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segunda-feira, 22 de outubro de 2018



O PAN e as Cabras





Gil Canha

A semana passada, o PAN (Partido da Natureza e dos Animais) falou sobre o abate de cabras nas ilhas Desertas, mas não apresentaram nenhuma solução para o grave problema. Pior ainda, dizem-se preocupados com o bem-estar animal, mas esqueceram-se de anunciar que nos meses de verão, os animais deambulam famintos e subnutridos pela Deserta Grande com falta de pasto e em sofrimento. Como não existem predadores e o espaço é circunscrito, a espécie só tem duas alternativas: ou se comem uns aos outros (hipótese remota, pois são herbívoros) ou então, os bodes mais velhos cercam os juvenis, e atiram-nos pela rocha-abaixo, o que infelizmente já está a acontecer.

Há dois anos apresentei um projeto de resolução na Assembleia Legislativa para tentar resolver este preocupante e desumano caso, mas, infelizmente, ainda está a marinar nas catacumbas da instituição.



Projeto de Resolução

RECOMENDA ao GOVERNO REGIONAL que intervenha rapidamente na ilha Deserta Grande, com a emissão de licenças de abate a particulares, a fim de conter a proliferação de cabras, (caprinos) que estão a devastar completamente a rara flora desta ilha.
Como é de conhecimento público, as ilhas Desertas são áreas protegidas desde 1990. No entanto, no ano de 1995, estas ilhas receberam o estatuto de Reserva Natural e em 24 de Março de 2014, foi atribuído o Diploma Europeu para as Áreas Protegidas, pelo Conselho da Europa. Estas ilhas também integram a Rede Natura 2000, e possuem igualmente uma Zona de Protecção Especial e uma Zona Especial de Conservação.
No ano de 1996, iniciou-se um importante projecto, intitulado “Recuperação dos Habitats Terrestres da Deserta Grande” com o objectivo de erradicar os  mamíferos introduzidos, como o coelho, o murganho e a cabra. Relativamente aos coelho e aos murganhos, o projecto teve grande sucesso, mas relativamente aos caprinos, redundou num fracasso, não só devido à astucia destes animais mas também porque o acidentado da ilha, permite refúgios em locais recônditos e de difícil acesso.
Há cerca de 7 anos, deixou-se de promover o abate em larga destes animais o que provocou um crescimento explosivo da espécie, levando ao desaparecimento quase total do seu coberto vegetal e provocando autenticas razias em raras espécies botânicas, nomeadamente nos seus endemismos mais valiosos,  como a couve-da-rocha (Sinapidendron sempervivifolium), a hepática Frullania  sergiae e a raríssima Musschia isambertol.
Neste momento, podemos afirmar que toda flora da Macaronésia da Deserta Grande está seriamente ameaçada, inclusivamente, os rebanhos de cabras já descem até junto da casa de apoio dos vigilantes, na Fajã da Doca, devorando tudo o que encontram pela frente.
Sabemos, que em muitos Parques Naturais dos Estados Unidos foram dadas licenças especiais de caça, para o controle de certas espécies, como os veados, devido à impossibilidade de se poder reintroduzir  predadores de topo, como lobos, cayotes e pumas.
Deste modo, a forma mais digna, barata, eficaz de controlar os caprinos na Deserta Grande era o Governo Regional emitir licenças de abate, a cidadão munidos de Carta de Caçador, porte de arma de caça e respectivos seguros, sendo expressamente proibido o uso de cães. As licenças de abate deveriam ter um valor pecuniário, e seriam ministrados ao potenciais interessados, um pequeno curso/esclarecimento sobre as regras da Reserva Natural e os cuidados a ter com as espécies vegetais e animais ali existentes.
O abate cinegético destes caprinos, seria mais digno, menos desumano e mais proveitoso em termos financeiros para a reserva que mobilizar todos os anos funcionários da Direcção de Florestas para essa função. Aliás, matar esses caprinos e deixar a suas carcaças a apodrecer ao sol, já originou uma desagradável reportagem num canal televisivo nacional.
A actual situação não é só calamitosa para a rara e peculiar flora desta ilha, como também é dramática para o bem-estar animal. Nos últimos verões, a grande carga animal e a falta de pasto levou os animais mais corpulentos a cercar e a atirar os juvenis pelas ravinas abaixo. Também, foram vistos vários rebanhos com animais franzinos, subnutridos, a “pele e osso”.
Este quadro negro, não só é observado pelos inúmeros turistas que diariamente visitam a Deserta Grande, como também põe em causa a própria segurança desses visitantes, já que o local de desembarque (Fajã da Doca) é circundado por altíssimas falésias, onde por vezes, o calcorrear dos rebanhos nas partes mais altas desses alcantis provocam a queda de pedras de assinalável dimensão.

11 comentários:

Anónimo disse...


Muito bem. a atual situação mantém-se. Lembra-se que a classificação europeia dada às ilhas Desertas não foi pela existência das cabras e cabritos e cabroes , mas pela qualidade da sua espécie vegetal.

O PAN é de uma tristeza e falta de conhecimento que brada os ceus. Aliás já ninguém leva-os a sério este braço do pc numa versão animalesca.

Anónimo disse...

O PAN só quer saber dos animais para o tacho e para estas tontices!

Anónimo disse...

http://www.dnoticias.pt/hemeroteca/462074-ratazanas-tomaram-conta-da-casa-de-gatos-construida-pelo-pan-BIDN462074
...com a devida vénia ao DN

Anónimo disse...

Mas o PAN ainda existe?

Anónimo disse...

Uma reserva com cabras?????????? Mesmo só numa região do terceiro mundo.

Anónimo disse...

As cabras existem nas Desertas há cerca de 500 anos e sempre coexistiram com as plantas. São uma espécie única. O que é mais importante, um animal ou uma planta, por mais rara que seja?

Anónimo disse...

A criação de cabras e outros animais nas Desertas foi abandonada quando o donatário do Funchal percebeu que aquelas ilhas não tinham condições para serem povoadas.
Os animais que lá existem devem-se a ignorância, já que as Desertas não proporcionam condições suficientes para a sobrevivência daquelas espécies.

Anónimo disse...

Atenção, as cabras era caçadas durante 500 anos e serviam até para suplemento alimentar para quem andava no mar. Como não são caçadas transformaram-se no problema grave.

Anónimo disse...

Matem lá o cabredo de lá e do Funchal.

Anónimo disse...

Salvem aa.cabras que se.f.. as plantas

Anónimo disse...

Mas ainda existem pessoas que ligam ao Pan...opssss