sabemos também que essa incompatibilidade não constitui a única razão para Sérgio se demitir. Há outras. Entre elas, o afastamento de Tiago Freitas, elemento importante na candidatura de Sérgio, da grelha da Rádio JM, onde fazia programas sobre temática europeia na qualidade de colaborador. Essa parece a 'gota de água' para o candidato 'dar o murro em cima da mesa' que muitos esperavam.
O colaborador do JM sai entre outros nas mesmas condições, mas no seio dos sergistas não há dúvidas de que tudo foi encenação para eliminar um espaço que, entendem os jardinistas, seria utilizado a favor da candidatura em causa.
Depois do célebre episódio que criou aquele tal 'Único Importante', a propósito das eleições europeias; depois da saga da lista para o Funchal nas últimas autárquicas; depois da desconsideração que foi o partido fechar as portas das sedes a encontros do candidato com militantes; depois das ofensas ao delfim 'politicamente correcto' no JM, de que é exemplo aquele artigalho assinado por um inexistente 'Horácio Silva'; depois de todas essas arremetidas do chefe, pois, sair da comissão política era uma questão de tempo.
Dentro em pouco, se não for já nesta quarta-feira, teremos mais Sérgio Marques como alvo dos artigos de Jardim no Jornal da Madeira. O que só beneficiará o candidato, diga-se.
O importante para o complexo processo que está a ser a sucessão do dinossauro laranja é que o PSD conta agora com mais um candidato de pleno direito.
FILME DA CANDIDATURA DE SÉRGIO
Para os interessados, recordamos a seguir as fases decisivas do processo de pré-candidatura e de anúncio de candidatura de Sérgio Marques. Começamos por um artigo do 'Fénix' publicado em 3 de Agosto do ano passado, num contexto ainda pré-autárquicas. Foi onde se anunciou a decisão de avançar.
SÉRGIO MARQUES COMPLETA
CANDIDATURAS AO PPD
Dos 5 candidatos à liderança do PPD, só falta Sérgio 'formalizar' o anúncio público. É um lote impressionante de pretendentes a uma só cadeira, ocupada mais de 30 anos por Jardim. Mas serão assim tantos quando o chefe decretar à última hora que se recandidata? Não, senhores.
Sérgio Marques será o tal a dar o murro na mesa. Os mais adiantados terão de se aplicar a fundo. |
Não há miséria que não dê em fartura. Passados os tempos das respostas evasivas, gaguejadas para evitar a ira do chefe, os interessados em concorrer à liderança do PPD-Madeira já se assumem sem rodeios.
Neste momento só falta, dos 'delfins' conhecidos, Sérgio Marques anunciar, de viva voz, que apresentará listas para os órgãos dirigentes do seu partido em Dezembro do próximo ano.
É certo que o antigo eurodeputado se perfilará para disputar a presidência do seu partido. Não se perceberia que, depois de tanta espera pelo 'momento', os 'nomeados' desistissem a metros da meta.
Sérgio tem experiência governativa, ao nível de direcção regional, que lhe deu oportunidade para tratar os assuntos da UE 'por tu'. Depois, valorizou-se nos anos de deputado no Parlamento Europeu. No campo regional, foi deputado. Partidariamente, membro da comissão política regional. Localmente, tem trabalho feito em concelhos rurais como representante da comissão política laranja.
Se o domínio partidário regional pode ter-lhe fugido durante os tempos em que viveu na Europa, em contrapartida poupou-se ao desgaste político.
Pecado auto-penalizador
Sérgio Marque ganhou simpatias ao rejeitar o lugar indigno onde o queriam colocar para se recandidatar ao PE na lista social-democrata. Jardim aproveitou e reclamou para si próprio a condição de 'Único Importante' no PPD. Mas Sérgio, embora perdendo campo de acção, subiu no apreço dos madeirenses.
A sua grande escorregadela deu-se recentemente, saindo maltratado de uma guerra que não lhe dizia respeito. Foi utilizado a favor dos interesses do líder do partido e deixou-se enrolar na cegada.
Jardim, na obsessão de extinguir a linha de Miguel Albuquerque, que cintilava na Câmara do Funchal sem pactuar com o governo, tratou de impedir a candidatura à presidência da Câmara de Bruno Pereira, n.º 2 de Miguel. Para isso, precisava de um nome forte, que não criasse contestação. É aqui que entra Sérgio Marques. Que, depois da desconsideração sofrida no processo 'europeias', resolveu submeter-se aos intuitos do chefe.
Mas o pior ainda estava para vir. Perante a rebelião de Miguel Albuquerque em defesa de Bruno, deixando claro que o seu n.º 2 havia de ser candidato, fosse como fosse, Jardim ensaiou o habitual golpes de rins afirmando que o candidato natural do PPD era... Bruno Pereira.
Imagine-se o vexame para Sérgio Marques, político sempre acima dos meandros lamacentos por onde o laranjal da era jardinista enveredou!
De uma só penada, e com o móbil de atingir Albuquerque, o líder da Rua dos Netos tratava da sua vida sem olhar às feridas profundas provocadas em dois elementos até à data muito considerados no PPD: Bruno Pereira e Sérgio Marques.
Bruno, acusado de traição na pessoa de Albuquerque, já que depois fez campanha por Jardim contra aquele que o apoiara, nas eleições internas, dificilmente conseguirá recuperar a imagem até 29 de Setembro. Há uma sondagem do PP que quase dá empate técnico no Funchal entre os dois partidos da direita. Claro, as sondagens puxam sempre um pouco para quem as encomenda, mas, ainda assim...
Já Sérgio Marques, a quem se exigia posição vertical naqueles acontecimentos, sempre dispõe de mais tempo para impor aos olhos dos militantes os atributos que lhe deram brilho à carreira. É humano que ele, depois de ver que a sua atitude muito digna de rejeitar o lugar no PE nada lhe rendeu na prática, actuasse por forma a evitar confrontos com o chefe.
Sérgio não poderá perder muito tempo. Até às eleições autárquicas, ninguém mexe uma palha. Mas de Outubro em diante o tempo voará. O antigo eurodeputado parte do zero. Consigo transporta um cartaz político-partidário onde se encontram ideias interessantes para a Região, popularidade no laranjal, personalidade consensual mas autónoma e um estilo discreto, oposto àquele que tem feito escola no PPD.
A realidade, porém, é que Sérgio parte do zero em matéria de apoiantes manifestos. Constituir listas para os órgãos do partido será mais difícil para ele do que para os já posicionados no terreno. Embora o terror que Jardim inspirava dois anos atrás não vá afugentar, dentro de um ano, os militantes que pretendam integrar as listas dos delfins.
Peça do 'Fénix em 28 de Outubro de 2013
SÉRGIO MARQUES
NA RAMPA
DE LANÇAMENTO
Não há novidade quanto às intenções de o antigo eurodeputado Sérgio Marques se candidatar à liderança do PSD-Madeira. Já o anunciámos neste espaço e com todo o fundamento para o fazer. Explicámos na altura.
O que há de novo agora é que, nos meios políticos regionais, sobretudo na área social-democrata, está dado como certo que o anúncio da referida candidatura está prestes a 'rebentar'.
Dentro em pouco, portanto, Sérgio Marques apresenta-se como candidato à frente de outros delfins que têm condicionado o seu avanço à decisão final de Jardim.
Miguel de Sousa sempre disse que não se candidata se Jardim o fizer. João Cunha e Silva, idem. Manuel António Correia parece deparar-se com mais obrigações nesse capítulo, no papel de favorito do chefe - embora não acreditemos que o secretário do Ambiente se submeta a mais um pedido de Jardim para se adiar a si próprio.
Sérgio Marques está consciente de que haverá um número considerável de concorrentes à presidência do PSD, numas eleições internas sem Jardim. E também está decidido a participar na luta. Com ou sem o chefe que se intitulou o 'Único Importante' para o amesquinhar a ele, Sérgio. É isso que o antigo deputado europeu tem deixado transparecer e que os círculos social-democratas já interiorizaram.
Jardim, como se sabe, tudo tem feito para condicionar o futuro do PSD. Da sua parte, Sérgio parece não estar disposto a esperar mais.
Em certos redutos do Laranjal, diz-se que o seu grande apoio está em Jaime Filipe Ramos. Faz sentido?
Finalmente, a oficialização de Sérgio Marques como pretendente no processo da sucessão de Jardim. Artigo de 30 de Outubro de 2013.
SÉRGIO OFICIALIZA CANDIDATURA
À LIDERANÇA DO PSD-MADEIRA
* Novos protagonistas, novas prioridades, novas práticas
* Fim à praxis partidária, política e governativa dos últimos anos
* Nos apoios só haverá bases, não barões do Laranjal
* Nos apoios só haverá bases, não barões do Laranjal
'NASP - Núcleo de Apoio Sérgio à Presidência' divulgou termos do comunicado que serve de lançamento oficial a Sérgio Marques, disponível no facebook a partir destes primeiros instantes de quarta-feira
Sérgio Marques arranca oficialmente nestes primeiros instantes de quarta-feira, 30 de Outubro, rumo à presidência da comissão política regional do PSD-Madeira.
O anúncio aparece de forma original.
Através de uma página do facebook criada para o efeito, o antigo eurodeputado emite um comunicado que anuncia o fim do seu 'silêncio' e lança oficialmente a candidatura à liderança do partido.
Trata-se do terceiro 'delfim' a perfilar-se para uma corrida esperada desde há muitos anos - depois de Miguel Albuquerque e Manuel António Correia. Para já, ficam a faltar João Cunha e Silva e Miguel de Sousa, outros pretendentes ao lugar ocupado por Jardim há mais de 30 anos.
Segundo nos refere o NASP - Núcleo de Apoio Sérgio à Presidência, a candidatura do ex-eurodeputado "pretende ser inovadora, fresca e verdadeiramente aberta aos novos tempos". Por isso a forma original de se apresentar aos militantes e simpatizantes do PSD e madeirenses em geral.
O avanço de Sérgio pretende - segundo a candidatura - "marcar uma diferença substancial face ao que tem sido a praxis partidária, política e governativa dos últimos anos". Sem querer entrar pela "caça às bruxas" ou pelo "revanchismo", a candidatura de Sérgio Marques tem contudo a noção de viver "tempos novos, em que se pretendem novos protagonistas, novas prioridades e novas práticas".
Está assente que Sérgio Marques contará exclusivamente com o apoio das bases, de quem tem recebido incentivos no sentido de se candidatar. Portanto, a candidatura não se baseia "em qualquer apoio de actuais dirigentes do partido" - explicação que esclarece rumores a correr nos últimos dias - sublinha o NASP.
Para os próximos meses serão desenvolvidas iniciativas tanto on line como presenciais, "de modo a desafiar a sociedade civil a participar e a colaborar com a candidatura".
12 comentários:
SERGIO AGORA ÉS MEU ESTÁ NA HORA DE LIMPARES A CORJA AGORA ACREDITO EM TI!!
Dr. Sérgio Marques o partido necessita de si. Apenas você reúne os requisitos para colocar o Partido na senda das vitórias. Força. Gosto de si e da sua equipa. Conte comigo.
amsf
FORÇA SÉRGIO. A CALHETA ESTÁ CONTIGO!
Para a Frente Sérgio. Vamos lutar, lutar, lutar e lutar. Vamos ganhar.
Calisto rendeu-se a Sérgio Marques?
Não é que o Cafofo do Psd que ninguém dava nada agora já é o melhor do mundo!
Caro Luis Calisto
Porque alguém anda usar a minha assinatura "amsf", e nos últimos 3dias usou-a aqui de forma fraudolenta, ver o comentário acima, agradecia que passa-se a não publicar os comentários assinados "amsf" sem a devida certificação técnica.
SMarques caiu na pressão da Fénix e lá se despediu. Amanhã o UI vai dar-lhe um cheirinho no Jornalito
Se o PSD/M de AJJ sempre foi tal como é hoje, e pior, que justificação encontra o Sérgio Marques para ter feito vida política, como todos os outros, neste PSD/M?! Não vai dizer que era o único partido ideologicamente social democrata pois o PSD/M nunca o foi!
Acuso toda essa gente de não serem social democratas mas de serem pessoas que serão sempre do partido que estiver no poder. São PSD/M apenas porque é o PSD/M que está no poder. Espero que não me confundam com os faciosos desse partido cujo objectivo é apenas, através da partidocracia, atingir objectivos pessoais que de outra forma não estariam ao vosso alcance!
Privatizem muitas das actividades que estão na esfera do Estado e rapidamente os políticos que geralmente estão associados a partidos de poder, cá e lá, abandonarão a paixão pela política.
Eu não gosto do Sérgio Marques porque fui comprado pelo regime para fazer comentários contra ele!
O Serginho e os outros candidatos deviam ficar quietinhos e deixar o partido nas mãos o UI que é o responsável pelo descalabro e tem pagar com a derrota perante o Vitor Freitas. Humilhação total para o UI é o que ele merece. Da forma como trata os Serginhos, ele deve ficar só e obrigado a candidatar-se.
Não se perde nada. Rua com os "nabos".
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