O PAN e as Cabras
Gil
Canha
A
semana passada, o PAN (Partido da Natureza e dos Animais) falou sobre o abate
de cabras nas ilhas Desertas, mas não apresentaram nenhuma solução para o grave
problema. Pior ainda, dizem-se preocupados com o bem-estar animal, mas
esqueceram-se de anunciar que nos meses de verão, os animais deambulam famintos
e subnutridos pela Deserta Grande com falta de pasto e em sofrimento. Como não
existem predadores e o espaço é circunscrito, a espécie só tem duas
alternativas: ou se comem uns aos outros (hipótese remota, pois são herbívoros)
ou então, os bodes mais velhos cercam os juvenis, e atiram-nos pela rocha-abaixo,
o que infelizmente já está a acontecer.
Há
dois anos apresentei um projeto de resolução na Assembleia Legislativa para
tentar resolver este preocupante e desumano caso, mas, infelizmente, ainda está
a marinar nas catacumbas da instituição.
Projeto de Resolução
RECOMENDA ao GOVERNO
REGIONAL
que
intervenha rapidamente na ilha Deserta Grande, com a emissão de licenças de
abate a particulares, a fim de conter a proliferação de cabras, (caprinos) que estão
a devastar completamente a rara flora desta ilha.
Como é de conhecimento
público, as ilhas Desertas são áreas protegidas desde 1990. No entanto, no ano
de 1995, estas ilhas receberam o estatuto de Reserva Natural e em 24 de Março
de 2014, foi atribuído o Diploma Europeu
para as Áreas Protegidas, pelo Conselho da Europa. Estas ilhas também
integram a Rede Natura 2000, e possuem igualmente uma Zona de Protecção Especial
e uma Zona Especial de Conservação.
No ano de 1996, iniciou-se um
importante projecto, intitulado “Recuperação dos Habitats Terrestres da Deserta
Grande” com o objectivo de erradicar os
mamíferos introduzidos, como o coelho, o murganho e a cabra. Relativamente
aos coelho e aos murganhos, o projecto teve grande sucesso, mas relativamente
aos caprinos, redundou num fracasso, não só devido à astucia destes animais mas
também porque o acidentado da ilha, permite refúgios em locais recônditos e de
difícil acesso.
Há cerca de 7 anos, deixou-se
de promover o abate em larga destes animais o que provocou um crescimento
explosivo da espécie, levando ao desaparecimento quase total do seu coberto
vegetal e provocando autenticas razias em raras espécies botânicas,
nomeadamente nos seus endemismos mais valiosos,
como a couve-da-rocha (Sinapidendron sempervivifolium), a hepática Frullania sergiae e a raríssima Musschia isambertol.
Neste momento, podemos afirmar
que toda flora da Macaronésia da Deserta Grande está seriamente ameaçada,
inclusivamente, os rebanhos de cabras já descem até junto da casa de apoio dos
vigilantes, na Fajã da Doca, devorando tudo o que encontram pela frente.
Sabemos, que em muitos Parques
Naturais dos Estados Unidos foram dadas licenças especiais de caça, para o
controle de certas espécies, como os veados, devido à impossibilidade de se
poder reintroduzir predadores de topo,
como lobos, cayotes e pumas.
Deste modo, a forma mais
digna, barata, eficaz de controlar os caprinos na Deserta Grande era o Governo
Regional emitir licenças de abate, a cidadão munidos de Carta de Caçador, porte
de arma de caça e respectivos seguros, sendo expressamente proibido o uso de
cães. As licenças de abate deveriam ter um valor pecuniário, e seriam ministrados
ao potenciais interessados, um pequeno curso/esclarecimento sobre as regras da
Reserva Natural e os cuidados a ter com as espécies vegetais e animais ali
existentes.
O abate cinegético destes
caprinos, seria mais digno, menos desumano e mais proveitoso em termos
financeiros para a reserva que mobilizar todos os anos funcionários da Direcção
de Florestas para essa função. Aliás, matar esses caprinos e deixar a suas
carcaças a apodrecer ao sol, já originou uma desagradável reportagem num canal
televisivo nacional.
A actual situação não é só
calamitosa para a rara e peculiar flora desta ilha, como também é dramática para
o bem-estar animal. Nos últimos verões, a grande carga animal e a falta de
pasto levou os animais mais corpulentos a cercar e a atirar os juvenis pelas
ravinas abaixo. Também, foram vistos vários rebanhos com animais franzinos, subnutridos,
a “pele e osso”.
Este quadro negro, não só é
observado pelos inúmeros turistas que diariamente visitam a Deserta Grande,
como também põe em causa a própria segurança desses visitantes, já que o local
de desembarque (Fajã da Doca) é circundado por altíssimas falésias, onde por
vezes, o calcorrear dos rebanhos nas partes mais altas desses alcantis provocam
a queda de pedras de assinalável dimensão.
11 comentários:
Muito bem. a atual situação mantém-se. Lembra-se que a classificação europeia dada às ilhas Desertas não foi pela existência das cabras e cabritos e cabroes , mas pela qualidade da sua espécie vegetal.
O PAN é de uma tristeza e falta de conhecimento que brada os ceus. Aliás já ninguém leva-os a sério este braço do pc numa versão animalesca.
O PAN só quer saber dos animais para o tacho e para estas tontices!
http://www.dnoticias.pt/hemeroteca/462074-ratazanas-tomaram-conta-da-casa-de-gatos-construida-pelo-pan-BIDN462074
...com a devida vénia ao DN
Mas o PAN ainda existe?
Uma reserva com cabras?????????? Mesmo só numa região do terceiro mundo.
As cabras existem nas Desertas há cerca de 500 anos e sempre coexistiram com as plantas. São uma espécie única. O que é mais importante, um animal ou uma planta, por mais rara que seja?
A criação de cabras e outros animais nas Desertas foi abandonada quando o donatário do Funchal percebeu que aquelas ilhas não tinham condições para serem povoadas.
Os animais que lá existem devem-se a ignorância, já que as Desertas não proporcionam condições suficientes para a sobrevivência daquelas espécies.
Atenção, as cabras era caçadas durante 500 anos e serviam até para suplemento alimentar para quem andava no mar. Como não são caçadas transformaram-se no problema grave.
Matem lá o cabredo de lá e do Funchal.
Salvem aa.cabras que se.f.. as plantas
Mas ainda existem pessoas que ligam ao Pan...opssss
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