LARANJAL MALUCO

O PPD-M É UM JOGO PELO PODER

DE TODOS CONTRA TODOS

E NO FIM GANHA O JARDIM

Jaime e Jardim riem-se como uns perdidos ao verem aqueles doutorzinhos esfalfarem-se... para nada.

Na corrida à liderança laranja, continuamos a ver 'cotoveladas à Paulinho Santos', 'murros à João Pinto' e 'cabeçadas à Pepe'. Mas há outras parecenças entre o PPD regional e o futebol. Por exemplo, eleições internas à moda da Liga, isto é, com muito chumbo em cima das candidaturas para ficar tudo na mesma.

Os Leitores não evitariam acompanhar as gargalhadas de Jaime Ramos e Jardim quando ambos os dinossauros da Rua dos Netos estão juntos e falam da disputa em curso entre delfins. Há poucos dias, os dois referiram-se ao assunto à margem de uma reunião de dirigentes da falida Fundação Social Democrata. A presença de funcionários nas imediações não os inibiu de gozar com a trabalheira dos Miguéis, do Sérgio, do Manuel António e mesmo do João Cunha e Silva.

"Não haverá uma candidatura legal", vociferava o secretário-geral, arrancando risos ao ainda líder. "Como na Liga: todos chumbados e só uma lista em condições de ir às urnas."

A única lista em condições de ir às urnas será, evidentemente, e caso necessário, a do próprio Jaime. 

Jardim, sempre bem disposto, deixava perceber estar por dentro do que Jaime dizia. Mas alguns dos presentes admiraram-se. Como é isso de as candidaturas conhecidas estarem todas feridas de ilegalidades?

Claro que aí Jaime não abriu o jogo. "Vocês vão ver", ria-se, secundado pelo seu chefe de sempre, o qual, assumindo a dado momento expressão muito séria, decretou mais ou menos isto: é uma vergonha o que aqueles cavalheiros andam a fazer, denegrindo o partido na praça pública e empenhando fatalmente o futuro da Madeira. Portanto, que não se admirem de ele, chefe, acabar por dar um murro em cima da mesa para evitar o descalabro com a sua recandidatura.

Plano B de Jardim: independência da Madeira

Jardim não escondeu estar na posse de um plano B para a sua vida política: se, por uma eventualidade qualquer, acabar afastado das Angústias, a sua luta será, sem rodeios, pela independência da Madeira. Não é nada de novo. O chefe tem prometido várias vezes envolver-se a 100 por cento no FAMA quando sair da cadeira real. Só que há dias foi mais claro diante de apaniguados seus, na Fundação: se cair fora da presidência, preparem-se todos com um combate sem tréguas para "libertar a Madeira" do jugo colonial.

Neste processo, tanto faz o que o homem disse ontem, diz agora ou dirá amanhã. Ainda no JM de hoje, é Guilherme Silva louvando as "relações positivas" que diz existirem entre o Estado e a Região, como se pode ler na primeira página do referido jornal; e o chefe a carregar sobre "os inteligentes da actual coligação no governo da República", na última página.

Tanto faz o que ele diz, até em contradição consigo próprio, porque já se percebeu que as suas movimentações de fundo continuam centradas na conservação do poder cá na Tabanca. Para o conseguir, quanto mais bulha entre Delfins, melhor. É dos livros.

Miguel de Sousa açoita Cunha e Silva... que reage brandamente

O vice da ALM começou por atingir Jaime Ramos, passou para o chefe e agora vira-se para Cunha

O monarca das Angústias deve ter-se deliciado com aquele artigo de ontem no DN em que Miguel de Sousa, "dando nome às coisas", se atirava com setas afiadas e certeiras ao comentador do programa de rádio chamado... "dando nome às coisas". Jardim é crítico do seu primeiro vice, mas neste caso deve ter-se divertido com os rombos que ele, primeiro vice, provocou na fuselagem de Cunha e Silva.

São 5 colunas em meia página da edição de ontem ao longo das quais Miguel de Sousa remete para João Cunha e Silva o ónus da desgraça que tem sido a governação regional desde 2000, ano em que João chegou ao governo a bordo de um reluzente Ferrari.

Recordemos uma passagem em que Miguel de Sousa faz eco de palavras do actual vice no tal programa de rádio: "É uma questão que deve ser reflectida, pensada em cada governo quando quiser tomar uma medida que tenha impacto nas Finanças. Tem de pensar imediatamente na forma como irá arranjar receita para ter aquela despesa."

Miguel reage: "Só agora? Só agora vão reflectir e pensar?" E não faz por menos: "Governar sem este critério é CRIME (assim mesmo, em maiúsculas)!"

O articulista, candidato à chefia do PPD-M, desabafa no seu escrito: "Santo Deus! Como foi entre 2000 e 2014? Todos sabemos. Não foi a crise portuguesa, europeia ou mundial. Foi a ausência destes critérios básicos."

...O que não aconteceu até 1992, ano em que Miguel de Sousa saiu do governo e da vice-presidência. Do seu tempo, costuma ele dizer, persistem hoje obras de encher o olho. Ao passo que o que temos do actual governo é um buraco financeiro cavado por uma equipa que arrancou em 2000... sem dívida.

Cunha e Silva veio ao contra-ataque. Sem a veemência que tão violentas acusações, feitas com o nome do vice bem à vista, pressupunham. Cunha não foi além de insinuar que Miguel de Sousa está ultrapassado e desconhece a realidade actual. Revelando-se o seu procedimento como um rancor pelo facto de ele, Miguel, já não ser o vice do governo.

Manuel António promete a todos os madeirenses...

MAC já faz promessas a todo
o povo madeirense.

Esta guerra entre vices - um antigo e outro actual - não ensombra outras campanhas. Manuel António Correia, estribado nos operacionais das Angústias, continua peça diária inevitável nas páginas do oficialíssimo JM. Ontem, segunda-feira, os homens não hesitaram mesmo em catapultar o candidato para a ribalta do falatório metendo em primeira página o "compromisso" do secretário de "ajudar o povo madeirense". 

Raios, mas em que qualidade?! - perguntamos nós.

Foi uma promessa junto a cestos de vindima cheios de cerejas nas encostas do Estreito. Com ele, os lobbies não vão explorar o povo, avisou diante dos romeiros da Festa da Cereja, ao mesmo tempo que se dizia satisfeito pelo facto de a agricultura madeirense - que Jardim já considerou recurso terceiromundista - sagrar-se como a melhor do mundo e arredores. E revelando ainda que os caminhos agrícolas não têm segredos para ele, nem sequer o do Luzeirão. Isto vai ser caminho agrícola para aqui, caminho agrícola para as Romeiras... 

Ai o terceiro mundo que apoquentava o velho chefe da tribo!

Miguel Albuquerque anda calado.
Mas não deve estar no Brasil
com o outro Miguel, porque
não gosta muito de futebol.

Entretanto, a fim de que Miguel Albuquerque não se julgue o único cheio de ideias decisivas para o futuro da Madeira, como a do mergulho e a dos cavalos na Feira do Gado, os comissários do JM põem Manuel António - já na edição de hoje - a garantir que a caça na Madeira é das melhores do mundo, não especificando se também dos arredores. Mas uma coisa é certa, diz ele: "Melhorar a caça na Madeira é melhorar a caça no País".

Que os maldizentes reflictam um pouco nessa imagem de retórica.

Sérgio com receio de chapelada nas eleições internas... e com razão

Sérgio tem experiência no PPD-M.
Se receia falcatruas lá dentro,
saberá porquê.  

Sérgio Marques também não anda distraído. Concretizando melhor umas indirectas repetidas de quando em vez, o antigo eurodeputado publica bem explicado artigo hoje apelando a um processo eleitoral interno "imaculado". Sérgio pede uma eleição "absolutamente limpa" para que o futuro líder "seja reconhecido sem sombra de suspeição".

Quem admite situações ilegais no processo eleitoral no PPD-M, pois, não é um elemento da oposição, é uma figura grada do partido laranja. Antigo deputado regional e eurodeputado. Até há bem pouco tempo membro da comissão política. Um elemento destacado e com experiência na Rua dos Netos. Logo, um homem que sabe do que fala. Se é grave que Sérgio se debata com essas suspeitas, mais grave ainda é dar-se a circunstância de que ele tem razão. Porque tem. Como referimos acima, prepara-se um estratagema qualquer para eliminar as candidaturas em função de alegadas irregularidades nas listas - assinaturas ilegíveis, falta de pagamento de quotas, inscrição no partido demasiado recente, o que seja. Uma espécie do golpada 'à Mário Figueiredo', na Liga de Futebol Profissional.

Será que depois de tanto jogo, e à semelhança do que se passa com a Alemanha no mundo da bola, no fim ganha Jardim? Por enquanto é ele quem gargalha lado a lado com o fogoso Jaime. Não nos admiramos que sejam ambos a rir no fim. Somos testemunhas: o secretário-geral nunca teve medo de certos "doutorzinhos que não percebem nada disto".