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quinta-feira, 31 de julho de 2014

IMPOSTOS E BANCA


ZÉ POVO AINDA DEVE DINHEIRO AOS RICOS











Vendo as coisas à luz do Robin dos Bosques e do 'Deve e Haver' jardineirista...

Decididamente, não percebemos o alarido que percorre o país inteiro nesta quinta-feira por causa de mais uma bordoada nos pensionistas em termos de impostos, no caso o CES - contribuição extraordinária de solidariedade.
Não estamos 'feitos' com o grande capital, mas a verdade é para se dizer.
Não há para aí um banco a precisar urgentemente de uma injecção sonante a ver se evita fechar as portas? Ora, dado que os investidores portugueses e estrangeiros são muito espertos e não contribuirão para um aumento de capital do tal banco que foi dos Espírito Santos, quem é que há-de resolver o problema? 
Nós, evidentemente, os patas rapadas lusitanos. Estamos tesos? Estamos. Mas a Troika não está tesa e aproveitará o negócio para adiantar o 'papel', dessa forma aumentado a dívida estatal portuguesa. 
E quem vai pagar depois? 
Bem, podem dizer que esta ainda é a solução menos dolorosa para quem paga os seus impostos, mas a factura vai sobrar outra vez para o contribuinte, disso não nos livramos. Há bancos nas mesmas condições que ainda deram meia voltinha, mas o BES?! 3 mil milhões? Chega para lá.
Daí não admirar que o governo de Passos e Portas já esteja a meter outra vez a mão no bolso da velhada que trabalhou toda a vida não pensando noutra coisa senão em oferecer a sua reforma, um dia, aos banqueiros ricos. O governo aumenta os impostos nesta dramática conjuntura da banca e nós associamos uma coisa à outra, pois então que remédio... 
Vistas as coisas sem paixões, há uma moralidade pouco falada a retirar do caso Robin dos Bosques, o do arco e flecha. Esse caipira andou roubando aos ricos para dar aos pobres. De tal modo que, pelos vistos, os pobres ainda têm dinheiro a pagar desse tempo.
Mais ou menos a teoria do 'deve e haver' de Jardim e Vieira: uma vez que os nossos antepassados madeirenses foram explorados toda a vida e só fizeram enviar receitas para a capital, toca a desterrar agora à tripa-forra porque o 'haver' ilhéu ainda é superior ao 'deve' de Lisboa. Com mais esta achega: o calote incomensurável da Madeira que querem pagar com as contas do passado acaba por configurar mais um caso de Robin dos Bosques, se bem que ao contrário, já que ao longo destes 40 anos de jardineirismo não foi o pata rapada a enriquecer.
Chegando aqui abaixo no texto, uma pessoa cai em si: se o novo assalto aos pensionistas resolvesse o drama dos senhores ricos do BES, vá lá. O problema é que, uma vez desbloqueado esse contrapeso do imposto solidariedade pelo TC, o governo diz: este já cá canta, toca a gastar, e quando chegar a hora de entrar com os 3 mil milhões para salvar o BES este contrapeso já está esquecido e dá-se nova machadada em alguém, desde que seja contribuinte.
E lá pagamos duas vezes um problema com o qual nada temos a ver, como é costume.

1 comentário:

Fernando Vouga disse...

Caro Luís Calisto

Parece-me que o governo está a ir longe de mais, com a agravante de ter escolhido o caminho aparente mais fácil mas mais perigoso: ter medo dos ricos e atacar os fracos.
Qualquer dia acontece como naquela história do burro que, não sendo tão burro como julgava o dono, se foi abaixo das pernas com mais uma sardinha.