GR paga 643 mil euros por projeto
sem levantamento topográfico
O Governo Regional pagou 643 500 euros
pelo PROJECTO DE RECONSTRUÇÃO E REGULARIZAÇÃO DA RIBEIRA DE SÃO JOÃO que
inclui o PROJECTO DE EXECUÇÃO TROÇO URBANO – JUSANTE (SECTORES 5 A 14).
Em outubro de 2017 contratou a mesma
empresa para “Alterações ao Projeto” por 47 mil euros.
O PROJECTO DE EXECUÇÃO TROÇO URBANO –
JUSANTE (SECTORES 5 A 14) da citada ribeira inclui, entre outros trabalhos, a “Demolição
e reconstrução de quatro troços do muro existente, na extensão total de cerca
de 1 000 m, para correcção do seu traçado”.
A decisão desta demolição e reconstrução
baseia-se no estudo hidrológico executado por essa mesma empresa. Esse estudo
declara:
“Na fase de Estudo Prévio foi elaborado
um modelo [hidráulico] na ribeira de São João, com base na
topografia disponível, maioritariamente à escala 1:5 000, corrigido com base
nas observações locais da ribeira[i] e nos ortofotomapas disponíveis. (…)
Na presente fase do
estudo, acrescentou-se ao modelo inicial, os perfis transversais do troço em
estudo, obtidos com base no levantamento topográfico disponível, à escala 1:1
000 disponibilizado pelo SRES (2011).[ii]”
Logo, o estudo hidráulico não teve por
base um levantamento topográfico.
Se a escala dos dados é 1:1 000, então
essa cartografia foi criada para ser utilizada a essa escala: 1 milímetro na
planta corresponde a 1 metro na realidade… assim como a informação cartográfica
da Terra a 1:500000, não deve ser utilizada para medir uma casa, embora com os
meios informáticos atuais seja possível aproximar (fazer um “zoom”) desse mapa
para tentar ver uma barata.
Numa planta à escala 1:1000, a largura da
Ribeira de São João é de cerca de 8 milímetros.
Se fizermos as contas semelhantes às
apresentadas na Memória Descritiva do PROJECTO DE EXECUÇÃO TROÇO URBANO –
JUSANTE (SECTORES 5 A 14), um erro de estimativa de um metro na largura da
Ribeira de São João, no estudo hidrológico, significa um erro de 15% no caudal.
Isto é o suficiente para que sejam mal identificados os estrangulamentos, pelo
que: podem ter sido demolidos muros que eram adequados, e podem ter ficado por
substituir muros que, segundo o método do projectista, deveriam ter sido
substituídos.
Para acabar o custo da “EXECUÇÃO TROÇO
URBANO – JUSANTE (SECTORES 5 A 14)” da Ribeira de São João foi de 17.8 milhões
de euros segundo o JORAM.
As pontes
O PROJECTO DE RECONSTRUÇÃO E REGULARIZAÇÃO
DA RIBEIRA DE SÃO JOÃO,PROJECTO DE EXECUÇÃO, TROÇO URBANO – JUSANTE (SECTORES 5
A 14) propõe a “Demolição e reconstrução
de cinco pontes, para aumento da secção de vazão em quatro delas e por razões
estruturais na quinta”.
A a Portaria 701-H/2008,
SECÇÃO III, Pontes, Viadutos e Passadiço, Artigo 76.º -Programa Preliminar (que
é uma fase anterior do Projecto de Execução), estabelece que: “São elementos
especiais do Programa Preliminar: (…) d) Elementos topográficos relativos
ao local da obra, designadamente levantamento a clássico à escala 1/500.”
Se existiu levantamento
topográfico à escala 1/500, porque é que não foi utilizado no estudo
hidráulico? Se esse levantamento á escala 1/500 não existe, como é que o
Tribunal de Contas aprovou este projecto?
Conclusão
Será que alguma Câmara Municipal da Região
aceitará o projecto para construir uma casa de um particular com base em
topografia à escala 1:5000, corrigida com observações locais e nos
ortofotomapas disponíveis? E se o particular corrigir o projecto com base em
informação topográfica à escala 1:1000?
Na planta à escala 1:1000 uma casa normal
terá cerca de um centímetro de largura por um centímetro de comprimento…
Esta situação do levantamento topográfico
a uma escala adequada também poderá ser levantada para os estudos hidráulicos
da primeira e segunda fase do estudo de Avaliação de Riscos na ilha da Madeira
(custo: 340 mil euro[iii] e 395 mil euro[iv], correspondentemente), e para a segunda
geração do Plano de Gestão de Bacia Hidrográfica do arquipélago da Madeira
(custo: 55 mil euros[v]), que estudaram o risco de inundação das
ribeiras regionais, incluindo a Ribeira de São João.
Eu, O Santo
[i] Provavelmente, de
uma tese de mestrado da Universidade da Madeira
[ii] o GR pagou à
BravaPlan em 2011 por “Levantamentos topográficos na Ribeira de São João” 129
250€.
http://www.base.gov.pt/Base/pt/Pesquisa/Contrato?a=384100 .
600 mil euros não eram suficientes para fazer um levantamento topográfico…
Também lembro que o Governo Regional tem vários topógrafos.
5 comentários:
Ó Câncio, tu que te tens por puro e impoluto, estás a escrever uma balela e tu sabes disso.
Uma autentica vergonha, passados 8 ANOS e 240 DIAS, ainda não reconstruiram os Muros de Suporte das Ribeiras danificadas com o aluvião de 20 Fevereiro de 2010 e não se ve obra no terreno.
Para que serve termos este governo e esta autonomia, atenção que já receberam dinheiro da Republica para esta reconstrução há muito tempo através da Lei dos Meios. Onde anda e onde para esse dinheiro?
Claro, porque apenas o que o Miguel diz e faz é que é correto. Tudo o resto é gente burra e vendida. Muito bem! E ainda se admira do emprateleiramento?
Continue sempre denunciando, não dê importância a quem o quer calado.
Boa Cancio, já tens um apoiante, às 17.54.
Vês, já não estás sozinho na luta contra os moinhos de vento. Já tens o teu Sancho Pança.
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