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sexta-feira, 26 de outubro de 2018



VOTO DE PROTESTO 
(de Gil Canha)


Contra a descaracterização 

do mercado dos lavradores




O Mercado dos Lavradores é o local mais visitado por turistas na Região Autónoma da Madeira. Também é o local onde durante décadas a maioria dos agricultores da região colocam e escoam os seus produtos e, mais importante ainda, o nosso Mercado dos Lavradores é um dos edifícios mais emblemáticos e icónicos da nossa cidade e da Região Autónoma da Madeira, não só devido à sua belíssima arquitetura mas também pela maneira inteligente e perspicaz como foi ordenado o seu espaço interior - tendo em vista não só a disposição dos produtos para venda como criar condições de luz, mobilidade, higiene e atratividade dos diferentes espaços.

O seu pátio interior faz lembrar uma belíssima e nobre domus romana, cujo atrium se desenvolve e articula com as divisões circundantes, que crescem harmoniosamente até a um segundo piso, criando uma vivência interior que captura os cheiros, as cores e o rebuliço habitual dum mercado em ambiente tropical, não faltando inclusivamente a peça central em que, no lugar do habitual  Impluvium, o genial arquiteto instalou uma formosa pérgula.
Contíguo a este belo espaço, desenvolve-se a praça do Peixe, que foi concebida com monumentalidade e com um pé-direito altíssimo, não só para deixar entrar a luz em cascata, mas também com o intuito de amplificar os pregões, dispersar os cheiros nem sempre agradáveis e criar o necessário frenesim, essencial para estimular os consumidores para a compra do pescado exposto sobre as austeras e vetustas bancadas em pedra nobre.
Deste modo, o nosso Mercado é único, não existe outro igual em nenhuma parte do Mundo, daí o seu sucesso como peça genuína e singular. Infelizmente, nos últimos tempos, a autarquia funchalense tem descaracterizado de uma forma atroz e irresponsável o nosso mercado, e prepara-se agora para intervir na Praça do Peixe com igual propósito, tentando copiar com mau-gosto e com aflitiva presunção provinciana aquilo que se fez em alguns mercados do continente, como o Mercado de Campo de Ourique ou o Mercado da Ribeira, espaços completamente estranhos à nossa região e à nossa realidade.
Concluindo, a Câmara Municipal do Funchal quer transformar o Mercado dos Lavradores num espaço de restauração, cheio de cafés, restaurantes, esplanadas, marroquinarias e lojas de souvenires, marginalizando e secundarizando a venda de produtos agrícolas e pescado da região, desvirtuando completamente o fim para que foi construído este nosso mercado. E, em vez de acabarem com a agiotagem e especulação milionária em volta das rendas dos espaços, que afastam os melhores comerciantes e retiram aos nossos agricultores um ponto fundamental de venda e escoamento dos seus produtos, a Câmara vai copiar situações que não podem nem devem ser copiadas. E para enganarem o povo da Madeira sobre esta vergonhosa descaracterização e pseudomodernização, inventam nomes pomposos e “inglesados”, como “Espaços Gourmet”; “workshops”; “show cooking”; e outras saloiadas indescritíveis.
Poder-se-á acusar este parlamento de meter a “foice em seara alheia”, mas o Mercado dos Lavradores, pelas razões acima expostas, tem uma influência e uma importância socioeconómica, cultural e patrimonial que abraça e envolve toda a Região Autónoma da Madeira e o seu povo, legitimamente representado por esta assembleia.  Aliás, e a título de exemplo, na recente A.G. da Conferência das Regiões Periféricas e Marítimas da Europa, alguns participantes estrangeiros manifestaram o seu desagrado pelos preços exorbitantes da fruta adquirida no mercado como também pela existência de espaços vazios e com um aspeto desmazelado, num local que reconhecem ser de uma beleza única e ímpar.  
Assim, no âmbito das suas competências estatutárias e como órgão máximo representativo do povo da Região Autónoma da Madeira, esta Assembleia Legislativa aprova este voto de protesto, que deverá ser enviado para a Câmara Municipal do Funchal e respetiva Assembleia Municipal, para conhecimento de toda a vereação e deputados municipais.


Funchal, 26 de outubro de 2018

O deputado não inscrito

Gil da Silva Canha

18 comentários:

Anónimo disse...

No Mercado da Penteada foi pior eles entregaram o mercado ao Pingo Doce. Não é uma tristeza??????????????

Anónimo disse...

A Picareta que venda bolos no meio dos chicharros

Anónimo disse...

Esta autarquia não sabe o que está a fazer.

Anónimo disse...

Onde está no programa com que se apresentou a votos fazer iso nesse espaço?
P mercado vai passar a Centro Comercial?
E a segiur será o Parque de Santa Catarina que dava outro centro Comercial ou dar ao Pestana ounSousas para um hotel resort

Anónimo disse...

Muito bem Gil. Uma labreguice sem nome. Parolos, novos ricos, saloios.

Anónimo disse...

Estes labregos vão dar cabo do mercado e a gente não diz nada!

Anónimo disse...

Ainda vou ver o Iglesias a vender poncha no Mercado.

Anónimo disse...

O Mercado dos Lavradores é muito bom para pata rapada.

Devagar, devagarinho vamos assistindo ao desaparecimento de um dos locais mais emblemáticos da Madeira, para dar lugar a mais do mesmo, trasvestido de modernismo.

O Madeirense vai sendo empurrado para a periferia e o turista enganado com porcarias que nada têm de regional.

Anónimo disse...

Pois Gil, tens.toda a razão do mundo, Lixaram isto tudo, fazem tudo ao seu bel prazer, mudam ruas, alteram transito que funcionava e era fluente e agora é um caos, fecham ruas mudam parques de estacionamento, permitem o devaneio nas esplanadas, nos prédios como o do cr7, então onde é que vamos bater. O que ainda não percebi por ser nitro, é que mudam os presidentes de Câmara e depois cada um faz o que lhe apetece e ninguém faz nada, não sei para que servem os partidos da oposição nas varias assembleias municipais.
Numa terra de turismo, que vive do turismo e que os turistas valorizam o patrimônio dos locais onde visitam e estamos a destruir isto tudo, daqui por mais uns dias veremos..modificam coisas que não tem nada para modificar,mas sim descaracterizar toda uma Cultura adquirida desde os nossos antepassados. Se um professor de historia e presidente da Câmara atual faz isto a uma região então o que é historia para ele.

Anónimo disse...

Vamos fazer uma petição para o regresso dos Carros de Bois coisa única e nossa tal como os Carros de Cestos que era muito valorizada e que infelizmente foi extinta.

Anónimo disse...

Se baixarem os preços vão ter mais agricultores e mais gente a pagar os espaços. O mercado está cheio de calotes, e a CMF nem recebe dum lado nem doutro e aquilo está a ficar uma cantina.

Anónimo disse...

Quando vi que iam mexer na Praça do Peixe disse para os meus botões:- Vão f...er o mercado!

Anónimo disse...

O das 18:05
E o pingue do Anadia?
Qual é o munícipe que ao sair de um dia de trabalho vais as compras???
Ainda dizem que é culpa do anterior presidente de câmara...
Já la vão 5 anos...

Anónimo disse...

Como dizia-me um dia destes uma amiga, " Já reparaste que os colegas da escola que não se dedicavam, "maus alunos" problemáticos, são hoje, quase todos funcionários públicos, nas Câmaras, no governo, com poder de decisão......."Não te lembras do tal.... do tal....é agora responsável por este setor na Câmara......."etec... etec...

Anónimo disse...

Ó matracas pagas pela rua dos netos. Tenho 53 anos, sempre frequentei o mercado todos os sábados religiosamente e há muitos mais anos que este Cafofo está na governação que o mercado perdeu a sua identidade. Começou pela praça e, hoje, estende-se aos outros 2 pisos. E o sr. Gil não venha com baboseiradas. Eu já o vi em dia de feiras no piso de entrada Isso é descaraterizar? não acho. As instituičoes têm que se reinventar . E ao sábado, pelas 10:30/11h os cafés estão cheios, com um público que não é o de há 20 anos nas tascas do exterior.
Deixem-se de merdas.
Que falem do trânsito e das obras, agora disto...

Anónimo disse...

Será que um dia o Mercado dos Lavradores terá lavradores a mercar, ou isso ficará só para o dia 23 de dezembro para manter a "tradição"?

Anónimo disse...

O povo não faz contas - vejam os 40 anos - nem percebe de obra. Por mais que estude, pergunte, investigue, não percebo a lógica do eleitor: às vezes reúno tudo a, quanto mais me bates, mais voto em ti!
Mas a verdade é que são 5 anos de ps e de Cafofo. São cinco anos de estaganação, de sujidade, de ratos, de ruas fechadas, de esplanadas que ocupam todo o espaço público sem autorização ou fiscalização. Cinco anos de contra - informação: de mentira, de empurrar para cima dos outros, de dizer que os outros fazem pior, roubam mais, enganam-se mais.
Faz lembrar o célebre argumento, quando apontam uma má conduta, que é ripostar: e tu?
Merece a sabia resposta: argumento de merda!
Política de merda.
Cópia do mercado da ribeira, cópia do mercado san Miguel e de outros tantos pela europa fora. Se vamos competir com os outros destinos com cópias de merda, o que nos distingue ? O que nos torna destino de eleição?
Que merda de política, acabemos com ela, quando ainda só tem 5 anos.

Unknown disse...

Sou comerciante na zona que vai ser explorada pelo restaurante,concocorri atraves de um concurso publico pra uma loja de marroquenaria,estava desemprega, apostei minhas evonomias, todas, agora 5 anos depois meu contrato ainda não pode ser negociado, e vim a saber atraves pela comunicacao social, pois tive uma reuniao verbal pra tentar negociar, a qual pedi por escrito e ate hoje nao recebi nenhuma proposta. Logico, vao querer me prejudicar por perante a lei nem por escrito. Agora me pergunto. Nao e só a descraterizacao do mercado e nós comerciantes como somos tratados, pois pagamos tudo certo, damos ganho, agora logico pra interesse maior só para pessoas de outro status, e que e o futuro desses obras, pra patuscadas, eventos como exemplo que ja tem acontecido na praca do peixe e no mercado. Me pergunto. A necessidade de destruir a praca, pra workshops, pous se na realidade ja acontece e nao tem havido necessidade de alterar espaço. Alem disso.ja existe espaco na praca pra isso.