Discurso na ALRAM do Deputado Gil Canha
sobre o Orçamento para 2019
Por vezes uma pessoa erra, e por isso
eu não tenho nenhum pejo em confessar que cometi um grave erro de avaliação da
atual situação política, e já explico porquê:
Costumo traçar um paralelismo
surpreendente entre o Governo anterior ao 25 de Abril, de Marcelo Caetano, e o
atual, de Miguel Albuquerque. Como já referi várias vezes neste parlamento,
Marcelo Caetano tentou em 1968 renovar o regime herdado de Salazar e não o
conseguiu, precisamente, porque os radicais da União Nacional e os ultras-do-regime
obrigaram-no a fazer marcha-atrás nas suas reformas liberais, o que levou
posteriormente o regime a implodir com a Revolução dos Cravos. Igualmente, Miguel Albuquerque também tentou
renovar o regime jardinista com uma alegada renovação, que acabou em fracasso
total, com a presente retomada do poder pela ala-dura do jardinismo.
Mas, mesmo assim, Marcelo Caetano
teve muito mais sorte que Miguel Albuquerque, porque quando começou a governar,
Salazar estava fisicamente e mentalmente diminuído, aliás, montaram uma
encenação, uma farsa teatral do arco-da-velha, fazendo crer a Oliveira Salazar
que ele ainda era Presidente do Conselho, chegando ao cúmulo de certas figuras
do regime se fingirem de Ministros, e irem a São Bento para despacho, quando
Salazar já não mandava nada.
No caso de Miguel Albuquerque, Jardim
está bem rijo no cimo do Quebra Costas e nunca parou de conspirar e de urdir
intrigas até conseguir recentemente tomar-de-assalto o partido e o Governo de
Miguel Albuquerque, graças à ameaça do espantalho cafofiano, sendo este
Orçamento para 2019, a prova evidente e objetiva dos fatos, já que este
documento é uma cópia dos anteriores orçamentos jardinistas, os mesmos que nos
levaram ao despesismo, ao favorecimento dos grandes grupos económicos, ao
populismo eleitoralista, e ao descalabro financeiro.
E, caros senhores deputados, é aqui
que reside o meu erro! A minha abordagem comparativa entre estes dois regimes
peca pelo seguinte: - É que em finais dos anos sessenta do século passado,
Marcelo Caetano governava efectivamente o País, enquanto Salazar, na sua
ignorância demencial, julgava que ainda governava Portugal.
No caso da Madeira, é o oposto! Temos
um Presidente do Governo que todos fingem receber e cumprir ordens dele; que
teatralmente preside ao Conselho do Governo Regional; que julga que manda em
alguma coisa, quando na verdade não manda nada! Porque
quem manda na região e quem governa realmente é o dr. Alberto João Jardim, a
partir da sua casa materna, no Quebra Costas. É por isso, que não é raro de se
ver, secretários e barões do PSD a subir a íngreme ladeira para o beija-mão,
para o despacho e para o servil acatamento de novas ordens.
Mas não se espantem senhores
deputados e membros do governo que não é a primeira vez na história de Portugal
que alguém reina depois de ter desaparecido…
Don Pedro I também coroou de rainha D.
Inês de Castro depois de morta, e todos foram ao beija-mão apesar do cheiro
pestilento do cadáver.
2 comentários:
No continente os militares fizeram o 25 de Abril para acabar com a "chungaria" salazarista e marcelista! Aqui nesta república das bananas, não houve 25 de Abril, e vamos ter que continuar a gramar os "ultras do jardinismo", e os "marcelista do albuquerquismo". Estamos lixos!
Melhor do que isto só isto
O Dr. Gil é um artista
Escreve melhor que fala, mas ninguém o bate na carência das ideias
Será que no Natal vai oferecer uma caixa de sabonetes palmolive aos 2 carecas do palacete, um cabo de néspereira para o cabo da picareta do rapazola, uma viola, um braguinha ao Iglésias e restantes uma guia de marcha e destroçarem sem batimento?
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