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sexta-feira, 24 de março de 2017



Debate 'para lamentar'



É a primeira vez que uso este velho trocadilho. Rendo-me a ele por não encontrar melhor imagem para o que se passou ontem no parlamento regional. Como analisar ou simplesmente narrar mais umas horas de conversas gagas que não esclareceram nada nem deixaram a esperança de que estão a ser tentadas melhorias para o massacrado povo, no caso os duplamente massacrados porto-santenses?
Para ser breve, resumo aquilo numa expressão: gritante falta de qualidade.
Esta 'leva' parlamentar eleita em 2015, ressalvando as raríssimas excepções de deputados que estão conscientes do deserto onde foram largados, é constituída por elementos, desculpem a franqueza, desprovidos da primeira condição do tribuno, que é fazer-se entender. Como dizia Alexandre do Marítimo, eles exprimem-se em árabe, mas árabe do interior.
Arriscando mais umas imprecações gritadas em certos gabinetes do Blue Establishment contra este desarmado escriba, tenho de apontar: os participantes no debate - digamos assim - nem ler sabem... a começar pelo presidente do governo. Miguel Albuquerque ou dormiu mal ou já perdeu a pachorra para tanta banalidade junta ou acha que se tornou líder eterno e não precisa de mostrar serviço. O facto é que logo de manhã abriu as 'hostilidades' com uma intervenção escrita que quase me devolvia aos braços das tágides da Ribeira de Santa Luzia. Chefe da Broquilhândia desatou a debitar umas estatísticas e percentagens, trinta e dois ponto sete mais não sei o quê, ainda por cima referindo-se à obra que o governo diz ter materializado no Porto Santo e que ninguém vê. Andou, em suma, falando daquilo que terá sido feito...
Depois, foi o deputado laranja porto-santense Bernardo Caldeira que também se estreou na sessão dedicada à sua terra a ler - aliás a soletrar - um rol de ninharias que nem aos porto-santenses deve ter despertado interesse.
Atalhando caminho para não ser eu a adormecer os Leitores, diga-se que, na verdade, o mesmo Bernardo Caldeira sempre acordou, já na derradeira intervenção, e aí conseguiu ser mais concreto e entendido ao contra-atacar os partidos opositores um por um. 
O grupo Sousa foi muito falado, mas agora quase nem pronunciam o seu nome direito na Assembleia, é tudo por cognomes e alcunhas. Ouvimos atacar várias vezes o governo por permitir que em Janeiro, tempo de doca seca para o 'Lobo Marinho', o Porto Santo fique sem carga descarregada. Mas não ouvimos salvaguardar que nesse mesmo período há transporte eventual de carga, sim senhor, levada por cargueiros que não são nem o tal avião que aguarda bote salva-vidas nem o ferry. Esta é uma defesa para o governo, mas assim nos observaram desde o Porto Santo, após a penosa via sacra para lamentar.
Falaram igualmente sobre as passagens de avião ao preço do 'Lobo' que são postas ao dispor dos porto-santenses no mesmo mês de Janeiro. Eis outra observação que nos fazem desde a pequena 'ilha maravilha': por que não baixam também o preço do avião para os potenciais visitantes do Porto Santo, para se evitar o deserto na vida local nessa altura do ano, com bares, restaurantes, transportes internos e hotéis às moscas?
O paleio 'para lamentar' arrastou-se pela manhã fora. Miguel Albuquerque ainda se enfadou várias vezes com aquela maçada, brigando à direita e à esquerda. Coelho e Canha discursaram umas rábulas para estremecer o marasmo. Rui Barreto refugiou-se na zona do sério, como habitualmente. Outros arengaram presumidas intelectualidades sem o menor sumo. Tudo com o candidato municipal Castro na galeria a ver os 'bitaites'  que corriam sobre a 'sua' terra, interesse que nunca lhe vimos nos tempos em que ameaçava processar jornalistas para agradar ao que lhe dava avales. Eduardo Jesus tirou partido da estopada para, deixando Albuquerque uns furos abaixo, demarcar terreno e ridicularizar autenticamente elementos da oposição que, por só trabalharem em cima das regionais, confundiram números com letras e rabos com fundilhos. Enfim, o vazio foi tal que uma hora antes do encerramento normal dos trabalhos estava tudo dito e redito. Pelo que o presidente Tranquada, com evidente alívio, mandou a maralha ver se o ordenado já caiu na conta. Era dia 23.

12 comentários:

Anónimo disse...

Os portosantenses sempre a reclamarem o barco no mês de Janeiro..... que pelas estatísticas é o período mais fraco.
Talvez fosse melhor para o Porto Santo, por exemplo, o barco não operar um mês no Verão.
Caso para os Sousas analisar o assunto. Os ramadas os gilinhos os leandros e os coelhos já estavam calados

Anónimo disse...

Cruzes. Aquele parlamento é de uma pobreza franciscana. Mas o que faz aquela gente ali ?

Anónimo disse...

Tiveste sorte não ouvir o deputado Guido Goncalves.

Anónimo disse...

E só o debate que é para lamentar? Pergunta se o que é que este governo renovadinho fez em dois anos para além de negócios e show off?? Para além de se aproveitarem do que já estava em vias de ser acabado? Resposta Zero

Anónimo disse...

O debate foi realmente para lamentar, valeu a expressão "prisão domiciliária" atribuida pelo BE ao Portsantenses que ficam sem barco no mês de janeiro e a proposta do PTP de afundar o governo na baía para pesca submarina...

Anónimo disse...

Tirando o Coelho e o Canha que lavaram com graça, o resto foi de dormir, então os JPP é de chorar... vão desaparecer!

Anónimo disse...

Os portosantenses com prisão domiciliária e os bloquistas com prisão de ventre.

Anónimo disse...

A questão não é o mês de Janeiro ser o mais fraco...È o caderno de encargos que o grupo Sousa concordou e depois não cumpre com a concordância do governo.
Pela mesma lógica do mês mais fraco, então também podia suspender Fevereiro, também igualmente fraco.
Mas mesmo sendo fraco durante Janeiro, trata-se de um transporte de serviço público, que o avião não substitui, por estar cheio vários dias e existir pessoas com direito a não querer viajar de avião como os mais velhos, os doentes, etc..

O que não falaram , nem o Deputado do Porto Santo, é o facto do barco não sair nenhum dia do Porto santo pela manhã, regressando ao P Santo no mesmo dia possibilitando ao Portosantense vir à Madeira e regressar ao fim da tarde, sem ter de pagar estadias e alimentação extra.

Anónimo disse...

Coitadinho desse! Nem para deputado dá.

Anónimo disse...

O Pereirina 50% não arranja um meio-barco a sair de porto Santo na parte da manhã?

Anónimo disse...

O Calisto disse tudo no final, esses só querem é ver a conta recheada. Um bando de incompetentes.

Anónimo disse...

Enchem os bolsos e tratam mal os trabalhadores parlamentares, que continuam amordaçados!