Secretaria Regional
de Educação: E se um professor dolosamente prejudicar um aluno
Todos fomos alunos.
Todos ouvimos pais que alegam que um determinado professor que dolosamente
prejudicou seu educando.
Os educadores
raramente conseguem demonstrar a outrem os motivos para essa alegação de acção
incorrecta por parte do professor; os alegados motivos são sempre dúbios: não
gosta do aluno, ou uma história de vingança excessiva. O que é certo é que uma
má avaliação pode afectar a média de um aluno e consequentemente prejudicá-lo
nas chances deste conseguir inscrever-se no curso na universidade que deseja.
Em crianças, o assédio pode levar a que o aluno deixe de gostar da escola, de
ir às aulas, de aprender, e tem como consequência indirecta o futuro desse
aluno.
Normalmente, o aluno
alegadamente prejudicado também não é bom aluno.
Também é verdade que:
1) Os pais, mesmo que
reúnam frequentemente com os professores, não sabem realmente o que se passa
dentro da sala.
2)Os educandos têm
tendência a não contar tudo o que se passa na sala de aula, e não se aperceber
da gravidade de certas situações, especialmente se são crianças.
Conheço um caso de um
professor que durante dois anos desvalorizou um aluno: ignorando-o quando
queria intervir, gozando com as suas respostas na sala de aula e alcunhando-o
de “cientista baralhado”. Duvido que esse aluno contasse alguma coisa aos pais.
Um colega, sobre esse aluno, disse: “Cresci vendo XXX no quadro de honra”.
Nesta publicação irá
ser descrito o que uma Escola e a Direção Regional de Educação faz quando
aparece uma denúncia por escrito que alega que um professor dolosamente
prejudicou uma criança.
O caso em concreto
Um encarregado de
educação, entre outras acusações[i],
num pedido de reavaliação de o seu educando insinuou que um professor
dolosamente prejudicou o seu educando. Ele desconfia que esse dano teve
motivações políticas, e que o pagamento dessa “ação incorrecta” foi a nomeação
desse professor para uma escola mais próxima de sua residência. O professor
após o fim do ano lectivo passou a exercer funções noutra escola,
desconhecendo-se se conseguiu o seu objectivo de não lecionar a alguma turma[ii].
A prova principal que
o encarregado de educação apresentou foi que a Ficha de Registo de Avaliação do
2º ano declara:
“Conhece e escreve
com dificuldade as letras do alfabeto e grafemas”
Quem teve ou tem
filhos em idade escolar, sabe que isto não é possível.
O encarregado de
educação por sua vez contrariou completamente esta afirmação:
“Quanto a escrever
com dificuldade as letras do alfabeto e os grafemas, pedi hoje ao YYY para os
escrever e não mostrou qualquer dificuldade. Se fosse verdade que tem ao YYY
tem dificuldade nisto então o que é que a professora andou a fazer este tempo
todo?
Também pedi para
transcrever duas pequenas frases, e não mostrou qualquer dificuldade.”
O encarregado de
educação também poderia ter acrescentado que ela responde às perguntas das
fichas de avaliação feitas pelo próprio professor.
Outras alegações[iii] do
encarregado de educação:
a)No segundo
trimestre as notas dos testes da criança subiram, e os restantes itens de avaliação
desceram em consonância… mantendo a criança a avaliação de “insuficiente”.
Então, quanto menos aplicação, melhores notas?
b)Vi respostas que se
houvesse boa vontade ter-se-ia dado alguma pontuação. Exemplo. A criança
respondeu: Vaca, ovelha e águia, quando era só para mencionar um animal
herbívoro e uma ave de rapina na linha contínua que estava sob as duas figuras
expostas lado-a-lado. Se a linha não fosse contínua debaixo das duas figuras,
ela se calhar, em vez de ter tudo errado, teria tudo certo.
c)Foi feita uma
pequena auto-avaliação na sala de aula. A criança declarou que iria perder o
ano. De acordo com a criança de 7 anos, a professora disse que ela podia ter
uma surpresa. A professora “chumbou-a”.
d)Quanto à avaliação
global, duvido que alguém que conheça minimamente a criança (que hoje brinca
com uns e amanhã com outros) acredita que ela tem “pouca facilidade nas relações
interpessoais”. Ainda há dias foi a um parque infantil, e ao final de poucos
minutos já estava brincando com outra criança que não conhecia de parte
nenhuma. Sei que não conhecia, pois elas perguntaram: “como te chamas?”.
Informado por escrito
destas e doutras situações, o Director da Escola manteve a avaliação do aluno,
e, ao invés de apreciar, o que estava expresso no pedido de reavaliação ou
ouvir o aluno, transcreveu a Ficha de Registo de Avaliação… mas já não
transcreveu que o educando não sabia “as letras do alfabeto e grafemas” que o
encarregado de educação tinha alegado que era uma falsidade.
Esse director manteve
frases do tipo: “ Construiu, interpretou e organizou com muita dificuldade
dados em gráficos (…) de barras”)”
Admito “ter dificuldade”
não significa que sabe ou não sabe fazer… não significa se o aluno atingiu a
meta curricular ou não… e, também é uma boa precaução para o caso da Ficha de
Registo de Avaliação não bater certo com o Relatório Individual das Provas de
Aferição…
Antes do final do ano
letivo e antes da avaliação final, a criança realizou as Prova de Aferição.
No Relatório
Individual das Provas de Aferição (que a Secretaria Regional de Educação teve
acesso, mas cujo resultado só se soube após a decisão do pedido de reavaliação)
está escrito:
“Conseguiu
estabelecer relações entre as informações do texto (…)”. Logo, sabe ler, e
consequentemente sabe os grafemas.
“Conseguiu escrever
palavras por ordem alfabética”. Logo, sabe escrever.
Estimado leitor, o
educando sabia ou não “as letras do alfabeto e grafemas”?
Também está escrito
nesse Relatório:
“Conseguiu ler os
dados de uma tabela e completar um gráfico de barras utilizando esses dados”
Afinal, ter “muita
dificuldade” em executar uma tarefa significa que pode ter atingido a meta
curricular adequada ao ano em que o aluno transita[iv].
Outros professores
Os outros professores
que intervieram na Avaliação foram:
a)o de Inglês que
declarou sobre o aluno: “Empenha-se na realização das actividades propostas e
revela interesse nas aprendizagens”;
b)O de Educação
Física. O educando é muito forte em expressões físico-motoras: “O aluno revela
facilidade na compreensão, aquisição e aplicação de conhecimentos”;
c)O de Expressão
Artística, em que declara que o aluno tem facilidade em tudo mas alega que
“revela algum interesse empenho, responsabilidade e autonomia na realização das
actividades propostas”.
d)Dois professores no
Apoio ao Estudo (que inclui a esposa do diretor da escola): “Revela pouca
responsabilidade, autonomia, empenho e organização do seu trabalho (…)”.
Saliento que o aluno esteve muitas vezes no Apoio ao estudo, mas não foi dado
qualquer Relatório desse Acompanhamento nem qualquer professor desse apoio
contactou os pais sobre qualquer problema.
O docente titular do
2º ano por sua vez declarou na apreciação global do aluno: “O aluno revela
pouco interesse, empenho, autonomia e responsabilidade pelas actividades
propostas”…
Conclusão
O aluno não transitou
de ano.
Existe uma
incoerência entre o declarado na Ficha de Registo de Avaliação e o Relatório
Individual das Provas de Aferição[v].
O professor após o
início do novo ano lectivo passou a exercer funções noutra escola,
desconhecendo-se se conseguiu o seu objectivo de não lecionar a alguma turma.
O Diretor manteve seu
cargo, pelo que indicou a sua própria esposa (que volto a repetir, foi uma das
que deu Apoio ao Estudo) para exercer lá funções, em detrimento, por exemplo,
de outra muito estimada pelos pais dos alunos. Consta que os pais até pediram
uma reunião na Secretaria Regional de Educação para se insurgir contra a
transferência da professora estimada.
A Secretaria Regional
de Educação nada fez, para além de proteger disciplinarmente o diretor da
Escola e o professor.
Saliento que foi
pedida à Escola, por escrito, fotocópia simples das Fichas de Avaliação
trimestral, e das Fichas de Avaliação, assim como a grelha de pontuação das
perguntas no início de julho de 2018, e até agora nada foi cedido.
Esta publicação
mostra que se um professor dolosamente prejudicar um aluno, mesmo que existam
indícios (baseados em inconsistências documentais), a Escola e a Secretaria
Regional de Educação poderão a ignorar as alegações dos encarregados de
educação. Será que foi perseguição política?
Por fim, declaro que
a separação de alunos por turmas “boas” e “más” permite que seja menos visível
que uns certos e determinados alunos tenham avaliações com “guano” e outros com
“roundup”…
A próxima publicação
será a descrição do processo de reavaliação de um aluno. Essa publicação
mostrará que se o Diretor da escola ou a Secretaria Regional de Educação
tivessem vontade, imparcialidade, competência e outra interpretação da lei, um
professor que dolosamente prejudique um aluno poderia ser “descoberto e
punido”.
O Santo
[v] Lembro que um aluno pode
saber algo e falhar ou não responder numa ficha de avaliação. Mas é bastante
improvável (para não dizer impossível) que um aluno que não saiba algo responda
correctamente a esse algo numa ficha de avaliação.
3 comentários:
secretaria da Inducação, que é isso??? só se for secretaria dos subsidios e afins
Prosa fácil com conteúdo apsrentemente psicótico. Um pedacinho de psicoterapia ajuda, até os santos mais confessos.
Assunto muito grave este aqui relatado. Como são avaliados os senhores professores?
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