DELFINS

CANDIDATURA DE CUNHA E SILVA

FAZ RECONHECIMENTO NO TERRENO

No dia do advento da IV candidatura, Francisco Santos, apoiante de Cunha e Silva, promete luta pela recuperação do prestígio do PPD, que os inimigos têm "enxovalhado". Mais importante ainda, garante haver um movimento de "companheiros" social-democratas em vias de se apresentar com "uma estratégia para a nossa terra". Com João Cunha e Silva à frente. Não especifica, mas percebe-se. 

Francisco Santos anuncia para "breve prazo" a apresentação de "uma estratégia para a nossa terra" que, "em linha com o ideário social-democrata ", seja subscrita pelos militantes do PSD-M e subsequentemente pela maioria dos madeirenses. O antigo secretário da Educação não o revela, mas os pretendentes à liderança do Laranjal que já se meteram ao caminho não têm dúvidas: o vice do governo João Cunha e Silva ensaia o anúncio da sua candidatura. Para já.

Ninguém esperava que hoje fosse dia do advento da IV candidatura no PPD. Mas era. Agora não falta muito para Cunha e Silva assumir-se em forma, depois do 'amortecedor' mandado à frente esta manhã. Uma forma 'sui generis' de preparar o ambiente para a chegada de uma candidatura.

Em artigo de opinião publicado na imprensa, Francisco Santos vem alertar duas coisas: há mais uma candidatura pronta; e a nova candidatura vem com ideias de apontar as flechas para o exterior do partido.

Francisco Santos nos jantares de Cunha e Silva; há mais tempo, falara com Sérgio Marques

A leitura linear do artigo que o DN divulgou força uma interpretação que julgamos errada: que o candidato seria o próprio Francisco Santos, já que o texto não aponta outro. As rádios têm falado nisso. Mas nas demais sensibilidades social-democratas pensa-se noutra perspectiva. 

De facto, outros candidatos no terreno sabem da participação de Francisco Santos nos encontros já realizados em diversos pontos da Madeira, em apoio a Cunha e Silva. Segundo nos garantem, o jantar na Portela, há poucas semanas, foi um dos casos. Na Calheta, ainda mais recentemente, outro caso.

Nunca cessaram os rumores sobre as ambições de Francisco Santos quanto a uma candidatura própria. Nesse âmbito é que entrou em contacto, há meses, com Sérgio Marques, para saber o que pensava fazer o antigo eurodeputado - se concorreria ou não, já que ele, Francisco Santos, fazia depender dele a sua própria intenção de avançar.

Apoiantes de Cunha e Silva

Paulo Fontes

Nuno Teixeira

Domingos Abreu

Edgar Garrido

Com o tempo, o antigo membro do governo de Jardim, Francisco Santos, distanciou-se não só de Sérgio, mas de outros Delfins. Menos de Cunha e Silva. Francisco Santos tem falado com os "outros companheiros do PSD-Madeira" a quem se refere, sem nomes, no artigo de opinião. Entre esses "outros companheiros" encontram-se figuras como Paulo Fontes, também antigo secretário regional (Finanças); Domingos Abreu, ex-director regional e concorrente derrotado à Assembleia Municipal do Funchal nas últimas autárquicas; o deputado laranja Edgar Garrido; e, obviamente, o eurodeputado Nuno Teixeira, que assumiu, faz tempos, em plena entrevista televisiva, o apoio a Cunha e Silva.

Como Nuno Teixeira, os outros que mencionamos são activistas da candidatura de Cunha e Silva.

Um artigo 'à Cunha e Silva'

O texto de Francisco Santos, intitulado "PSD-Madeira com muito orgulho!", espelha toda uma política conhecida em Cunha e Silva: um grande apego à tradição PPD; combate voltado para o exterior; um projecto de desenvolvimento centrado na pessoa humana; e claríssima demarcação relativamente ao governo central. 

Sem falar em nomes, o artigo de Francisco Santos atesta que "existem pessoas muito capazes de continuar a liderar os destinos da Região". Tanto assim que o seu autor assume publicamente estar, com outros companheiros do PSD-Madeira, preparando-se  para, "num contexto de luta verdadeiramente democrática, demonstrar que se enganam os que nos têm vindo a querer enxovalhar publicamente", bem como ao PSD-M. Sem se esquecer da 'lixívia' de que falou Paulo Cafôfo no congresso do PS-Madeira.

Há um projecto pronto a mostrar-se: "A breve prazo, daremos a conhecer à população madeirense qual a nossa visão e estratégia concomitante para a nossa terra, bem como os meios e instrumentos que sabemos existirem e deverem ser implementados para que o desenvolvimento sócio-cultural e económico seja uma realidade para todos os madeirenses, em linha com o ideário social-democrata centrado na pessoa humana que perfilhamos, e que temos a certeza de que, em primeira instância, a maioria dos militantes do PSD-Madeira subscreverá, bem como, subsequentemente, a maioria dos madeirenses."

Está, pois, lançado um projecto para o interior do PPD e, "subsequentemente", para os madeirenses em geral.

E está também consumado aquilo que já se esperava: o lançamento da quarta candidatura, a do actual n.º 2 do governo, que já foi vice da JSD nacional e líder da JSD-M.

Ponto da situação dos candidatos e dos potenciais candidatos:

Miguel Albuquerque

Foi o primeiro a candidatar-se, tendo já disputado eleições internas mano-a-mano com Jardim. Na próxima semana, entrega mais de 300 assinaturas propondo a antecipação do congresso electivo. Como diz o povo, candeia que vai à frente...

Manuel António Correia

Anunciou-se candidato logo a seguir a Miguel Albuquerque, com apoio do líder. Mas entretanto esse apoio desvaneceu-se. A ponto de ainda na última comissão política se ter percebido claramente um afastamento mútuo Jardim-Manuel António. O que é bom para o delfim, que também já fez constar que se candidatará seja contra quem for, Jardim incluído. Tem a seu favor a entrada de 900 novos militantes através de diligências suas. Mas, na hora do voto, ninguém sabe o que pode acontecer.

Sérgio Marques

Anunciou formalmente uma candidatura que também se esperava e que era previsível havia muitos anos. As qualidades democráticas, a boa imagem no partido e o currículo de dirigente, governante e eurodeputado fazem de Sérgio um candidato fortíssimo.

João Cunha e Silva

Está a momentos de entrar na corrida formalmente, como se viu acima. Mas continua numa situação complicada, que já aqui aflorámos. Se sai do governo para tratar da candidatura, que é indiscutivelmente o caminho apropriado para as circunstâncias, será acusado de abandonar o navio perante a tempestade - dada a ausência física e executiva de Jardim. Se continua no governo, terá dificuldades em fazer campanha demarcada das funções oficiais. Pois se neste momento já se diz que apoiantes seus andam pelos corredores do governo a recolher assinaturas!...
Partidariamente adepto do PPD à moda antiga e politicamente entusiasta das modernas concepções de governo, Cunha e Silva tem máquina, tem gente e tem condições para se bater de igual para igual com a forte concorrência.

Miguel de Sousa

Tarda em entrar oficialmente na corrida. Costuma dizer que é muito cedo para isso. Mas já tem um programa para o partido e para o governo. E experiência não lhe falta. É apontado, inclusive, como o mais bem preparado para assumir a cúpula do aparelho. Muitos não acreditam que leve a candidatura à prática. Nós acreditamos que sim. Ou não fosse Miguel de Sousa o primeiro delfim do PPD. Apresentado por Jardim em congresso e aplaudido... em congresso. 1989.

Jardim

A sua conduta incoerente e desconjuntada não admite outra leitura séria: o chefe quer continuar na cadeira das Angústias. Tudo tem tentado fazer para satisfazer a sua obsessão de poder eterno. Desde expulsar Albuquerque a desincentivar Sérgio Marques e a dizer que Miguel de Sousa não é hipótese viável... por causa do sobrenome!
Ele, Jardim, poderia sair de livre vontade. Mas só o faria se ninguém fosse ocupar o seu lugar. É o que lhe vai na alma. Ao longo dos anos, foi ora sim, ora não. Revoltava-se porque os delfins estavam parados, nenhum se assumia. Assim que algum dava sinais de avanço, logo o chefe lhe caía em cima acusando-o de pôr-se em bicos-de-pés.
Neste momento, a proliferação de candidatos deve estar a agradar-lhe. Mais lógica será, deste modo, a sua argumentação para tentar ficar: com tanta gente, só ele pode evitar a desagregação final do PPD. Engano puro. Não pensa, está visto, que nesse caso aqueles delfins todos se uniriam para salvar o partido. E tirá-lo dali, que para isso, no fundo, é que estão a dar a cara com as candidaturas.