Madeira Nova

Alguém nos explica o que manda esta chapa?

ABUSO DE PODER DO POLÍCIA

Aquilo eram carros virados para cima e para baixo, até na faixa de rodagem mais próxima do QG...

...Mas o sô guarda não reparou nisso, apenas entendeu que ninguém podia estacionar era nos lugares de cargas e descargas... apesar de ser domingo, dia não atingido pela restrição do código. Ou então há qualquer coisa que o nosso Leitor indignado não está a ver (e nós também não). 

O Leitor diz que o agente, fazendo jus à alcunha que lhe puseram, rubricou excelente exibição este domingo, ali na área do Quartel General-Avenida Zarco 

Acaba de nos chegar a seguinte mensagem de um cidadão que garante ter os impostos em dia e nunca ter estado preso:

"Escrevo estas linhas às 5 da tarde e o filme desenrolou-se por volta das 4. Há bocado mesmo, neste domingo. 

O polícia, fardado e com o seu colete verde alface que até encegueira uma pessoa sem óculos escuros, fazia um brilharete no túnel que dá acesso ao interior do Quartel General, falando alto e gesticulando junto do sentinela e de alguns tropas que se juntaram no local. 

Vários automobilistas que por essa altura subiam a Avenida Zarco à procura de um lugarzinho para estacionar por ali, já que na Avenida do Mar é aquele inferno das obras e agora com mais obras nos lugares onde havia parquímetros, os automobilistas davam com os olhos no agente e pensavam duas vezes. É que se tratava de um elemento conhecido na cidade e arredores pelo 'Vai 14' ou 'Vai 15', coisa parecida.

Eu por acaso estava por ali e reparei nos automobilistas em apuros para não gastar mais gasolina. Lugar vago, havia o do cônsul britânico. Um motorista encostou lá, mas reparou nas faíscas que saíam do bófia. Com um sinal, perguntou se podia desenrascar-se estacionando ali. O homem da farda, do lugar onde estava, à porta de armas da tropa, esticou o braço direito com o indicador abanando com convicção em sinal de nega.

O cônsul britânico já não funciona no Funchal, é tudo tratado em Lisboa, e estamos num domingo calmo. Mas aqui o polícia tem razão: a chapa está lá e o resto, se há consulado inglês ou não, é lá com os cabos.

Vagos havia outros lugares: os do governo regional e os de carga e descarga.

Um outro automobilista olhou para o agente, que entretanto descia a calçada do Quartel aproximando-se da Avenida Zarco, visto ter-se reunido ali uma pequena assistência. Situação propícia para intensificar o brilharete. O automobilista pedia para estacionar num dos lugares do governo. Nem pensar, percebeu ele pelo movimento autoritário do indicador do chefão.

Aqui também não há que recriminar o agente: não diz lá nas chapas que o governo está de descanso ao domingo. Vamos que Manuel António, que tem a secretaria ali no Golden, precisava de ir ao trabalho fazer uns telefonemas para as casas do povo? Não senhor, não se pode ocupar os lugares do governo, porque, como dizia Cavaco, "deixem-me trabalhar".

O que mais chamou a atenção foi quando 2 ou 3 automobilistas se preparavam para deixar o carro nos lugares reservados a carga e descarga. Porque o agente, a meia distância, ficou a mandar decididamente aos suplicantes que dessem meia volta para descer a Avenida Zarco e seguissem à sua vida.

"Mas está aqui escrito que..." - atreveram-se 2 cidadãos a observar.

Nada. Toca a mexer mas é, antes que o homem pegue no seu célebre caderninho de rifas e distribua umas coimas pelo pessoal.

E os automobilistas, apesar do que liam nas chapas, tiveram de desopilar da zona, com uns laivos de humilhação a ferir a dignidade de quem não faz mal nenhum à sociedade.

Então que é que está escrito por baixo das chapas de proibição que falam das operações de cargas e descargas? Isto: 'Dias úteis das 8 h às 20 h e sábados das 8 h às 14 h - excepto cargas e descargas'.

É isso que se vê ali. Não quer a chapa dizer que o automobilista particular só não pode parar e estacionar no local dentro dos horários expressos, que esses são para cargas e descargas?

Gostaria que o 'Fénix' me explicasse isso. Não quero ficar a pensar que houve abuso de poder por parte do polícia, ao negar um direito aos cidadãos que lhe pagam o vencimento.

E se por acaso houve abuso de poder, gostaria de ser elucidado sobre o que poderá motivar um agente policial a resolver chagar o domingo ao cidadão que paga impostos, já de si f... com a vida que o governo lhe impõe.

O tal agente é capaz de ser um obcecado por manter a cidade rigorosamente disciplinada no que diz respeito a carros. Mas no que se passou há bocado até me chamou a atenção um aspecto curioso.

Quando as pessoas que assistiam à cena viram a intransigência e a prepotência do polícia de colete verde alface, trocaram-se comentários em voz baixa: vai ser uma carnificina de multas por aí abaixo, de ponta a ponta.

É que, realmente, havia carros estacionados dos dois lados da Avenida Zarco, inclusivamente na faixa de rodagem mais perto do QG, uns no sentido da faixa, outros contra. Uma bagunça de lata. Do outro lado, à direita de quem sobe, aquilo eram carros estacionados voltados para as trombas do Gonçalves Zarco e outros para a barraquinha que vende bilhetes para o Chão da Lagoa, junto do cais. Um pandemónio do c...!

Ora, com este cenário caótico, não é que daí a pouco o Vai 18, depois de tomar uns apontamentos num papel, se calhar a preencher o totoloto, e já com a sua exibição bem conseguida, se põe a mexer da zona, talvez à procura de outro lugar para chagar a molécula a mais cidadãos? 

Ele satisfez-se com o brilharete. Afinal, marimbou-se para a disciplina do trânsito e do estacionamento. 

Carros todos em contra-mão. Mas ele entendeu que onde não se podia parar era justamente nos sítios onde os automibilistas lhe pediam autorização.

Porra! Mando umas fotos que tirei no lugar e o 'Fénix' que me explique o significado daquela maldita chapa, sff."

O Leitor pergunta-nos o que significa este sinal de trânsito. Bem, assim à primeira, dá a ideia de dois cassetetes cruzados sobre uma bola representando o capacete do agente que fez o número deste domingo. A sério: sabemos lá o que isso quer dizer! Na Madeira pode ser tudo.

Uma ideia: se o sr. agente adora mostrar autoridade e chagar o cidadão que lhe paga, vá de hoje a 8 lá acima à Herdade, munido de balão, e monte uma operação stop depois de o Carreira cantar.