Ouvido no inquérito à
queda da árvore que matou 13 pessoas em 2017, o autarca do Funchal não sabia de
nada nem se lembrava de muita coisa
"Em data que não tem
presente"; "data que não sabe precisar"; "data que não
recorda"; "por deliberação de data que não recorda": começa assim o depoimento
de Paulo Cafôfo no Departamento de Investigação Criminal do Funchal, ouvido
como arguido no inquérito à queda da árvore na freguesia do Monte, a 15 de
Agosto de 2017, em que morreram 13 pessoas. Mas o início nem é o mais estranho:
é admissível que pudesse não ter datas presentes, de forma precisa ou
aproximada. No entanto, este início deu o mote para todo o interrogatório, ao
longo do qual Paulo Cafôfo manifestou desconhecer praticamente tudo sobre a sua
própria autarquia, equipa, acções, e até sobre decisões que supostamente teria
acompanhado. Cafôfo não foi pronunciado pelo Ministério Público, mas a SÁBADO
teve acesso ao seu depoimento, em que a estratégia do autarca parece ter sido,
do princípio ao fim, a de expressar total ignorância das questões do
município.
Por exemplo, Cafôfo tinha ele
próprio, como presidente, competências delegadas da autarquia, mas não sabia
quais: "Relativamente às delegações e subdelegações de competências
referidas supra, não sabe concretizá-las." Remeteu para a documentação.
Também não sabia quando tinha designado Idalina Perestrelo vereadora a tempo
inteiro, nem sabia, por sua vez, que delegações de competências teria a
vereadora Idalina feito, e em quem, "ou se tal sucedeu
efectivamente".
Pode parecer estranho que um
presidente de câmara desconheça quem na sua equipa tem que funções (ou até as
suas próprias), mas Cafôfo continuou no desconhecimento no que toca à
composição da própria equipa. No organograma da autarquia do Funchal surgem
apenas 14 departamento e divisões (incluindo até os bombeiros municipais), mas
Cafôfo revelou no interrogatório não saber quem chefia o quê. Para o presidente
da autarquia, a Divisão de Remoção de Resíduos é "chefiada por indivíduo
que não tem presente", a Divisão de Limpeza Urbana é "chefiada por
pessoa que não sabe precisar" e a Divisão de Conservação da Natureza e
Recursos Naturais é "chefiada por pessoa cuja identidade não é capaz de
recordar".
Também não sabia se o município a
que preside "elaborou e cumpriu planos de intervenção", porque
trata-se "de matéria muito específica, da competência dos serviços".
Questionado sobre o Parque Municipal do Monte, informou mesmo que
"desconhece a designação Parque Municipal do Monte, pelo que desconhece a
que área verde aquela se refere". Também não sabe se o Parque Leite Monteiro
é propriedade da câmara, apenas "julga" que sim e "tem a
percepção", "mas não tem a certeza disso".
Sobre as árvores no Largo da Fonte,
"desconhece se tais árvores são centenárias" e também desconhecia se
a manutenção do espaço "inclui ou não cuidados com as árvores que ali
estão implantadas", até porque "não sabe que trabalhos são ali
efectuados". Naturalmente "desconhece em que circunstâncias e moldes
o município do Funchal iniciou a manutenção daquele espaço". E, pelo que
se, percebe do texto que transcreve o depoimento, consultado pela SÁBADO, quer
sobre esta quer sobre outras questões, o autarca também não procurou
informar-se antes de depor como arguido no MP do Funchal. Cafôfo também não
sabia se por acaso tinha sido pedida alguma colaboração ao Instituto das
Florestas e da Conservação da Natureza ou à Direcção Regional de Florestas para
ajuda na monitorização de árvores, e muito menos se a sua própria câmara tinha
colocado no talude do Monte bancos de jardim ou postes de iluminação. Cafôfo
desconhecia estes detalhes, como desconhecia questões bem mais abrangentes: não
sabia, por exemplo, se a manutenção dos espaços públicos em segurança competia
à vereadora com o pelouro do Ambiente ou também ao vereador com o pelouro da
Protecção Civil.
Confrontado com informação, no site
da câmara, sobre o parque Municipal do Monte, que incluía a área onde ocorreu o
desastre, "nada sabe esclarecer sobre esta matéria".
Também não sabia se tinha havido
alguma alteração à propriedade do terreno entre 2007 e 2017: "desconhece".
Desconhecia "qualquer detalhe" sobre o escoramento da árvore que veio
a cair, e sobre se a mesma estava "sinalizada" pela autarquia, apesar
de ter dito publicamente que não – explicou que apenas seguiu o que lhe foi dito
pelos serviços.
Mesmo sobre os acontecimentos
posteriores à queda da árvore, e numa altura em que estava em causa o papel da
autarquia no acidente, Cafôfo não revelou ter tido qualquer preocupação de
acompanhamento. Houve uma peritagem às àrvores que permaneciam no local, contratada
directamente pelo município, mas Cafôfo não sabia ("desconhece") se a
autarquia tinha pedido autorização à Paróquia de Nossa Senhora do Monte para
realizar a dita peritagem ou se lhe tinha sequer comunicado a sua realização;
também não sabia como foi contratado o técnico para dirigir a peritagem
"desconhecendo que caminho foi percorrido" para encomendar a
peritagem.
E desconhecia também as
consequências da mesma peritagem: se foram realizadas podas "desconhece
quem as fez", ou onde, ou se a Divisão de Jardins e Espaços Verdes Urbanos
elaborou algum documento com os trabalhos efectuados, e destinados precisamente
a evitar novos perigos - "desconhece".
Por fim, Cafôfo terminou o seu
depoimento dizendo: "Deseja acrescentar que desconhece se a informação
disponibilizada no site da Câmara Municipal do Funchal e com cuja impressão foi
confrontado corresponde a factos precisos, desconhecendo, inclusivamente, quem
ali introduziu tal informação." A palavra mais repetida no documento é
mesmo "desconhece".
Ao longo de escassas oito páginas de
depoimento, Cafôfo diz 43 vezes que desconhece ou não sabe, e umas quantas mais
que não se recorda, não tem presente, ou que isso é com os serviços.
No entanto, a estratégia seguida
pelo autarca parece ter tido um resultado positivo: Cafôfo foi ouvido em finais
de 2017 e, em Outubro último, o Ministério Público decidiu acusar Idalina
Perestrelo, na altura vice-presidente da autarquia, e o chefe de Divisão dos
Jardins, Francisco Andrade, de 13 crimes de homicídio por negligência e 24
crimes de ofensas à integridade física por negligência. Paulo Cafôfo não foi
acusado, e o MP esclareceu que "foi proferido despacho de arquivamento
parcial por insuficiência da prova indiciária".
No dia 13, uma das vítimas da queda
da árvore (perdeu o marido e o filho), que se constituiu assistente no
processo, requereu instrução do inquérito, exigindo que também Paulo Cafôfo
seja pronunciado.
Nota do Fénix - O Leitor certamente está a perguntar se o sujeito desta peça da Sábado é presidente de uma câmara. Francamente, não tenho bem presente. Para o outro Leitor que quer saber se o mesmo indivíduo pretende ser presidente da Madeira, nada sei esclarecer sobre essa matéria. Quanto a saber se hoje é 1.º de Abril, tenho as minhas dúvidas.
20 comentários:
Agora com alguma ficção:
O Sr. Presidente sabe quanto paga ao DN da Madeira para branquear a sua imagem? "não posso precisar, mas não é muito e é tudo legal". E à LPM? "É mais mas tá bem disfarçado, quase ninguém dá por isso...vai no pacotye dos concertos, da música." E ao JM? "Não pode ser muito, o DN não gosta e põe logo umas fotos minhas em pose séria...". Sabe quem é o Iglésias? "Sei sim Sr., cantor romântico Espanhol!"
Estão à espera de quê, Cafofo caiu na política de paraquedas (graças ao apoio dos renovadinhos que na altura queriam atingir o AJJ), não percebe nada de gestão (nem de História pois tem fraca memória), não tem experiência política, os assessores, conselheiros e amigos, igual.
O marido da Drª Idalina diz que foi corrido da UMA, agora deveria ser a Drª Idalina a correr do Cafofo, antes que seja apanhada...já foi.
Se é para falar, então falemos de toda a gente. E quanto paga o Professor Mentiras ao Funchalnoticias (empreaa Letras de Coragem)? São quase 30 mil euros. Está no site base.gov
Nada que admire, esse depoimento.
Próprio de um borrabotas oportunista que caiu de pára-quedas na política.
Só me admiro como foi que o Ministério Público se deixou enganar a este ponto, por um indivíduo se faz passar por "cabeça de farelo"- Que não se lembra de nada, que não se recorda, que não tem presente, que não sabe de nada, etc, etc.
Mas quem se julga esse tal cafofo?
Um esquecido? Um incompetente? Um irresponsável? Um desmiolado? um aldrabão? Tudo isso?
Porque não declarar-se demente? Ou inimputável?
Gozou com o Ministério Público e este nem foi capaz de mandar fazer um exame psiquiátrico ao aldrabão, que mesmo assim pretende governar-se/ a Madeira?
Ao ponto a que a "Justiça" chegou!!!
Ainda acreditam na gentinha que vive à custa dos nossos impostos?????
Quantos kilos de queijo come por dia o Prof. Mentiras para se esquecer de tudo e de tantas coisas ?
Se confirmar-se a veracidade da informação vertida nesta peça jornalística, bom, está tudo dito (ou neste caso, não dito).
E além de se fazer esquecido manda tudo para cima da Idalina, que coitada é uma pobre desgraçada que ainda nem sabe porque veio a este Mundo
Este gajo é um artista da mentira e do embuste, devia estar num museu ou no guiness
E um cargo político que ocupa resto é conversa.e não vai dar em nada
A Sábado, um revista nacional de prestígio não iria publicar uma peça destas se não tivesse a certeza dos factos. Aliás transcreve literalmente o teor do interrogatório. É mau de mais este Cafofo. Que irresponsabilidade, que falta de liderança. Nem conhece a sua própria equipa. Como pretende ter sequer a aspiração de ir para o Governo? Deve achar que é o mesmo que gerir uma Associação!
Prof Cafofo, Grande Estadista que só ao falarem do nome dele estes renovadinhos do PSD que já teem sarna no Hospital se coçam todos.
Parecem umas baratas estonteantes, muito se saberá dos podres destes artistas apartir do próximo mandato e o que nos sugaram durante estes 45 anos, embora alguns fujam para o Brasil que lá já teem vacarias.
Tenho pena de si. Continue com os olhinhos bem fechados. Pode até ser contra o PSD, que está no seu direito, mas o Cafofo não é nem nunca será uma boa solução para os destinos da Madeira. E você sabe disso!
17.20
Vou votar Coelho ou Gil não? É só inveja, Cafofo vai dar banhada pois é adorado e criou empatia com o povo, coisa que os outros não tem e invejam. Cafofo não tem rabos de palha ao contrário de todos os outros que nos obscuram e sugaram a Madeira a favor dos seus interesses.
Ó das 16.46, apanhaste muito sol na moleira ?
Então é o Mentiras que não sabe, não se lembra, não viu, a Idalina é que sabe, nem as competências delegadas ele se lembra, e os outros é que parecem baratas estonteantes ?
Não batam mais no coitado que percebe-se que tem Alzheimer em fase muito avançada
Do que não se esqueceu foi de deitar as culpas para cima da Idalina e dos funcionários. O que revela o calibre do ente.
Quem levou à acusaçao de Idalina, e do desgraçado do mexilhão?
Um Câfofo que não sabe nem se lembra de nada. Defender o seu pêlo e os outros que se lixem.
Nada pode parar Câfofo, qual Bruno de Carvlhoa á socialista.
Nas cartas do leitor apareceu um escriba a dizer que uma mãe que perdeu um bébe e o marido na tragedia do Monte estava a politizar o caso ao chamar Câfofo para o processo. Perceberam? quem está a politizar não é o escriba mas a Mãe e viuva.
Até tu escriba? Desgraçado. Câfofo agradece.
Então Cafofo não sabia de nada? das cartas da junta, das cartas de particulares, do que sai nos jornais.
Cafofo é um Santo
Paga ao Funchal Notícias, que é como quem diz, paga ao Grupo Sousa que manda no FN em maioria, e no DN..em minoria. Mas o Grupo Sousa também apoia o Cafofo contra o PSD ...
Fica tudo Pago !
Cafofo não tem rabos de palha!! Não me faça Rir. Já tem é o rabo bem queimado. São esquemas com os Sousas, jogos com a Acif/Pedra, gastos em viagens que ng sabe para quem, injeção de capital no Dn para lavagem da imagem, sem contar os contratos absurdos e sem fundamento na plataforma dos contratos públicos. Vá lá ver!
O processo e público: as declarações de Cafofo são uma tristeza cafofiana. A falta de encaminhamento e de resposta às queixas existentes é alarmante. Pura e simplesmente as queixas são recebidas e não se faz nada. Ainda hoje nada é feito - ninguém sabe que estudos foram feitos as árvores, ninguém sabe porque há uma área delimitada e protegida com grades no largo da fonte. Mas ninguém quer saber: a questão é, quando morrer mais gente, que vai Cafofo dizer ? Que não sabia ? Que tem confiança?
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